A PROVA (2)
Gilvan Teixeira
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Final de mais um ano letivo. Alunos em polvorosa.
Lembram um navio a naufragar. Nele, se vê de tudo, desde aquele a enxergar a tão
falada luz ao fundo, como o que, precavidamente, constrói seu próprio bote
salva-vidas. Tem, ainda, o grupo dos que transitam entre os extremos. Nem oito
e nem oitenta. Tipo o náufrago com água pelo pescoço. Reza para todos os santos
por um banquinho de areia, capaz de garantir-lhe algum fôlego. “Ano que vem
será diferente”, prometem a si mesmos. Contudo, entra e sai ano, é sempre a
mesma coisa. Fossem os santos vingativos (dizem que alguns têm memória
curta...), tais alunos estariam em maus lençóis. Novembro é prenúncio não apenas
do verão, mas da temida Recuperação de final de ano. Enquanto uma minoria conta
os dias para as merecidas férias, coroando um ano letivo recheado de boas notas
e conceitos, a maioria conta as “moedinhas”, torcendo para que alguns “centavos”
caiam do céu. Dão a vida por um ou, até mesmo, meio “pontinho”. Parecem
acreditar que, como num passe de mágica, aprenderão a nadar. Habilidade esta
que, muitas vezes, propositada e irresponsavelmente, não fizeram a menor
questão de aprender. Todas aquelas horas de treinamento, estudo e preleções
pareciam demasiadamente chatas e desnecessárias. Agora, frente ao mar revolto e
à distância da praia, os náufragos se ressentem das lições não apreendidas e
não feitas. À medida que se avizinha a tragédia, muitos desses alunos
demonstram certa crise de consciência. Por que aquela conversa paralela,
enquanto o professor se estrebuchava lá na frente? Por que aquela atividade não
feita ou entregue intempestivamente? Por que a desobediência às orientações
mais elementares? Dizem que quando a morte se aproxima, passa como que um filme
na cabeça do moribundo. Pois é... Mais ou menos assim na cabeça do aluno
perante o cadafalso. Tarde demais, talvez. Quem sabe, reste um último suspiro. O
desespero parece aumentar ao ver o olhar piedoso dos poucos colegas que “tiraram
de letra” o ano. Enquanto estes usavam horas de sono e lazer preparando a “arca”
que os livrasse do dilúvio típico e desesperador do término de ano, o aluno
incauto prodigiosamente esbanjara seu tempo em fogosos prazeres. Chegara, todavia,
a hora da ceifa. O que diria o professor? Resolvesse este dar, mais ainda, aos
que têm e tirar do que não tem, jazeria o “filho desobediente” no mais profundo
inferno astral. Entretanto, como bom pai, o mestre não se cansa de oportunizar
mais uma, entre tantas outras, chance. Por alguns, chamada de amor ou de
perdão. Para os pedagogos, simplesmente Prova de Recuperação. O nome,
convenhamos, pouco importa. O que, de fato, conta, é a intenção. Esta, porém,
para que não seja estéril, exige reciprocidade. Assim, queridos alunos,
aproveitem cada momento e oportunidade para aprenderem e provarem,
principalmente para si mesmos, de que são capazes de superarem as dificuldades,
por maiores que sejam.
Para os alunos que estudaram e se dedicaram o ano inteiro, minha admiração. Saiba que esses momentos que "deixaram de aproveitar" fogosos prazeres irão ser recompensados futuramente. Aos que não se dedicaram tanto assim, ainda há tempo de mudarem suas perspectivas escolares e torna-las acadêmicas.
ResponderExcluirConselhos de uma aluna que está colhendo seus frutos.
Dani, fico feliz em saber que "perdes" teu tempo lendo o que escrevo. É uma honra. Forte abraço.
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