O VERDADEIRO GRITO DO IPIRANGA
Prof. Gilvan
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
A cada semana da pátria é a mesma coisa. Vai-se de um
extremo a outro. Discursos ufanistas de um lado, de outro, posições que
menosprezam o passado em nome de um “esquerdismo” doentio e irresponsável. Nem oito,
nem oitenta. Resgatar o passado, mesmo que inglório, é necessário, pois que
dele podemos e devemos tirar lições. O pretérito ajuda na compreensão do
presente. Este, por sua vez, é o passado do amanhã. O que somos hoje, em parte
é produto do que fizeram nossos pais. Nossos filhos, da mesma forma, colherão
muitos dos frutos – bons ou ruins – que hoje plantamos.
A verdadeira independência de um país não é a que se
ganha ou se compra nas prateleiras da história. A verdadeira independência não
é a que nasce de um gesto, de um grito ou de um tratado de cor amarelada
corroído pelas traças e pelo tempo. A verdadeira independência não é a que é “dada”
pelos ditos heróis e mártires. Não é, menos ainda, a que se resume a frases de
efeito em meio às cores de uma bandeira. A verdadeira independência é aquela
que se constrói nas ações individuais e coletivas. É aquela que vai se
constituindo no dia a dia. A verdadeira independência nasce e se consolida nas
relações que entre nós se estabelecem. Num movimento dialético, germina e
retorna sob distintas formas: honestidade, solidariedade, lealdade, ética,
senso de justiça, alteridade, respeito, responsabilidade, compromisso com o
coletivo. Sim, “independência” pensada e vivida sozinha não é verdadeira, não é
altruísmo. É, isto sim, egoísmo.
A verdadeira independência é aquela capaz de gerar
paz social, segurança, trabalho e renda, educação, moradia, saúde, enfim...
qualidade de vida. A independência que, de fato, precisamos não é a do tipo
veiculado em livros e revistas, mas aquela que propicia dignidade à criança, ao
jovem, ao homem, à mulher, ao idoso, a todos, independentemente do credo,
etnia, opção política ou ideológica. A independência que se deseja é aquela
capaz de transformar as estruturas da educação, da saúde, da segurança pública,
do transporte coletivo. É aquela com o poder de separar o joio do trigo. A verdadeira
independência é a que não se prostitui em meio à lama da corrupção, não é
objeto de comércio e de negociatas. É a que gera cidadãos de fato, não meros
personagens fictícios descritos nos diplomas legais. A independência sonhada é
a que promove distribuição de renda e igualdade de oportunidades.
A semana da pátria é um – apenas mais um – bom momento
para reflexão acerca do Brasil que se tem e o país que se quer. A superação dos
inúmeros e graves problemas políticos, econômicos e sociais passa
necessariamente, também, pela escola e pela família. A esta cabe, por exemplo,
criar e sedimentar valores, pautando-se num amor exigente. À escola, por sua
vez, cabe ser um espaço privilegiado de construção do conhecimento e da
cidadania, onde não apenas as ditas “ciências” sejam assimiladas, mas também os
princípios que norteiam uma sociedade verdadeiramente independente.
Setembro de 2012.
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