AMOR E SEXO
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Diz a lenda que Amor e Sexo nasceram juntos. Gêmeos,
portanto. Univitelinos, segundo reza a história. Daí tamanhas semelhanças, a
ponto de, por muitos, serem confundidos. Persiste a dúvida: quem nasceu
primeiro? Os românticos preferem acreditar ter sido o Amor. A maioria,
entretanto, diz ter sido o Sexo. Até porque, é inegável, este último é mais “ligeiro”
do que o Amor. Os irmãos apenas riem da celeuma criada pelos homens. Para eles,
ao que parece, o que menos importa é a cronologia humana. Entre os irmãos,
tamanhas vaidades passam de largo. Admitem, isto sim, serem diferentes.
Deliberadamente, inventam, por vezes, confundirem os mortais. Hora vestem-se da
mesma forma, hora trocam de roupas entre si, para desespero total dos que
tentam identificá-los. “É o Amor!”. Não, era o outro. “É o Sexo”. Errado, se
tratava do Amor. Bem-feito para os homens, quem mandou tivessem a mania de
compará-los. Salvo os poetas, todos os demais teimavam em atribuir aos irmãos
características e atributos distintos. Dizem: “o Amor é assim e o Sexo é
assado...”. Por que a insistência em separá-los em “caixinhas” estanques?
Umbilicalmente ligados, os irmãos gostavam, isto sim, é de andarem juntos. Um
quebrava o galho do outro. Não foram poucos os momentos em que o Sexo precisava
fazer-se presente e na hora “h” falhara... Quando tudo parecia perdido, lá
estava o Amor para substituir o irmão. Perfeito. Todos saíam satisfeitos. Às
vezes, era o inverso. É verdade que, um que outro desconfiava da artimanha dos
manos. Esperava o Amor, vinha o Sexo. Esperava este último e quem dava as caras
era o primeiro. Experienciaram alguns apuros. A título de safar-se, existiram momentos
em que o Amor teve que vestir a camisinha do irmão, sob o risco de perder a
companhia. Todavia, os instantes mais tensos foram aqueles em que o Sexo
precisou se passar pelo Amor. Este tinha lá seus trejeitos, difíceis de serem
imitados pelo irmão. Bastava, às vezes, um olhar mais acurado para desmascarar
o Sexo. Este era mais debochado, inoportuno, expansivo, direto. O Amor, por sua
vez, era – exceto quando tomava umas que outras – mais introspectivo, discreto,
paciente, meticuloso, ponderado do que o irmão. Apesar das diferenças
apontadas, no fundo, Amor e Sexo nutriam uma salutar inveja recíproca. O Amor
bem que queria ter a espontaneidade e a “ginga” do irmão. Este, por sua vez,
muitas foram as vezes que sentiu falta da prudência do Amor. Devido à pressa, entrara
em becos e buracos errados, sujos e perigosos. A própria existência já vira
ameaçada! O mais curioso é que, acredite, o Sexo parecia não aprender. O tempo
passara e ele continuava um cabeça-dura. O Amor não. Este dava mostras de que
aprendia com os erros. Verdade que se diga, sofria dias a fio. Depois passava. O
Sexo era mais sanguíneo. Explodia, praguejava, mas logo-logo se acalmava. Era
como se nada tivesse acontecido. Raramente guardava mágoa. Virava a página e
pronto! O Amor, ao contrário, levava algum tempo para digerir os problemas. A
serenidade se mostrava incapaz de disfarçar a tristeza e a decepção. Amor e
Sexo. Dois irmãos que aprenderam a viver e a conviver. Não conseguiam
vislumbrar outro mundo senão aquele onde, feito siameses, se completavam. Enquanto
isso, inócua e tolamente, os homens seguiam discutindo: quem nascera antes,
Amor ou Sexo?
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