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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

PUNTA E A PONTE



PUNTA E A PONTE
Gilvan
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                Feriado à vista, hora de viajar... Para alguns, é claro. Uma minoria, como minha amiga que irá para Punta. Eu, ao contrário, não transporei a Ponte. Punta e Ponte. Apesar da proximidade gráfica e fonética, realidades díspares. A primeira, o paraíso dos turistas. A última, o inferno de Dante. Enquanto para aquelas bandas do Uruguai reina, ao lado do sol, o dólar, uma boa Norteña e um bocado de corpos esculturais, por aqui o que sobra é indignação, aumento das passagens e uma avenida permanentemente engarrafada a cortar a cidade. Lá por Punta, sorrisos e a gorjeta correndo solta por entre as mãos dos garçons. Por aqui, o endividamento do Município e a demonização dos servidores (a estes, nem as gorjetas...), como se fossem o vilão da história. Lá em Punta, cassinos por toda parte, enchendo os bolsos dos empresários e os cofres públicos. Por aqui, sobra moralismo, enquanto escasseiam recursos e prolifera a marginalidade. Por lá, comércio abarrotado de gente, saindo pelo “ladrão”. Por aqui, meia dúzia de lojas ameaçadas, também (vejam só!), pelo ladrão. Trocadilhos à parte, a realidade na terra da Ponte é de chorar. Lá em Punta é de rir. Por lá, praias paradisíacas. Por aqui, nem praia, nem paraíso, nem sequer sombra ou água fresca. Esta última, além de quente, é cara. Muito cara. Como o é a luz, o combustível, o transporte (de novo!), o pão, o leite... Por aqui, na Ponte, paga-se caro, come-se mal e vive-se pior ainda. Só não se mora, ainda, embaixo da Ponte porque não dá. Faltaria lugar. Quem vai à Punta tem o Puerto, Casapueblo, Playa Mansa, Museo del Mar... Quem fica tem... tem... tem o quê mesmo? Ah, tem o Parcão e o Shopping do Vale (caso não tenha fechado). Tá bom, cinco dias no ano tem, ainda, a Casa do Leite! Punta e a Ponte. O que é a distância física comparada à distância de qualidade de vida, infraestrutura, lazer, segurança, hotelaria, paisagística? O que são pouco mais de setecentos quilômetros comparado à estratosférica diferença entre o que se tem por lá e o que se tem por aqui? Por lá, o Rio da Prata, por aqui o Gravataí. Querem mais? É, o balneário no departamento de Maldonado parece coisa de outro planeta. Os “descendentes” de Don Francisco Aguilar, eles são os “ETs”. Os de cá, os da Ponte, somos – ao contrário – o centro do universo. Ironias à parte, ao que parece os “herdeiros” do Coronel João Baptista Soares da Silveira e Souza Sobrinho ficaram com a lentilha, enquanto os de lá, os de Punta ficaram com tudo o mais. Eles, Jacó. Nós, Esaú. Eles, Punta. Nós, bom... só nos resta a Ponte. Boa viagem minha amiga!



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