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segunda-feira, 27 de agosto de 2012



VIDA, TAMBÉM NA POLÍTICA
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                Trânsito e política, eis aí duas questões que guardam entre si inúmeras semelhanças, até porque faces de uma mesma moeda. Enquanto o primeiro ceifa vidas, a segunda sepulta sonhos. No fundo, o problema não está nem no trânsito e nem tampouco na política. Está, isto sim, na forma como as relações se travam tanto num quanto na outra. Ambos têm como pano de fundo – do mesmo tecido que envolve os corpos gélidos depositados ao fundo dos esquifes – a insensatez, o desrespeito, a superficialidade e o descaso em relação a outrem. Lançar sobre o trânsito ou sobre a política a culpa em relação aos disparates e excessos hoje tão comuns – nem por isso, normais ou dignos de aquiescência – é, no mínimo, pecar pela ingenuidade. É dar respostas simplistas para questões complexas. Trânsito e política são produtos de uma história. São construções e realizações humanas. Representam a nossa “cara”. Cada comunidade tem o trânsito e a política que, de alguma forma, fez e faz por merecer. O caos que atormenta condutores e pedestres é da mesma estirpe que alimenta a indiferença em relação ao interesse público. Os “jeitinhos” e “malandragens” tão conhecidos no trânsito, que para alguns é sinônimo de orgulho junto a amigos e familiares, têm a mesma raiz das práticas abomináveis a confundirem o público e o privado. O corpo estendido na estrada não difere muito daquele outro, jogado às traças nos hospitais ou presídios. A foice da morte que atinge famílias inteiras nas estradas é a mesma que alcança crianças, jovens, adultos e idosos, todos esquecidos por um Estado caro, incompetente, inoperante e corrupto. Tanto num caso como no outro paga-se caro, muito caro, sem qualquer espécie de retorno. Seja no trânsito ou na política, sobram teorias e discursos, faltam iniciativas e resultados efetivos.
                A capital dos gaúchos precisa, urgentemente, de vida. Sim, vida no trânsito e na política. Espero que o espírito que move algumas louváveis iniciativas da sociedade civil organizada, seja o mesmo a mover a candidatura daqueles que pleiteiam um assento junto à chamada Casa do Povo. O Legislativo Municipal precisa ser sacudido por mudanças capazes de fermentarem ações que criem novos paradigmas e modelos na forma de pensar e agir de todos os munícipes. Mudanças que ultrapassem a fina casca das aparências. Transformações que redundem e se traduzam em respeito, sobretudo, às pessoas. Ao respeitá-las, como doce consequência, vem a reboque o respeito a tudo o mais: à natureza, aos prédios e monumentos públicos, às tradições, à propriedade alheia, etc. Torço para que as ideias de homens como o Serginho Neglia vinguem e deem frutos, muitos frutos. Como ele, acredito no poder da educação como meio de transformação. Só através dela se vislumbra melhores dias para o trânsito e a política.


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