TAXAS DE FECUNDIDADE E TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA NO BRASIL
Prof. Gilvan
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O Brasil, apesar de ainda ser um país subdesenvolvido
– as desigualdades sociais são perturbadoras – traz algumas características típicas
do Norte (países desenvolvidos). Uma delas é o flagrante decréscimo nas
chamadas taxas de fecundidade (média do número de filhos durante a idade fértil
da mulher). Na década de 1940, por exemplo, a referida taxa era superior a 6
(seis), baixando para 1,7 em 2010 e sendo esperado uma diminuição para 1,5 até
o final da presente década. Daí podermos afirmar que o país está passando por
uma “transição” demográfica, deixando de lado as altas taxas de fecundidade do
passado em direção às baixas e, talvez, preocupantes taxas do presente. As
causas para o “fenômeno” são inúmeras.
Um dos fatores que ajuda a compreender a queda nas
taxas de fecundidade no Brasil diz respeito ao processo de urbanização. O
crescimento das cidades, suplantando as características rurais pretéritas, permitiu
e ampliou – por exemplo – o acesso à informação e aos métodos anticonceptivos.
Outro fator a ser levado em conta (no fundo, as causas aqui elencadas guardam
relação entre si) está associado ao ingresso da mulher no mercado de trabalho
(formal). Até a década de 1970, o número de mulheres trabalhadoras era ínfimo.
O chamado “milagre brasileiro”, nome dado ao
boom do parque industrial verde-amarelo, abriu um leque de oportunidades à
mão-de-obra feminina. A mulher brasileira, seguindo uma tendência há algum
tempo observada na Europa e Estados Unidos, cada vez mais foi abandonando o
mero papel de “dona do lar”, passando a competir no mercado de trabalho, sob as
lantejoulas do movimento feminista. Este, por sinal, foi outra causa que
alavancou as profundas mudanças nas taxas de fecundidade. Novos paradigmas são
adotados pela mulher brasileira em relação ao próprio corpo. A mulher deixa,
aos poucos, de ser mera “procriadora” e passa a levantar a bandeira de que seu
corpo lhe pertence – não ao marido e nem ao eventual bebê –, podendo dele
dispor quando e da forma que achar melhor. Os “novos tempos”, na prática,
acabam por trazer em seu bojo algumas consequências do ponto de vista
demográfico. O estratosférico crescimento no número de abortos e uso de
anticonceptivos passa a ser inversamente proporcional ao crescimento da
população. Ora, parece ficar claro que, cada vez mais, a mulher passa a se
dedicar à composição do orçamento doméstico, sendo a gravidez – para muitas das
trabalhadoras – como que um “estorvo”, portanto indesejada. Apesar das críticas
e posicionamentos de alguns setores da sociedade, como o da Igreja (católica,
por exemplo), o certo é que os “valores culturais” trazidos pela dita
(pós)modernidade têm se sobreposto aos “modelos” tradicionais de família.
A flagrante e significativa queda nas taxas de
fecundidade no Brasil traz algumas preocupações. Uma delas diz respeito àquilo
que a ONU chama nível de “reposição”. Segundo a entidade, a taxa de fecundidade
considerada ideal para “repor” a população é de 2,1. Portanto, o Brasil estaria
fadado a ver sua população diminuir, relativamente, a médio e longo prazos. O
que para alguns (adeptos do neomalthusianismo, por exemplo) pode parecer
interessante, para outros deixa transparecer um problema. Não restaria
comprometido, num futuro próximo, o fornecimento de mão-de-obra, por exemplo? Contudo,
ao que parece, tão ou mais importante do que a reposição e garantia de braços
trabalhadores, é a garantia de boa qualidade de vida para maioria de nossa
gente.
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