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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

AMOR E SEXO


AMOR E SEXO
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                Diz a lenda que Amor e Sexo nasceram juntos. Gêmeos, portanto. Univitelinos, segundo reza a história. Daí tamanhas semelhanças, a ponto de, por muitos, serem confundidos. Persiste a dúvida: quem nasceu primeiro? Os românticos preferem acreditar ter sido o Amor. A maioria, entretanto, diz ter sido o Sexo. Até porque, é inegável, este último é mais “ligeiro” do que o Amor. Os irmãos apenas riem da celeuma criada pelos homens. Para eles, ao que parece, o que menos importa é a cronologia humana. Entre os irmãos, tamanhas vaidades passam de largo. Admitem, isto sim, serem diferentes. Deliberadamente, inventam, por vezes, confundirem os mortais. Hora vestem-se da mesma forma, hora trocam de roupas entre si, para desespero total dos que tentam identificá-los. “É o Amor!”. Não, era o outro. “É o Sexo”. Errado, se tratava do Amor. Bem-feito para os homens, quem mandou tivessem a mania de compará-los. Salvo os poetas, todos os demais teimavam em atribuir aos irmãos características e atributos distintos. Dizem: “o Amor é assim e o Sexo é assado...”. Por que a insistência em separá-los em “caixinhas” estanques? Umbilicalmente ligados, os irmãos gostavam, isto sim, é de andarem juntos. Um quebrava o galho do outro. Não foram poucos os momentos em que o Sexo precisava fazer-se presente e na hora “h” falhara... Quando tudo parecia perdido, lá estava o Amor para substituir o irmão. Perfeito. Todos saíam satisfeitos. Às vezes, era o inverso. É verdade que, um que outro desconfiava da artimanha dos manos. Esperava o Amor, vinha o Sexo. Esperava este último e quem dava as caras era o primeiro. Experienciaram alguns apuros. A título de safar-se, existiram momentos em que o Amor teve que vestir a camisinha do irmão, sob o risco de perder a companhia. Todavia, os instantes mais tensos foram aqueles em que o Sexo precisou se passar pelo Amor. Este tinha lá seus trejeitos, difíceis de serem imitados pelo irmão. Bastava, às vezes, um olhar mais acurado para desmascarar o Sexo. Este era mais debochado, inoportuno, expansivo, direto. O Amor, por sua vez, era – exceto quando tomava umas que outras – mais introspectivo, discreto, paciente, meticuloso, ponderado do que o irmão. Apesar das diferenças apontadas, no fundo, Amor e Sexo nutriam uma salutar inveja recíproca. O Amor bem que queria ter a espontaneidade e a “ginga” do irmão. Este, por sua vez, muitas foram as vezes que sentiu falta da prudência do Amor. Devido à pressa, entrara em becos e buracos errados, sujos e perigosos. A própria existência já vira ameaçada! O mais curioso é que, acredite, o Sexo parecia não aprender. O tempo passara e ele continuava um cabeça-dura. O Amor não. Este dava mostras de que aprendia com os erros. Verdade que se diga, sofria dias a fio. Depois passava. O Sexo era mais sanguíneo. Explodia, praguejava, mas logo-logo se acalmava. Era como se nada tivesse acontecido. Raramente guardava mágoa. Virava a página e pronto! O Amor, ao contrário, levava algum tempo para digerir os problemas. A serenidade se mostrava incapaz de disfarçar a tristeza e a decepção. Amor e Sexo. Dois irmãos que aprenderam a viver e a conviver. Não conseguiam vislumbrar outro mundo senão aquele onde, feito siameses, se completavam. Enquanto isso, inócua e tolamente, os homens seguiam discutindo: quem nascera antes, Amor ou Sexo?  



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