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sábado, 9 de novembro de 2013

BOAS IDEIAS


BOAS IDEIAS
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br




                Boas ideias são como espermatozoides, a maioria não é aproveitada. Poucas são as que fecundam e chegam, digamos... a um destino. Este, na verdade, quase sempre é mais ponto de partida do que de chegada. A boa ideia, quando se materializa, logo passa a exigir outra boa ideia, depois outra e mais outra... Bem aventurados aqueles que conseguem ter boas ideias gêmeas. Os que têm trigêmeas viram lenda. Mais do que isso, convenhamos, é pura ficção. As boas ideias são como estrelas cadentes, quando pensamos em fixar o olhar, onde estão? Somem, como que num passe de mágica. Ficamos nós, meio embasbacados, a nos perguntar: teria sido um sonho? As boas ideias, normalmente, não se deixam fotografar. São meteóricas e, em regra, nada fotogênicas. Feito prenda bonita, é descuidar, ficamos a dançar sozinhos no meio do salão. Daí a importância de sermos ligeiros, do contrário outro as toma pelo braço, como sendo suas, enquanto para nós resta tão-somente aquele sentimento de raiva e de uma inveja mal disfarçada. Boas ideias não devem passar de largo. É vê-las se distanciando, lacemo-las. Talvez corcoveiem, pulem daqui e dali, mas como lindos corcéis multicoloridos – ideias, as temos de todas as cores, tamanhos e jeitos –, logo vão se deixando domar. Sensação indescritível, nós, tão pequenos, montados sobre grandes ideias. Estas, numa demonstração de humildade e de aparente (só aparente!) submissão, troteiam na direção por nós estabelecida. Todavia, é maltratarmos as boas ideias ou nos mostrarmos indiferentes, lá vem o troco! Estrebuchados no chão, passamos a ver o mundo sob a ótica das formigas, minhocas e tatus-bola. As boas ideias exigem tratamento diferenciado, atenção e, por vezes, até certa deferência. Algumas delas esperam compor a mesa junto às mais altas autoridades. Buscam os holofotes e ansiosamente aguardam o descerrar das cortinas. Outras boas ideias preferem o anonimato ou a simplicidade e bucolismo do campo. Estas últimas são práticas e um tanto que desconfiadas. Contudo, é conhecê-las, viram grandes e fiéis amigas. Não que as outras boas ideias – engravatadas e dadas a cerimoniais – não estejam, também, abertas ao convívio franco. Porém, são, quase sempre, excessivamente formais e demasiadamente teóricas. Frequentam círculos onde, muito comumente, a prolixidade e a vaidade correm soltas. Conservam, entretanto, em que pese certa antipatia, a essência das boas ideias. Estas, todas elas, têm lá sua importância. Algumas mais, outras menos. São belas e admiradas, nem que apenas para aqueles que as pariram. Afinal, boas ideias são como espermatozoides. A maioria se perde pelo “caminho da vida”. As que vingam, são como filhos e filhas. Gordinhas, magrinhas, altinhas, baixinhas, estrábicas, peraltas, quietinhas... Amadas por quem as têm.  

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