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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

DROGAS, QUE DROGA DE MUNDO É ESTE?



DROGAS, QUE DROGA DE MUNDO É ESTE?
Gilvan
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                Às vezes, me pego a invejar o velho Juca, meu avô há muito falecido. Não sabe ele do quanto a ida para a eternidade o livrou. Deixou este mundo numa época em que a palavra ainda valia alguma coisa. Numa época em que ainda se podia sair à rua depois do cair do sol. Numa época em que o homicídio, o roubo, o sequestro e a explosão de caixas eletrônicos (nem existiam...) não eram banalizados e, portanto, despertavam a atenção. Partiu para melhor (acredito!) numa época em que os partidos políticos – mesmo que sob o ranço da ditadura – diziam alguma coisa. Numa época em que o prazer vinha do contato dos corpos, do “dedinho” de canha, da vitória do time no grenal... Deixou este mundo numa época em que maconha era “porcaria” e quem a fumava, o fazia às escondidas.

                É... os tempos são outros. A vergonha parece já não dar as caras por aqui há muito tempo. Os limites, se é que existem, são demasiada e perigosamente largos e tênues. Pais e filhos, muito comumente, se confundem na aparência, nas funções, no vocabulário, na postura... Os primeiros são excessivamente imaturos, enquanto os últimos desafiadoramente prepotentes. O relativismo doentio se perde em meio a devaneios que não levam a nada. Discursos mal articulados e profundamente vazios. Na tentativa de se enquadrar no “politicamente correto”, esvaem-se convicções, princípios e valores. Se a moda é o lilás, todos de lilás. Se a onda é o arco-íris, ai de quem se posiciona de forma contrária. Teme-se parecer “ultrapassado”. Vive-se num tempo em que a horizontalização das relações põe em xeque a hierarquia. Com esta, tende à extinção o respeito e o próprio sentido da família, por exemplo. Mentiras são postas como verdades nos mais diversos meios de comunicação. Ontem, inaceitáveis, hoje vistas com bons olhos.

                Como cidadão, pai e educador que sou, me vejo na obrigação moral e ética de anunciar de maneira inconteste minha posição contrária a qualquer tentativa de legalização ou – para os que se acovardam em deixar clara sua posição – regulamentação no uso da maconha. Sou contrário, ainda, a qualquer iniciativa que vise atenuar as sanções aplicáveis ao tráfico de drogas, independentemente de quem nele esteja envolvido, menor ou não. Triste e pérfida tendência é a que se vê prosperar por aqui. O Estado (todos os poderes e esferas) tem, historicamente, buscado esconder sua inoperância, ineficiência e incompetência por detrás de iniciativas aparentemente alinhadas aos “ventos” pretensamente modernos oriundos do Velho Mundo. O Judiciário, por exemplo, sob o olhar complacente dos outros poderes, “resolve” o problema da superlotação dos presídios impedindo novas prisões e/ou “relaxando” a prisão dos até então trancafiados. O Executivo, por sua vez, leva o problema com a barriga, fazendo puxadinho aqui, outro acolá, sem mexer na questão estrutural do sistema prisional. Este segue “pós-graduando” criminosos, os bestializando e os segregando cada vez mais. Além de caro, é um modelo (que modelo?) comprovadamente equivocado. O Legislativo, como é sabido, não enxerga além do próprio umbigo, afundado que está em escândalos e embebido em meio a discursos que tem as moscas por única plateia.

                Convive-se, no Brasil de hoje, com um “garantismo” penal que, não raras vezes, mostra-se permissivo frente às práticas delituosas. No afã de sair em defesa dos famigerados “direitos humanos”, se comete exageros. Há como que uma inversão de valores, onde o criminoso se torna vítima. O resultado não podia ser diferente: aumento da insegurança e do sentimento de impunidade. O Estado faz lembrar um cachorro correndo atrás do próprio rabo. Seria cômico, não fosse o elevado custo social, político e econômico que tamanha insanidade representa. A liberação/regulamentação no uso da maconha, assim como a atenuação em relação às sanções contra os que traficam, especialmente os “menores”, em nada contribui seja para a diminuição, seja para a solução do problema da criminalidade como um todo ou da drogadição de maneira particular. Ao contrário, o afrouxamento no que tange a tais ilícitos tende a aguçá-los ainda mais. É sabido o que significam o tráfico e o consumo de entorpecentes – o primeiro não vive sem o segundo – para a sociedade que está a cheirar mal, dado a violência e o desregramento existentes.

                A droga faz mal. Não apenas entorpece e faz delirar, mas embrutece. Desumaniza e corrói o tecido social. Destrói famílias e relações. Compromete a produção e põe a perder qualquer tentativa de superação. Afugenta a esperança e anuvia o futuro. Alimenta o crime e subnutre a alma. Cria falsas sensações e rouba o sentido do real. Ludibria o cérebro e faz perder a confiança no ser humano. Faz chorar o pai, e entristece o coração da mãe. Extorque a infância e faz brotar, precocemente, o cheiro da morte. Assim, o uso de entorpecentes e o tráfico de drogas devem ser combatidos. Quem trafica deve ser severa e exemplarmente punido. Quem usa, deve ser urgente e prontamente socorrido e tratado. Soa como irresponsável, doentia e profundamente diabólica qualquer intenção de tornar o consumo da maconha algo “natural” e aceitável. Não se pode, em nome de um prazer fugaz, colocar sob risco a vida e a saúde física e mental de pessoas. 

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