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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

A LISTA


A LISTA
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br




                Procurando o nome na lista de alunos aprovados por média? Por quê? Tens alguma dúvida? Ora, o resultado final não deveria causar nenhuma surpresa ou solavanco, não é mesmo? Afinal, quase sempre, colhemos aquilo que plantamos. Qual foi o grau de dedicação e comprometimento com os estudos? A resposta é diretamente proporcional à certeza que tens (ou deverias ter...) quanto ao fato de veres, ou não, teu nome inserido na tão aguardada Lista. Claro, há que se admitir certa “margem de erro”, especialmente para aqueles raros casos em que, apesar de todo esforço, ainda assim, o conteúdo explicado nas aulas parece teimar em entrar na cachola. A Lista não deveria surpreender, seja para o bem do próprio educando, da família, da escola, da sociedade como um todo, seja, ainda, para o bem da educação, afinal esta última carece, cada vez mais, de coerência e previsibilidade. Discursos não faltam em defesa da aprovação a qualquer custo, objetivando quiçá a obtenção de dados “positivos”, ainda que para lá de mascarados. Não menos danosos são os chavões que, na prática, fazem da nota um triste e perverso açoite para compensar a incompetência do educador em dar conta do recado. A Lista deveria revelar o “preto no branco”, coroando o casamento perfeito entre o previamente combinado e o efetivamente realizado. Estar nela deveria ser, ainda, regra e não exceção. Infelizmente, contudo, a Lista tem estado não apenas cada vez mais magra, mas também mais pobre em qualidade. Mesmo a flagrante mediocrização do ensino tem se mostrado incapaz de ampliá-la. Causa tristeza ver a Lista virar um fim em si mesmo. O que importa, para maioria, é ver seu nome ali inscrito, como se fosse o próprio Livro da Vida. Poucos demonstram preocupação em saber como seu nome foi parar ali, se foi produto do trabalho e verdadeira dedicação ou se foi obra do acaso ou, o que não deixa de ser pior e mais constrangedor, se foi resultado da “bondade” docente. O que seria mais preocupante, constar ou deixar de constar na Lista por alguns minguados “pontinhos”? Existem até aqueles que, em troca de um lugarzinho no tão sonhado rol da “fama”, se comprometem com alguns Pais-Nossos e pagamento de promessas. Há também os que juram, reiteradamente, que no próximo ano será diferente, fazendo lembrar a eterna dieta da segunda-feira. Para fazer parte da Lista, para muitos, vale de tudo, até botar uma “pressão” neste ou naquele professor. A Lista ressuscita até mortos. Aquela mãe que jamais compareceu na escola e sequer sabe o Ano do rebento ou o nome da “prô”, até ela, acreditem, resolve dar as caras e cobrar o nome do filho na Lista. Rola, por vezes, desde sutis ameaças até a mais escancarada agressão. O blefe corre solto: “caso rodem meu filho, vou tirá-lo da escola”. Como se o pobrezinho fosse vítima senão do próprio desleixo e da falta de vigilância familiar. É duvidar, lá está o guri no ano seguinte, acompanhado da mãe, como se nada tivesse acontecido... A Lista tem sido a própria síntese da decadência e do fracasso escolares. Urge repensá-la, vê-la como a ínfima parte de um perigoso iceberg que coloca em risco gerações inteiras de naus a espera de um norte. Cabe, principalmente, a nós adultos (pais, professores, gestores, estudiosos...) apontarmos o caminho. Ah, antes que esqueça: parabéns ao que tiveram (ou tiverem) o nome inscrito na Lista. Quanto aos demais... 

Veja também:
http://www.institutosaofrancisco.com.br/site/artigos_visualizar.php?artigo_autenticacao_=08b984a0bd07290bbc25d5ff738c5790

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