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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A PROVA (2)


A PROVA (2)
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br




                Final de mais um ano letivo. Alunos em polvorosa. Lembram um navio a naufragar. Nele, se vê de tudo, desde aquele a enxergar a tão falada luz ao fundo, como o que, precavidamente, constrói seu próprio bote salva-vidas. Tem, ainda, o grupo dos que transitam entre os extremos. Nem oito e nem oitenta. Tipo o náufrago com água pelo pescoço. Reza para todos os santos por um banquinho de areia, capaz de garantir-lhe algum fôlego. “Ano que vem será diferente”, prometem a si mesmos. Contudo, entra e sai ano, é sempre a mesma coisa. Fossem os santos vingativos (dizem que alguns têm memória curta...), tais alunos estariam em maus lençóis. Novembro é prenúncio não apenas do verão, mas da temida Recuperação de final de ano. Enquanto uma minoria conta os dias para as merecidas férias, coroando um ano letivo recheado de boas notas e conceitos, a maioria conta as “moedinhas”, torcendo para que alguns “centavos” caiam do céu. Dão a vida por um ou, até mesmo, meio “pontinho”. Parecem acreditar que, como num passe de mágica, aprenderão a nadar. Habilidade esta que, muitas vezes, propositada e irresponsavelmente, não fizeram a menor questão de aprender. Todas aquelas horas de treinamento, estudo e preleções pareciam demasiadamente chatas e desnecessárias. Agora, frente ao mar revolto e à distância da praia, os náufragos se ressentem das lições não apreendidas e não feitas. À medida que se avizinha a tragédia, muitos desses alunos demonstram certa crise de consciência. Por que aquela conversa paralela, enquanto o professor se estrebuchava lá na frente? Por que aquela atividade não feita ou entregue intempestivamente? Por que a desobediência às orientações mais elementares? Dizem que quando a morte se aproxima, passa como que um filme na cabeça do moribundo. Pois é... Mais ou menos assim na cabeça do aluno perante o cadafalso. Tarde demais, talvez. Quem sabe, reste um último suspiro. O desespero parece aumentar ao ver o olhar piedoso dos poucos colegas que “tiraram de letra” o ano. Enquanto estes usavam horas de sono e lazer preparando a “arca” que os livrasse do dilúvio típico e desesperador do término de ano, o aluno incauto prodigiosamente esbanjara seu tempo em fogosos prazeres. Chegara, todavia, a hora da ceifa. O que diria o professor? Resolvesse este dar, mais ainda, aos que têm e tirar do que não tem, jazeria o “filho desobediente” no mais profundo inferno astral. Entretanto, como bom pai, o mestre não se cansa de oportunizar mais uma, entre tantas outras, chance. Por alguns, chamada de amor ou de perdão. Para os pedagogos, simplesmente Prova de Recuperação. O nome, convenhamos, pouco importa. O que, de fato, conta, é a intenção. Esta, porém, para que não seja estéril, exige reciprocidade. Assim, queridos alunos, aproveitem cada momento e oportunidade para aprenderem e provarem, principalmente para si mesmos, de que são capazes de superarem as dificuldades, por maiores que sejam. 

2 comentários:

  1. Para os alunos que estudaram e se dedicaram o ano inteiro, minha admiração. Saiba que esses momentos que "deixaram de aproveitar" fogosos prazeres irão ser recompensados futuramente. Aos que não se dedicaram tanto assim, ainda há tempo de mudarem suas perspectivas escolares e torna-las acadêmicas.

    Conselhos de uma aluna que está colhendo seus frutos.

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  2. Dani, fico feliz em saber que "perdes" teu tempo lendo o que escrevo. É uma honra. Forte abraço.

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