O MERCADOR
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Qual é a ideia que temos ou fazemos de Deus? É comum
vermos cristãos (e também os que não o são) tentando como que “negociar” com o
Senhor. Como se Deus agisse sobre a vida do homem mediante permuta, escambo ou
qualquer outra forma de pagamento. Ora, Deus age sim, porém movido pela Sua
misericórdia e amor. Não por aquilo que oferecemos a Ele. Age não pelo que
fomos, somos ou seremos. Age por Seu infinito amor. Crer que Deus operará cura,
libertação ou qualquer outra espécie de bênção em troca de promessas – por mais
sinceras que estas sejam – é atribuir a Ele o papel ou função de “mercador”. É
transferir para o plano espiritual os mesmos vícios tão comuns no plano
material. É “capitalizar” a relação entre o homem e seu Criador. Deus não é
fruto deste ou daquele modo de produção econômico (como dissera, certa feita,
Marx). Portanto, “mercantilizar” a relação espiritual soa como algo por demais
perigoso e nocivo ao crescimento interior do homem. É um pensar pequeno. Pensar
mesquinho. É um pensar que reproduz no plano divino a mesma relação verificada
no plano terreno. Relação de medo, de credor-devedor, de vergonha frente às
promessas (dívidas) não cumpridas (não pagas). A quem interessa tal relação
senão ao inimigo de nossas almas e também aqueles que avolumam riquezas
pessoais em detrimento do sofrimento e ingenuidade alheios?
O amor de Deus pela minha e pela tua vida é
incondicional. A misericórdia d’Ele por cada um de nós é imensurável, sem limite,
infinita. Daí o fato de ele operar verdadeiros milagres na vida de homens e
mulheres que sob o nosso olhar jamais mereceriam sequer o perdão, menos ainda
qualquer espécie de benesse por parte do Senhor. Como entender que um
parricida, homicida, estuprador, matador em série, corrupto, sequestrador, traficante,
violentador de menores, estelionatário e tantos outros praticantes de atos
tipificados como crime, mesmo que hediondo, possa receber alguma graça nascida
do coração de Deus? Parece injusto e incoerente. Todavia, o que Ele vê, vai
muito além daquilo que vemos. O que Ele sonda, extrapola nossa capacidade de
compreensão. A essência do perdão de Deus em relação ao mais execrável
criminoso é a mesma do perdão d’Ele em relação a cada um de nós. Ele olha para
sua criação, para o homem e não para o pecado deste último. Isso faz do Senhor
um Ser que ama e, nem por isso, conivente ou omisso em relação às transgressões
humanas.
Precisamos aprender mais da pessoa de Deus. As
intempéries de toda sorte (enfermidades, escassez de recursos, violência,
depressão, animosidades, crises conjugais, drogadição, etc.) são fruto das
ações/omissões humanas. Devem ser compreendidas e resolvidas no plano terreno.
Depende, a solução ou mitigação dos problemas, da mudança de postura, de ações
concretas, de iniciativas. Esperar que Deus aja no lugar do homem beira a insensatez.
Com Ele não se brinca, pois o que o homem semear, também ceifará – diz a
Bíblia. Crer em algo distinto é fazer de Deus um mercador, é diminuí-lo em Sua
santidade, é limitá-lo em Seu poder, é perder a oportunidade de conhecê-lo e de
usufruir do Seu inesgotável amor.
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