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domingo, 25 de novembro de 2018

SOCIOLOGIA: RESUMO UNIVERSITÁRIO

SOCIOLOGIA
Prof. Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                Vimos nas aulas de Sociologia que o Brasil, apesar de ser um dos países mais ricos e privilegiados do mundo (dimensões gigantescas, imenso litoral, invejáveis reservas naturais, mescla étnico-cultural, etc.), ainda é um país subdesenvolvido. A esmagadora maioria da população segue à margem de uma educação, saúde e segurança de qualidade, por exemplo. Nosso Estado (em todos os níveis e esferas, Executivo, Legislativo e Judiciário) segue de mãos dadas a privilégios espúrios e classistas, em detrimento da ética e dos valores republicanos. Uma das consequências mais sombrias de tamanho descaso, incompetência e desonestidade estatais é a questão da (in)segurança pública. No ano de 2017 foram mais de sessenta mil homicídios, a maioria deles sem a investigação e desfecho esperados num país que se conheça por sério. Não bastasse tamanha hecatombe, a maior parte dessas mortes atinge um público de baixa e média faixa etárias, com imensuráveis prejuízos, inclusive, econômicos. São não apenas mães enlutadas, mas o futuro de gerações inteiras comprometidas e fadas ao fracasso. Não por acaso, dentre as cinquenta cidades mais violentas do mundo, em 2017, segundo a OMS, dezessete (ou seja, mais de trinta por cento!!!) delas são brasileiras. Natal, Fortaleza e até mesmo a capital gaúcha fazem parte da triste e vergonhosa lista. Outra forma muito comum de violência, ainda que imersa numa “nuvem” de tabu, é o suicídio. Trata-se de uma violência contra si mesmo, mas com inúmeras consequências sociais. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), no mundo, o número de suicídios supera, de longe, por exemplo, o número de vítimas das guerras. Percebe-se, portanto, que a violência pode aparecer sob várias formas. Nas escolas, por exemplo, têm sido muito comum os casos de bullying (violência, física ou não, que ocorre de forma sistemática contra uma determinada vítima), violência esta que, muito comumente, leva à judicialização das relações, sem qualquer garantia de solução do conflito. Vale lembrar que, às vezes, a violência psicológica traz consequências mais profundas e duradouras do que a violência física, daí a necessidade de ser discutida e combatida. O enfrentamento a todas as formas de violência passa, também, pela aplicação da lei (Constituição Federal, Código Penal, ECA, Estatuto da Mulher, Estatuto do Idoso, Código Civil, etc.), mas urge investirmos em educação de qualidade, ressocialização dos presos, fortalecimento dos laços familiares, construção de uma cultura de paz, dentre outros.

                Outro assunto por nós trabalhado diz respeito à “cidadania” e importância do exercício da mesma nas relações políticas. Vimos que política pode e deve ser discutida, dada sua importância no cotidiano de cada um. As mazelas existentes (precariedade dos serviços públicos, custo de vida, falta de oportunidades, etc.) passam, necessária e obrigatoriamente, como bem lembrava Brecht, pela questão política. Trata-se de uma real necessidade tal discussão, ainda mais num país marcado pela fragilidade democrática. A história constitucional do Brasil deixa claro o tamanho do problema. Dentre as oito Cartas, metade delas foi outorgada (1824, 1937, 1967 e 1969), ou seja, sem qualquer participação popular. Mesmo as chamadas Constituições promulgadas em nosso solo (1891, 1934, 1946 e 1988) deixaram e deixam a desejar no que tange à perfectibilização dos direitos assegurados. Daí a importância da cidadania, onde faz-se presente o binômio “direitos-obrigações”, indispensável na construção de uma sociedade plural e verdadeiramente democrática, onde os valores éticos (universais e atemporais) sejam preservados e fomentados. 

