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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

SEMANA FARROUPILHA


SEMANA FARROUPILHA
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                Semana Farroupilha. Mais um momento para reflexão acerca do passado, mas, sobretudo, do presente. Ao que parece, não fomos capazes de aprender com o tempo. Assim não fosse, os ideais farrapos – quase sempre não ultrapassando o limite do discurso – pertenceriam tão-somente à história. Contudo, a igualdade e a liberdade, por exemplo, seguem pertencendo ao campo das utopias. Nosso querido Rio Grande caminha à margem do verdadeiro desenvolvimento, aquele capaz de distribuir renda e promover a felicidade e o bem coletivo. Até a esperança gauderia parece combalida frente à incompetência atávica dos “estancieiros” encrustados no poder – detentores de feudos em forma de secretarias, gabinetes, autarquias, agências reguladoras, etc. – em construírem alternativas capazes de alavancarem os serviços públicos. Por estas bandas do Sul, se gasta muito tempo, recursos e energia com as intermináveis campanhas eleitorais. As estratégias e planejamentos voltados ao interesse público são preteridas em favor dos conchavos partidários. A sigla destes páreos tem dado lugar à confusa e intragável sopa de letrinhas. PT, PTB, PSB, PMDB, PDT, DEM, PSDB, PPS, PR, PFL, PPS, PP, PCB, PSD... Haja guaiaca para sustentar toda essa gente e aplacar a gana voluptuosa pelas patacas do contribuinte. A preocupação com o preço do charque cedeu lugar à labuta diuturna na busca das moedas para a ração básica do vivente. Não bastassem os abusos do mercado, nós gaúchos precisamos alimentar, ainda, o mastodôntico Estado, pesado e ineficaz. Os tributos, feito o corvo de Prometeu, nos comem por uma perna, passando pelo fígado e acabando na/com nossa paciência. Quanta semelhança com o passado. A corrupção corre solta, de mãos dadas com a impunidade. Enquanto o Judiciário brinca de cabra cega, o sentimento de justiça e segurança se esvai. A verborreia togada causa asco, quando não passa em branco para o “grosso” acostumado ao trabalho duro para sustentar a prole. A corja engravatada e de paletó alinhado que, vez por outra, comparece às sessões legislativas, soa como estrangeiro aos olhos do pobre “índio”. O luxo e ostentação de palácios, tribunais, câmaras e assembleias ofendem a gauchada, esta acostumada à rudeza da vida. Não por acaso, não os tem por seus tais espaços. Por que então defendê-los quando de eventual “ameaça” vinda das ruas, da turba enraivecida?  O asseio pretendido pelos “estancieiros” não encanta. Desencanta, ultraja e maltrata. Verdadeiro fermento capaz de levedar o sentimento, ainda que sob a forma de uma quase invisível fagulha, de levante em nome de uma dignidade perdida, ou quiçá jamais conquistada. Sirva a Semana Farroupilha de instante, mais um, de contemplação, não a do tipo meramente romântica ou quixotesca, mas contemplação crítica, propositiva e revolucionária. Transformemos nossa apatia em façanha e que esta, por sua vez, sirva de modelo a toda a terra.  

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