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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

SALDÃO


SALDÃO
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                Dia desses, uma amiga – através do face – usou a expressão “saldão” ao se referir a um encontro ocorrido numa conhecida Universidade do interior do Rio Grande do Sul. Nele, dizia ela, muitas pessoas ligadas ao ensino. Principalmente professores. O que mais se viu, prosseguiu minha amiga, foi discurso. Para todos os gostos e de todos os calibres. Indiscutível e invejável a capacidade que temos em teorizar. Sobram chavões e teorias pedagógicas, da mesma forma que sobejam mirabolantes planos de estudo, PPPs, Regimentos, etecetera e tal. Contudo a prática... Fosse a escola pública uma empresa, por certo estaria fadada ao fracasso. Falida. Não sobreviveria ao mercado, pois que seu produto careceria de qualidade e suas metas raramente seriam alcançadas. As raríssimas exceções só serviriam para confirmar a regra. Qual empreendimento resistiria à falta de rigor e clareza de seus objetivos? Uma empresa destituída de comando, hierarquia, respeito às regras e rotinas indispensáveis ao bom funcionamento. Assim, em geral, tem sido a escola pública. Pontualidade, competência, coerência, humildade, humanismo... Alguns entre tantos atributos que têm passado de largo da escola pública. Democracia tem sido sinônimo de desleixo frente aos princípios mais elementares da Administração Pública. Interesses pessoais, muitos deles escusos, têm se sobreposto às necessidades coletivas. Repete-se no ambiente escolar muitas das pérfidas relações de apadrinhamento, troca de favores, bem como a confusão entre público e privado. Pais e educandos, em regra, servem apenas como “bucha de canhão”. São lembrados na hora de “pagar a conta”, comer jiló ou, então, em momentos onde urge a participação da famigerada “comunidade escolar”. Na eleição de diretores, por exemplo. Como que, por passe de mágica, a comunidade que ainda ontem era privada da real participação junto às decisões administrativas, pedagógicas e financeiras da escola, é “convocada” a fazer parte do processo. Enchem-se os pulmões com expressões do tipo: gestão democrática, participação coletiva, cidadania, etecetera e tal. Contudo, na hora do “vamos ver”, é a minoria quem decide. Há muito, a escola pública tem sido uma verdadeira Babel. Confusão de discursos, interesses e propósitos. Comum é vermos Direções sem direção, completa e flagrantemente perdidas em meio à desorganização, indisciplina, baixo rendimento, escassez de recursos, falta de professores. A (ir)responsabilidade, por certo, não deve recair apenas sobre o colo da instituição de ensino. Cabe, também, ao Poder Público, aos pais, aos educandos. É um problema coletivo, cabendo a todos, portanto, resolvê-lo. Como? Inexistem receitas. O certo, porém, é que as respostas serão achadas não em discursos, mas em práticas efetivas. Discursos, palavras de ordem e chavões têm servido, sobretudo, para alavancar pretensões pessoais e/ou de determinados grupos na ocupação, às vezes vitalícia e hereditária, de postos junto a sindicatos, conselhos e similares. Históricos cabides de emprego, trampolins político-partidários e moedas de troca. Neles, feito traças e cupins, alguns se arraigam, se escondem. O estrago, como se sabe, é grande. A saída para a grave crise no ensino passa pela real valorização dos principais atores: professores e alunos. Aos primeiros, melhores salários, apoio pedagógico, infraestrutura adequada, planos de carreira que privilegiem o “retorno” junto ao contribuinte (é quem paga a conta...). Aos alunos, acolhimento, respeito às diferenças, compromisso com a aprendizagem.


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