PRÍNCIPES E PRINCESAS
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Comum tem sido encontrarmos verdadeiros castelos
encravados no meio da cidade, do bairro, da rua, de nossa (nossa?) própria
casa. Castelos cercados por extensas e largas muralhas, aparentemente
intransponíveis, formadas por enormes blocos que, ano após ano, foram sendo ali
colocados, mesmo que de forma não intencional. Blocos pesados, infames e mal
cheirosos. Blocos marcados por uma espécie de inscrição. Omissão, negligência,
indiferença, falta de tempo, permissividade, mentira, medo, tirania,
vergonha... Muitos nomes. Incontáveis. Feito os corais, tais blocos foram
sedimentando. Diferentemente daqueles que ocupam os oceanos, as pétreas
muralhas dos castelos abrigam a morte e a falta de esperança. Afundam sonhos e
fazem naufragar o amor, o respeito, a ética e a saudável autoridade. Por detrás
de todo castelo tem um príncipe ou uma princesa. Quem sabe, ambos. Os castelos
urbanos, ditos modernos, convivem com a síndrome – que, quando não tratada a tempo,
se transforma em “maldição” – da coroa. Herdeiros e herdeiras do trono que,
desde muito cedo, intentam contra o Rei e sua companheira. Trazem uma teimosa
inclinação ao despotismo. Nas masmorras por vezes encobertas pelo véu da
aparente modernidade, torturam a memória e a tradição dos anciãos. Príncipes e
princesas que não pedem, exigem! Não se desculpam, criam subterfúgios para
esconder o erro e, se duvidar, ainda viram a mesa, passando de algozes a
vítimas. Príncipes e princesas que dizem o que querem, na hora que querem e
para quem querem. O olhar omisso, condescendente e, por vezes, envergonhado do
rei e da rainha, feito lenha seca em meio às chamas, só faz inflamar o ego dos
pequenos. Príncipes e princesas que vestem e falam como se reis e rainhas
fossem. O cetro, desde muito cedo, tomaram para si. O que parecia simples
brincadeira “engraçadinha”, toma proporções alarmantes. A insígnia real, nas mãos
dos rebentos, torna-se víbora peçonhenta, destilando veneno para todos os
lados. A língua “hiperativa” e sem controle desses príncipes e princesas ofende,
fere, entristece, envergonha não apenas a própria estirpe, mas as famílias para
além-muros do castelo. Tão cruel quanto às palavras, mais parecendo açoites à moral
e à ética, são as ações desregradas e desmedidas dos príncipes e princesas que
desconhecem os limites da razão e do bom senso. A tal ponto chegam seus
disparates que nem as questionáveis amarras “ritalínicas” prescritas pelos
doutos do reino são capazes de dar-lhes um basta. Não há fórmulas e nem
tampouco farmacologia capazes de preencherem o espaço reservado à autoridade
que deveria acompanhar todo rei e rainha. Ascendência real, justa e legítima se
conquista e se constrói, não se compra e nem se terceiriza. Príncipes e
princesas necessitam ser amados. Amor pressupõe, também, diálogo, respeito e
limites. Príncipes e princesas merecem brincar, dar asas à imaginação,
sonhar... Príncipes e princesas devem reinar, mas tão-somente nos castelos que
brotam da fantasia lúdica. Príncipes e princesas devem aprender que a verdadeira
realeza nasce do respeito ao outro, da alteridade e da solidariedade. É o amor
quem, de fato, nos investe de brilho e distinção, não a do tipo midiático e
superficial, mas duradoura, daquele tipo que acompanha os verdadeiros príncipes
e princesas, futuros reis e rainhas a governarem seus castelos, onde as
muralhas dão lugar a campos e jardins a perderem de vista.
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