FUNDAMENTALISMO LEGISLATIVO
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Inacreditável! Talvez seja a expressão que melhor
resuma meu sentimento. Quiçá, possa ser substituída por outras, como
“indignação”, “revolta”, “asco”... Enfim, muitos são os vocábulos que poderiam
achar guarida neste singelo texto. Multiplicá-los de pouco adiantaria, pois que
nada compreensíveis para maioria dos que legislam neste município. Assisti,
estupefato, alguns vereadores de Cachoeirinha fazendo da tribuna verdadeiro
púlpito da pior espécie. Irresponsavelmente, usando do nome de Deus para
esquivar-se de práticas político-partidárias vergonhosas e mesquinhas.
Defendiam-se (é o que alegavam...) das acusações do Gaúcho Ateu. Até então
desconhecido por este autor, o rapaz de codinome estranho tem usado os meios
eletrônicos para explicitar seu descontentamento com o Legislativo municipal.
Apesar, talvez, de alguns excessos do Gaúcho, é inconcebível a fala de
determinados homens públicos. Pautar a importância de alguém sobre o credo, ou
quiçá a falta dele, é demasiadamente estúpido. Vincular o “grau” de cidadania a
determinada placa de igreja denota falta de bom senso e verdadeiro atentado aos
princípios mais elementares do ordenamento jurídico. Não se deve medir o
sujeito a partir de sua crença ou ceticismo. Vale lembrar que a crítica do
Gaúcho Ateu tem como nascedouro a indignação que move qualquer sujeito de bem,
independentemente de seu matiz religioso. É, por certo, uma reação natural e
necessária frente a um Legislativo historicamente marcado pelo despreparo,
apadrinhamento, defesa de interesses espúrios, negociatas político-partidárias,
distanciamento das ditas “bases”, opacidade, entre tantas outras mazelas. A
sublevação do rapaz vem ao encontro da impaciência cada vez maior do
contribuinte, que vê seus parcos recursos diminuírem em face de uma política
tributária insana que serve, sobretudo, para manutenção de um Estado
mastodôntico, incompetente, ineficaz e inoperante. A aparente deselegância do
Gaúcho reflete a descrença nos Poderes constituídos. A Casa que deveria ser do
Povo nunca o foi. A Câmara foi e segue sendo a Casa “deles”. As aves que lá
gorjeiam não são as nossas. O rico mármore dos banheiros destoa da miséria de
quem o paga. As confortáveis poltronas, quase sempre desocupadas, contrastam
com a dureza que marca a vida da maioria dos munícipes. A população de
Cachoeirinha segue desassistida, à margem dos serviços públicos de qualidade.
Sobram discursos na Câmara, contudo a práxis segue a rotina modorrenta de todos
conhecida. Partidos se prostituem. Hoje andam de mãos dadas, amanhã se acusam
mutuamente. Poder estéril, onde a pobreza de oratória só é maior do que a
pequenez de espírito. A Câmara, definitivamente, não é espaço para
proselitismo. Ignorar tal premissa é olvidar a história. Soa como verdadeiro
desrespeito aos princípios que nortearam a própria gênese do Estado democrático
de Direito. Urge um profundo repensar acerca do Legislativo municipal, sob o
risco do mesmo ser, cada vez mais, visto como supérfluo e desnecessário. Seja o
pronunciamento do Gaúcho Ateu fermento não de discórdia ou animosidade
religiosa, mas, sobretudo, de transformação. Cachoeirinha merece!
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Mas que tal... Obrigado pelo belo texto... Já estamos compartilhando na página do grupo Juventude em ação no facebook https://www.facebook.com/JuventudEmAcao
ResponderExcluirFico feliz e honrado em poder contribuir. Espero, da mesma forma que tu, compartilhar de um mundo (a começar por Cachoeirinha...) menos injusto e mais igual, onde as boas utopias superem o plano do discurso. Abraço fraterno.
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