FILOSOFIA: RESUMO UNIVERSITÁRIO

FILOSOFIA
Prof. Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br

                Um dos temas por nós trabalhados nas aulas de Filosofia foi a “dialética”. Esta, como o próprio termo denota, pressupõe diálogo, onde o confronto de ideias e pontos de vista é visto não como uma ameaça, mas como algo necessário e positivo, pois que contribui na busca da própria verdade. O processo dialético busca mostrar que as diferenças existentes são matéria-prima na construção do próprio autoconhecimento. Este estaria ameaçado não fosse a existência do “diferente”. A dialética, sem dúvida, é um dos pilares da sociedade verdadeiramente democrática, da sociedade que prima pela pluralidade e se mostra avessa a qualquer espécie de totalitarismo. Contudo, vimos também, que o processo dialético, em hipótese alguma, significa abandono aos fundamentos da lógica e da razão. Os diferentes pontos de vista, quando confrontados, devem levar não a devaneios ou a um interminável “relativismo”, mas – como já dissemos – à busca da verdade, por meio da chamada “síntese” (resultante da relação entre “tese” e “antítese”). Daí a importância de valorizarmos os chamados “contrários”, pois que fundamentais na construção do conhecimento. A escola, a família, o Estado, a Igreja, os meios de comunicação, enfim, a sociedade como um todo tem o compromisso de formar indivíduos abertos ao diálogo, verdadeiro antídoto contra o preconceito e a discriminação. Como, certa feita, disse Mandela, “ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”. A cumplicidade de todos em prol de uma formação verdadeiramente “humana” e solidária dos indivíduos faz-se cada vez mais urgente e necessária. Vivemos hoje a chamada “pós-verdade”, onde imensas parcelas da população mundo afora, independentemente de serem em países desenvolvidos ou não, vêm se isolando em espécies de “bolhas” criadas muitas vezes por meio de algoritmos. Tais “bolhas”, via de regra, trazem enormes prejuízos ao processo dialético, pois tendem a aglutinar os “iguais” e isolar os “diferentes”. É bem verdade, entretanto, que a “culpa” em relação ao problema deve-se, sobretudo, ao próprio usuário e ao uso inadequado que ele faz da ferramenta (redes sociais, por exemplo).
                Outro tema, por nós bastante discutido nas últimas aulas de Filosofia, diz respeito à “democracia”. Ao longo da história da humanidade, vimos, a democracia jamais foi a tônica. Mesmo entre as cidades da Grécia Antiga (Atenas, por exemplo), a participação popular era por demais restrita, pois eram poucos os que, de fato e de direito, participavam das decisões políticas. Na Europa da Idade Média, a participação não era maior, afinal tratava-se de uma sociedade teocrática e feudal, onde uma ínfima parcela da população (clero e nobreza) tinha acesso às decisões políticas. O Renascimento da Idade Moderna e o Iluminismo da Contemporaneidade, em que pese a importância de tais movimentos, não foram capazes de universalizarem os ideais democráticos, por vezes ficando mais no universo do mero discurso inflamado. No Brasil, a história não foi diferente. São quinhentos anos de escassez democrática. As fases Colonial (1530 – 1822) e Monárquica (1822 – 1889), por exemplo, estiveram marcadas pela escravidão e discriminação em relação à mulher. A República (1889 aos dias de hoje), por sua vez, sempre mostrou-se “manca”, assentada no coronelismo (República Velha, de 1889 a 1930) e na ditadura (Vargas, de 1937 a 1945, e governos militares, de 1964 a 1985). Mesmo nos escassos momentos de governos pretensamente “democráticos”, o país conviveu e convive com a corrupção e péssimos serviços públicos prestados à população.

                Finalmente, nossas aulas versaram, ainda, acerca das chamadas “gerações” dos direitos. Temos os direitos de “primeira” (vida, liberdade e propriedade), “segunda” (saúde, educação e lazer) e “terceira” (paz e meio ambiente) gerações. Alguns autores falam, também, em “quarta” e “quinta” gerações, os dois últimos relacionados à engenharia genética, cibernética e internet, por exemplo. No Brasil, assim como em muitos outros países, tais direitos (de “primeira” à “quinta” gerações) vêm sendo, diuturnamente, ofendidos e violados. Convive-se por aqui, por exemplo, com o flagrante desrespeito aos direitos assegurados na Constituição Federal e outros diplomas legais. Educação, saúde, segurança, moradia e alimentação de qualidade seguem sendo privilégio de alguns, em que pese sermos uma das maiores economia do mundo. Enquanto uma minoria se locupleta em benefício próprio, acobertados por um Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário) marcado pela omissão, conivência e cumplicidade, a maioria de nossa gente segue à mercê da própria sorte. Apesar de eventuais imperfeições, o maior problema do país, certamente, não é a legislação, mas o efetivo cumprimento dela. Nossa República precisa ser “refundada”, passando a estar assentada nos valores verdadeiramente democráticos.