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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A DITADURA E A ESQUERDA NO BRASIL


A DITADURA E A ESQUERDA NO BRASIL
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                A Ditadura Militar no Brasil, que se estendeu entre 1964 e 1985 – na prática, contudo, só voltamos a eleger (errado!) o presidente em 1989 –, esteve marcada pelo significativo crescimento da economia, mas, também, pelo cerceamento de importantes direitos, como o da liberdade de expressão. Tempos difíceis? Para quem? Por certo, para alguns, sim. À época, a participação política restava prejudicada, por exemplo, pelo bipartidarismo. A verdadeira oposição se dava à margem do sistema partidário. A dita “esquerda” no Brasil vivenciou momentos delicados, onde não foram incomuns a perseguição, a tortura e o ostracismo. O discurso combativo ao regime militar vinha ao encontro de importantes segmentos da sociedade. Parte desta, contudo, é bom que se diga, se mostrava simpática ao sistema implantado em 1964. Inexistia unanimidade de parte a parte. O tempo escoou e muitos dos antigos militantes de esquerda – após a chamada “redemocratização” – assumiram postos importantes em todas as esferas de poder, postos estes conquistados ou pelo voto ou pela “proximidade” com os donos do poder. Multiplicaram-se os cargos de confiança e funções gratificadas na mesma proporção que se deterioraram os já precários serviços públicos. Ao que parece, a memória dos equívocos tão condenados pela esquerda durante os “anos de chumbo” ficou perdida em meio às páginas amareladas dos livros de história. O discurso revolucionário de transformação das estruturas socioeconômicas esfarelou-se. Os descaminhos e práticas condenáveis do passado ditatorial seguem de vento em popa. Não menos comuns são a política de apadrinhamento, a compra de votos, as negociatas e os lobbies dos grupos econômicos junto ao Estado como um todo. Independência do Judiciário? Autonomia do Legislativo? Eficácia do Executivo? Apenas balela. O Estado brasileiro do pós-Ditadura guarda mais semelhanças do que diferenças em relação ao passado. Apesar da multiplicidade de bandeiras partidárias, a prática é – salvo honrosas exceções – a mesma de outrora. Jogo de interesses, troca de benesses e muita, muita mesmo, encenação! Os “mocinhos” da Ditadura, muitos deles, se transformaram em vilões. Os vícios horrendos por eles condenados se transformaram em práticas corriqueiras em meio aos corredores de palácios, prefeituras, tribunais, câmaras e assembleias. Vale mais um antigo militante corrupto do que um torturador do DOPS? Imensurável é o dano causado por ambos ao “patrimônio”, principalmente, social e ético do país. Fazem acreditar que “direita”, “esquerda” e “centro” apontam para o mesmo lado, lado este diametralmente oposto ao interesse da maioria. Reforçam a desconfiança em relação ao pretenso Estado Democrático de Direito, exacerbam a apatia política, dilaceram e soterram sonhos e utopias. Crime por deveras hediondo, pois contra o mais precioso e caro bem de um povo: a esperança!


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