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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

ESPINHOS QUE FALAM



ESPINHOS QUE FALAM
Gilvan
e-mail: profpreto@gmail


                Gosto de falar sobre rosas. Elas espinham, mas principalmente encantam. São singulares e nobres. Acima de tudo belas. Tamanha beleza nasce, talvez, da altivez própria das rosas. Altivas, mas sem prepotência, sem arrogância. Espinham, porém não espezinham. Machucam a carne, mas envaidecem o espírito. São espinhos de um tipo único, especial. Espinhos que falam direto à alma, ao coração. Dispensam palavras, textos bem elaborados ou vocábulos pedantes. Falam por si só. Falam direta e abertamente. Envoltos em silêncio ou permeados por música, os espinhos das rosas são como notas musicais. Perfeitos, completos. Basta um pouco de poesia e de sensibilidade e as notas (digo, espinhos!), de per si, tratam de fazer o resto, como que por encanto. Na simplicidade dos espinhos descansa parte, talvez toda, beleza das rosas. Espinhos que ensinam, que admoestam, que nos fazem lembrar o quanto, ainda, somos humanos. Uma vez que nos espetam, desencadeiam reações das mais díspares e adversas. Reações visceralmente humanas. Vão da raiva ao amor e da dor ao êxtase. Reações contraditórias? Absolutamente. Apenas humanas. Os espinhos das rosas nos despertam para nossa inafastável carnalidade. Por isso somos especiais. É o que nos aproxima, nos familiariza. O sangue que brota da ação dos espinhos nos traz para realidade, nem que por ínfimo instante. Breve, mas rico momento. Lapso de tempo onde flui a humildade, mesmo que forçada. Faz lembrar nossa temporalidade e transitoriedade. Aniquila nossa espiritualidade? Nada disso, a reforça. Os espinhos das rosas são, portanto, proféticos. Falam de dias vindouros. São o limite entre o que somos e o que desejamos ser. Entre nossos vícios e nossos desejos. Nossas deficiências e nossas utopias. Os espinhos das rosas trazem o poder da subversão, da mudança, da reação. Trazem, também, o DNA da esperança. Os espinhos, na sua aparente rudeza, denotam a proteção das rosas. O que seria destas sem seus espinhos? O que seria de nós sem as rosas? 

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