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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

FUNDAMENTALISMO LEGISLATIVO



FUNDAMENTALISMO LEGISLATIVO
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                Inacreditável! Talvez seja a expressão que melhor resuma meu sentimento. Quiçá, possa ser substituída por outras, como “indignação”, “revolta”, “asco”... Enfim, muitos são os vocábulos que poderiam achar guarida neste singelo texto. Multiplicá-los de pouco adiantaria, pois que nada compreensíveis para maioria dos que legislam neste município. Assisti, estupefato, alguns vereadores de Cachoeirinha fazendo da tribuna verdadeiro púlpito da pior espécie. Irresponsavelmente, usando do nome de Deus para esquivar-se de práticas político-partidárias vergonhosas e mesquinhas. Defendiam-se (é o que alegavam...) das acusações do Gaúcho Ateu. Até então desconhecido por este autor, o rapaz de codinome estranho tem usado os meios eletrônicos para explicitar seu descontentamento com o Legislativo municipal. Apesar, talvez, de alguns excessos do Gaúcho, é inconcebível a fala de determinados homens públicos. Pautar a importância de alguém sobre o credo, ou quiçá a falta dele, é demasiadamente estúpido. Vincular o “grau” de cidadania a determinada placa de igreja denota falta de bom senso e verdadeiro atentado aos princípios mais elementares do ordenamento jurídico. Não se deve medir o sujeito a partir de sua crença ou ceticismo. Vale lembrar que a crítica do Gaúcho Ateu tem como nascedouro a indignação que move qualquer sujeito de bem, independentemente de seu matiz religioso. É, por certo, uma reação natural e necessária frente a um Legislativo historicamente marcado pelo despreparo, apadrinhamento, defesa de interesses espúrios, negociatas político-partidárias, distanciamento das ditas “bases”, opacidade, entre tantas outras mazelas. A sublevação do rapaz vem ao encontro da impaciência cada vez maior do contribuinte, que vê seus parcos recursos diminuírem em face de uma política tributária insana que serve, sobretudo, para manutenção de um Estado mastodôntico, incompetente, ineficaz e inoperante. A aparente deselegância do Gaúcho reflete a descrença nos Poderes constituídos. A Casa que deveria ser do Povo nunca o foi. A Câmara foi e segue sendo a Casa “deles”. As aves que lá gorjeiam não são as nossas. O rico mármore dos banheiros destoa da miséria de quem o paga. As confortáveis poltronas, quase sempre desocupadas, contrastam com a dureza que marca a vida da maioria dos munícipes. A população de Cachoeirinha segue desassistida, à margem dos serviços públicos de qualidade. Sobram discursos na Câmara, contudo a práxis segue a rotina modorrenta de todos conhecida. Partidos se prostituem. Hoje andam de mãos dadas, amanhã se acusam mutuamente. Poder estéril, onde a pobreza de oratória só é maior do que a pequenez de espírito. A Câmara, definitivamente, não é espaço para proselitismo. Ignorar tal premissa é olvidar a história. Soa como verdadeiro desrespeito aos princípios que nortearam a própria gênese do Estado democrático de Direito. Urge um profundo repensar acerca do Legislativo municipal, sob o risco do mesmo ser, cada vez mais, visto como supérfluo e desnecessário. Seja o pronunciamento do Gaúcho Ateu fermento não de discórdia ou animosidade religiosa, mas, sobretudo, de transformação. Cachoeirinha merece!

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https://www.facebook.com/JuventudEmAcao

2 comentários:

  1. Mas que tal... Obrigado pelo belo texto... Já estamos compartilhando na página do grupo Juventude em ação no facebook https://www.facebook.com/JuventudEmAcao

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    Respostas
    1. Fico feliz e honrado em poder contribuir. Espero, da mesma forma que tu, compartilhar de um mundo (a começar por Cachoeirinha...) menos injusto e mais igual, onde as boas utopias superem o plano do discurso. Abraço fraterno.

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