BOAS IDEIAS
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Boas ideias são como espermatozoides, a maioria não é
aproveitada. Poucas são as que fecundam e chegam, digamos... a um destino.
Este, na verdade, quase sempre é mais ponto de partida do que de chegada. A boa
ideia, quando se materializa, logo passa a exigir outra boa ideia, depois outra
e mais outra... Bem aventurados aqueles que conseguem ter boas ideias gêmeas.
Os que têm trigêmeas viram lenda. Mais do que isso, convenhamos, é pura ficção.
As boas ideias são como estrelas cadentes, quando pensamos em fixar o olhar,
onde estão? Somem, como que num passe de mágica. Ficamos nós, meio
embasbacados, a nos perguntar: teria sido um sonho? As boas ideias,
normalmente, não se deixam fotografar. São meteóricas e, em regra, nada
fotogênicas. Feito prenda bonita, é descuidar, ficamos a dançar sozinhos no
meio do salão. Daí a importância de sermos ligeiros, do contrário outro as toma
pelo braço, como sendo suas, enquanto para nós resta tão-somente aquele
sentimento de raiva e de uma inveja mal disfarçada. Boas ideias não devem
passar de largo. É vê-las se distanciando, lacemo-las. Talvez corcoveiem, pulem
daqui e dali, mas como lindos corcéis multicoloridos – ideias, as temos de
todas as cores, tamanhos e jeitos –, logo vão se deixando domar. Sensação
indescritível, nós, tão pequenos, montados sobre grandes ideias. Estas, numa
demonstração de humildade e de aparente (só aparente!) submissão, troteiam na
direção por nós estabelecida. Todavia, é maltratarmos as boas ideias ou nos
mostrarmos indiferentes, lá vem o troco! Estrebuchados no chão, passamos a ver
o mundo sob a ótica das formigas, minhocas e tatus-bola. As boas ideias exigem
tratamento diferenciado, atenção e, por vezes, até certa deferência. Algumas
delas esperam compor a mesa junto às mais altas autoridades. Buscam os
holofotes e ansiosamente aguardam o descerrar das cortinas. Outras boas ideias
preferem o anonimato ou a simplicidade e bucolismo do campo. Estas últimas são
práticas e um tanto que desconfiadas. Contudo, é conhecê-las, viram grandes e
fiéis amigas. Não que as outras boas ideias – engravatadas e dadas a
cerimoniais – não estejam, também, abertas ao convívio franco. Porém, são,
quase sempre, excessivamente formais e demasiadamente teóricas. Frequentam
círculos onde, muito comumente, a prolixidade e a vaidade correm soltas. Conservam,
entretanto, em que pese certa antipatia, a essência das boas ideias. Estas,
todas elas, têm lá sua importância. Algumas mais, outras menos. São belas e
admiradas, nem que apenas para aqueles que as pariram. Afinal, boas ideias são
como espermatozoides. A maioria se perde pelo “caminho da vida”. As que vingam,
são como filhos e filhas. Gordinhas, magrinhas, altinhas, baixinhas,
estrábicas, peraltas, quietinhas... Amadas por quem as têm.
Nenhum comentário:
Postar um comentário