ACOLHIDA: O DESAFIO DA POLÍTICA DE INCLUSÃO
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A
famigerada, para alguns malfadada, política de inclusão parece algo já dado. Aparentemente,
não se discute. É lei e pronto! Não por acaso, muitas são as instituições de
ensino (principalmente, privadas...) que buscam, de alguma, forma – e mediante
inúmeras justificativas questionáveis –, burlar o ordenamento jurídico, como
forma de resistir à matrícula de pessoas com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. A dita inclusão, sob a ótica
de um grande número de educadores, é um pesado, quase insuportável, fardo.
Bonita sob o ponto de vista teórico, mas impraticável no dia a dia. Inúmeros
são os sindicatos de professores, país a fora, que vêm se mobilizando de forma
contrária à referida política governamental. Argumentos não faltam para
alimentar a crítica: despreparo dos professores, ausência da família,
precariedade física das escolas, escassez de recursos, número excessivo de
alunos por turma, descaso com a formação dos educadores, e por aí vai.
No
Brasil, infelizmente, a regra tem sido a tomada de decisões, por parte dos
entes públicos, a partir desta ou daquela visão político-partidária. O que
deveria ser “política de Estado”, no fundo não passa de “política de governo”,
portanto eivada dos vícios típicos dos mais variados matizes ideológicos.
Assim, o que deveria ser duradouro e sério, já nasce condenado à crítica de
amplos setores da sociedade, quase sempre alijados do processo de discussão e
de decisão. Ideias e iniciativas governamentais surgem e desaparecem de forma
meteórica. Não fosse o, quase sempre, elevado custo e ignóbil desperdício de dinheiro
público, passariam despercebidas. São, muitas vezes, iniciativas que atendem,
sobretudo, ao ego e interesses particulares, em prejuízo da coletividade. Cria-se
um indisfarçável clima de desconfiança frente a toda e qualquer iniciativa do
Executivo ou Legislativo, mesmo que a intenção seja louvável.
O
grande desafio da “política de inclusão” é fazer desta uma “política do
acolhimento”. Apesar de alguma similitude, a segunda se mostra mais humana do
que a primeira. Esta soa como inserção à força, imposição, do tipo “enfiar
goela abaixo”... A “política do acolhimento”, por sua vez, pressupõe
convencimento, especialmente de quem acolhe. Ora, se quem acolhe (professor,
colegas, a escola como um todo...) estiver convencido acerca da escolha feita,
trilhar-se-á meio caminho. Afinal, acolher é desarmar-se. É mostrar-se solícito,
pronto para o diálogo, aberto para eventuais mudanças exigidas pelas novas (e
antigas!) demandas. Acolher é desacomodar-se, é “largar o queijo” em prol do “outro”.
A “política do acolhimento” pressupõe humildade e sinceridade, pois que sem
tais valores, toda e qualquer relação, por melhor que seja, está fadada ao
fracasso. Acolhimento lembra alteridade, preocupação com o “outro”,
comprometimento... Na “política do acolhimento”, o formalismo frio advindo da
preocupação (às vezes, falsa) com a lei, dá lugar à brasa ardente da paixão. É
fogo que alimenta a resiliência, aquece a alma e aproxima as pessoas, apesar (e
principalmente por causa delas) das diferenças. Estas, sob a ótica da “política
do acolhimento”, são, não um estorvo a ser afastado, mas matéria-prima para um
conviver sadio e fraterno.
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