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terça-feira, 8 de novembro de 2011

FILHOS E BASTARDOS

FILHOS E BASTARDOS
Gilvan Teixeira


            Quem ama, disciplina. Importante premissa de uma relação pautada no amor. Quem ama, exige. Infelizmente, tem sido cada vez mais comum a (de)formação de levas e levas de “bastardos”. Crianças e adolescentes abandonadas. Jogadas às traças da permissividade, da sensualidade convidativa à lascívia precoce, da condescendência irresponsável que acoberta e acaba por instigar o consumo de álcool e outras drogas, lícitas ou não. O papel de pai ou de mãe tem se confundido com o de apenas mais um “amigo”, um “parceiro” ou algo que o valha. Na fútil tentativa de “aproximar-se” dos filhos, muitos têm confundido de tal sorte os papéis que, não raras vezes, mal se distingue quem é a criança/adolescente e quem é o adulto. Homens e mulheres que vestem, falam e se portam como se o tempo não tivesse escoado. Assim, deixam de ser referência. Já não servem de norte. Condenam os pobres mancebos à desorganização afetiva, cognitiva, material... Até tarefas das mais básicas como preparar um lanche ou lavar a própria roupa íntima passa a ser um desafio intransponível para quem já tem idade para tanto. O tempo que lhes falta para os estudos e para as tarefas domésticas, sobra para os bate-papos nem tão inocentes ou sadios nas ditas redes sociais, onde são peixes, digo, presas fáceis de gente mal intencionada. Pedófilos, surrupiadores de coisas alheias, sórdidos e criminosos de toda monta – vale lembrar – um dia foram criança. Apostaria todas as parcas fichas que possuo que, quase todos eles, foram não filhos, mas bastardos. Destituídos de disciplina e de boa referência. Gerar filhos (mesmo que afetivos, e não necessariamente genéticos) é um ato de responsabilidade. Multiplicar bastardos, ao contrário, prescinde de qualquer esforço, exceto o de ordem sexual. Nascem como moscas, proliferam por todos os cantos. Logo crescem e invadem as ruas, picham muros e fachadas, enfiam-se em meio a becos escuros e fétidos atrás de um “barato”, mesmo que fugaz. Esquecidos à própria sorte, abandonados pelo Estado e relegados pelo “sistema”, simplesmente existem. Um dia após o outro, até que a morte – cedo ou tarde – os encontre. Há solução? Talvez não. Contudo, cabe à sociedade como um todo, mas principalmente à família a busca de alternativas que mitiguem sensivelmente o problema. Mister é que se resgate o papel de pai, de mãe, de cuidador. Imprescindível é que os pais lancem um olhar “viajante”, permanente, profundo sobre aqueles que estão sob seus cuidados. Muito além de uma questão “legal”, é uma questão moral e ética. Inadiável é o resgate (talvez, a própria “construção”...) da disciplina, da sadia e bem aplicada verticalização das relações. Democracia não pode ser confundida com permissividade. Esta é promíscua e danosa. Corrói como câncer. Destrói o organismo vivo que é a sociedade. Acaba com os sonhos e instala o pesadelo de um mundo governado por zumbis e bastardos.

Veja, também:
http://www.sinepe-rs.org.br/core.php?snippet=newsletter&idNews=15512&idPai=554&id=15519

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