O OUTRO LADO DA COSTELA
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Quinze de julho. Dia do homem. Você sabia? Eu,
sinceramente, não. O comércio, no afã desesperado de enfiar seus produtos goela
abaixo, cria e reforça datas como a de hoje (ontem?). Ora, como se todos os
dias não nos pertencessem. No princípio era o Verbo, lembra? Na Pré-história era o homem das cavernas. Durante a Antiguidade, quem eram os reis, faraós e profetas? Na
Idade Média, eram os senhores feudais
quem davam as cartas. A Modernidade foi marcada pelos mecenas, enquanto na Contemporaneidade somos nós, os homens, que seguimos à frente das
grandes empresas, agremiações partidárias e clubes de futebol. Não fossemos
nós, o que seria delas? Eva, sem Adão... Inimaginável. Corpo sem costela.
Insustentável. Bambo, ao sabor do vento. São os homens o alicerce, o
sustentáculo, o provedor. Daí não haver espaço para a dor, para o choro e para
o sorriso fútil. Nossa insensibilidade foi tecida pelas agruras do tempo, pelas
guerras travadas em campo aberto e junto às trincheiras. O ar sisudo, o
forjamos ante a eterna ameaça do potencial concorrente. Traçamos um círculo
imaginário em torno de nossa casa e de nossa família e, com unhas e dentes,
afastamos tudo e todos que representem risco ao que julgamos ser nosso. Não
admitimos fraqueza e condenamos a covardia. Quinze de julho, que nada. Somos
senhores do tempo. Subjugamos o medo e afugentamos as forças etéreas ou
terrenas, jamais demonstrando qualquer titubeio frente ao desconhecido. Somos
faca na bota. Ainda mais para estas bandas do Sul, onde peão é peão e prenda é
prenda, onde ximango e maragato não se misturam. Cabe a nós a última palavra,
nem que seja para... aquiescer (minha mulher acabou de chegar neste momento!).
O que nos torna especiais é a possibilidade de nos vermos em nossa “cara
metade”. O que é nossa labuta perto das dores do parto? O tempo que aparentemente
perdemos a espera da mulher amada, envolta em suas compreensíveis vaidades, em
nada se compara com a longa espera gestacional. Mulheres guerreiras, valentes,
multifuncionais. Não fossem vocês, estaríamos perdidos, incapazes que somos de cuidar
para que o leite não se espraie pelo fogão, de enrolar as meias ou de achar as
próprias cuecas. Somos tolos, isto sim. Morremos mais cedo, nos matamos mais
fácil e nos corrompemos por quase nada. Ano após ano, geração após geração.
Teimamos em não aprender com os erros do passado. Quebramos prefeituras e
insistimos em discursos que pouco mais produzem do que cuspe e mau hálito. Pensando
bem, ter um dia em alusão a nós já é muito. Quase um exagero. Quiçá, presente
de uma mulher. Viva o nosso dia! Parabéns a todos os homens...
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