Translate

segunda-feira, 28 de abril de 2014

ÉRAMOS SEIS


ÉRAMOS SEIS[1]
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                Tamanho não é documento, diz um conhecido ditado. Ao que tudo indica, a máxima tem uma grande dose de verdade. Conheci um grupo de alunos que, apesar da insignificância numérica (apenas SEIS!!!), mais faziam lembrar a Batalha das Termópilas. Ao invés de espartanos, singelos trabalhadores, estudantes de um Curso Técnico da capital gaúcha: Bruna, Célia, Fabiano, Jefferson, Victor e João. Nomes simples, sobrenomes pouco conhecidos, estirpes sem grandes pompas. No lugar do temido exército persa, os inúmeros e complexos desafios do cotidiano. A fadiga do corpo, o cansaço da mente, o ônibus lotado, a fome a embrulhar o estômago após horas e horas de jejum, o tempo longe da família, as intermináveis contas a vencerem no final do mês, a insegurança noturna, as explanações teóricas do professor de Direito do Trabalho... Nada, absolutamente nada parecia demovê-los de seus sonhos. Nadando contra a maré, teimavam em avançar em meio ao território inóspito de inimigos corpóreos e invisíveis. Pessimismo, derrotismo e medo eram sentimentos que passavam de largo. Era vir alguém tentar fazê-los desistirem, compactamente formavam uma barreira intransponível, sedimentada pela coesão não do ferro ou do aço, mas da união do grupo. Mexer com um era mexer com todos eles. Demonstravam saber, na prática, o que muitos teóricos e filósofos tentavam explicar por meio de palavras. A vitória não é uma conquista individual, mas produto de uma vontade que é coletiva. Esperanças que se entrelaçam, que se misturam, que se tangenciam. As personagens da história que se passa em Porto Alegre em nada deixam a desejar para aquelas da Antiguidade. Como esquecer a história de Menelau e Helena, ou seria de Fabiano e Bruna? Casais que, em comum, têm suas vidas marcadas pelo amor incondicional. As barreiras, mesmo que maiores do que o Olimpo, têm o efeito contrário ao da separação. Torna-os, isto sim, mais unidos, solidários, cúmplices quanto à sorte um do outro. Sabem que os dissabores e intempéries fortalecem a relação e atestam a confiança recíproca. Como esquecer do sonho empreendedor do Victor ou do jeito um tanto que despojado do Jefferson? Impossível olvidar o esforço da Célia que, fosse outra, estaria metida em suas chinelas a desfrutar do calor junto à lareira, sorvendo um bom cálice de vinho. Ah, ainda tem o João e toda sua preocupação com os aspectos formais de um Curriculum Vitae. Soubesse ele que, por si só, é uma pessoa especial, única, singular. Tudo o “resto”, por certo, agrega à vida, portanto deve ser levado em conta. Certificados, diplomas, cursos de formação... Entretanto, vale lembrar – como diz a letra de uma música de outrora –, tudo passa, mas o que permanece é o AMOR.




[1] Texto em agradecimento aos alunos do CETERG pela paciência e confiança depositada neste humilde professor. Motivado por questões pessoais, estou me despedindo do Curso. Fico à disposição de todos vocês para auxiliar no que for preciso. Muito obrigado! 

2 comentários:

  1. Mesmo que a palavra 'obrigado' signifique tanto, talvez não expresse por inteiro o quanto suas aulas foram gratificantes, importantes e motivadoras para cada um de nós, desde o questionamento da primeira aula sobre quem conhecia a Constituição Brasileira....até a prova surpresa da última aula,que na verdade era uma despedida. Foi apenas um mês, mas tenha a certeza que enriqueceu-nos em conhecimentos e despertou-nos a curiosidade e o interesse sobre todos os assuntos abordados em aula e a vontade de saber sempre um pouquinho mais, além do que nos é apresentado...OBRIGADA PROFESSOR GILVAN, por ter nos dado o privilégio de assistir suas aulas.

    ResponderExcluir
  2. Querida Célia, excesso de bondade tua. Eu é quem aprendi contigo. A saudade, apesar de recente, já se agiganta no meu peito. Abração. Gilvan.

    ResponderExcluir