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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

RELATIVO


RELATIVO
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                Tudo é relativo? Comum é ouvirmos opiniões – quase sempre pouco fundamentadas – afirmando que sim. Será? Ainda esses dias, estávamos conversando, eu e algumas colegas de trabalho, sobre pessoas que buscam fazer o que é certo, em conformidade com a ética. Não são poucas é verdade, porém raramente viram notícia. Tem sido comum, isto sim, ocuparem as páginas de jornais, revistas, redes sociais e programas de televisão fatos pouco elogiáveis, quando não completamente condenáveis. Mais vale, ao que parece, um enorme traseiro a dançar vulgarmente sob a batida ensurdecedora dos alto-falantes do que boas ideias. Mais rápido do que a luz, as “curtidas” no face se propagam quando da postagem de fotos comprometedoras e fofocas bisonhas. Mais do que nunca, a pobreza de espírito tem encontrado campo fértil para frutificar. Por vezes, o pretenso anonimato fomenta a calúnia, a difamação e a injúria. A liberdade de expressão, errônea e irresponsavelmente, tem sido confundida com a falta de limites. Pipocam ações judiciais em busca do dano sofrido na mesma proporção que surgem novas ferramentas virtuais a favorecerem as práticas delituosas. Comungam do mesmo leito, os sentimentos de impunidade e liberalidade. Dia após dia, o agir ético soa forasteiro, deslocado, estrangeiro. Um misto de impotência, revolta e tristeza. O relativismo vazio e doentio tem lançado na sarjeta os valores éticos construídos pela humanidade ao longo da história. Valores que não se confundem com a moral. Esta é volátil e difere, com muita frequência, de região para região. A ética, contudo, é estrutural e estruturante. Os valores que aqui se defende deveriam estar no alicerce atemporal de todas as culturas. Honestidade, lealdade, responsabilidade, solidariedade, compromisso com a verdade, alteridade... Valores que transcendem os limites do tempo, do idioma, da crença, do matiz político ou ideológico. Sem eles, toda e qualquer civilização está fadada ao fracasso, à guerra fratricida, à submissão. Como e quem (de)forma nossas crianças e jovens? É triste e desesperador vê-las caminhando em direção ao precipício, onde grassam as drogas, o egocentrismo exacerbado, a indiferença em relação à sorte alheia, a carência de vínculos duradouros e o apego exagerado ao “ter”. Uma geração, por vezes, sem rumo. Quem dará a ela o norte? Os pais ou, então, “terceiros”? A mídia? O mercado? Ao contrário de quem ama, o “mundo” está a prometer só prazer e satisfação. Oferece diante dos olhos de nossos filhos um belo “contrato”, repleto de sonhos e fantasias. Esconde, contudo, por detrás das minúsculas letras e notas de rodapé, as amargas e fatais contraindicações. Amar é acolher, elogiar, apoiar, mas também exigir. É dizer “sim”, mas também “não”. É auscultar o coração e decifrar o olhar. Amar é orientar, proteger e defender, sem, contudo, aquiescer com o erro ou com este condescender. O amor exige posicionamento. É comprometer-se. Amar e relativizar, apesar da aparente semelhança sonora, pouco têm em comum. O amor não transige com a falta de ética e tampouco dialoga com a “cultura de morte”. O amor não é relativo!



3 comentários:

  1. É prof Gilvan, como dizia a musica lançada a mais de 20 anos atras mas que parece tão atual.... ela diz "afinal amar ao próximo é tão démodé"....da Legião Urbana.... e infelizmente creio que a nossa sociedade está a caminho de um rumo sem fim, pois quando um gesto que deveria ser normal vira notícia como se fosse algo estupendo ou algo de outro mundo como aquela situação que o menino aqui de Porto Alegre que achou um dinheiro fez questão de devolver a dona.... hora, isto não deveria ser tratado como algo estupendo e sim como algo normal e corriqueiro em nossa sociedade, mas muito pelo contrário.... hoje em dia quem leva vantagem, quem trai o parceiro, quem cobsegue frar a fila, ou passar na frente de outra pessoa de forma escusa é a mais legal, a mais esperta.....

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  2. Querido Luigi, primeiro gostaria de manifestar minha imensa saudade, como estás? Por onde andas? Tudo bem? Segundo, muito me alegro em saber que leste o que singelamente escrevi, pois é uma indescritível honra para este velho professor. Fico, assim como tu, preocupado com o que vem por aí. A poesia tem sido deixada de lado, assim como o amor e a preocupação e solidariedade com as pessoas. Forte abraço. Gilvan.

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  3. Olá Professor.... pois é, desculpe a demora na resposta... é que estou em plena criação e desenvolvimento do meu trabalho de conclusão da minha graduação de Administração.... então realmente o tempo está bem exíguo e nem sempre consigo ler e responder e-mails e post como o seu... Além da finalização do curso da graduação trabalho já há 7 anos em recursos humanos..... Sabe, Tenho muita saudade dos tempos do SF, de alguns professores como vc, o Luciano, o Joel, hi.... são tantos.... das conversas que tínhamos, dos pensamentos, das críticas que fazíamos, mesmo sem ter muita noção de onde os mestres queriam nos levar em termos de pensamento....mas hoje vejo o quão importante fostes para minha formação como estudante e homem também...

    Sempre que consigo acompanho seus textos...e confesso que adoro... fico imaginando voce nas suas aulas lendo eles.... é muito bom.....hehehehhe.....já tenho o seu blog aqui nos meus favoritos..
    Um Forte abraço!

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