A LISTA
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Procurando o nome na lista de alunos aprovados por
média? Por quê? Tens alguma dúvida? Ora, o resultado final não deveria causar
nenhuma surpresa ou solavanco, não é mesmo? Afinal, quase sempre, colhemos
aquilo que plantamos. Qual foi o grau de dedicação e comprometimento com os
estudos? A resposta é diretamente proporcional à certeza que tens (ou deverias
ter...) quanto ao fato de veres, ou não, teu nome inserido na tão aguardada Lista.
Claro, há que se admitir certa “margem de erro”, especialmente para aqueles
raros casos em que, apesar de todo esforço, ainda assim, o conteúdo explicado
nas aulas parece teimar em entrar na cachola. A Lista não deveria surpreender,
seja para o bem do próprio educando, da família, da escola, da sociedade como
um todo, seja, ainda, para o bem da educação, afinal esta última carece, cada
vez mais, de coerência e previsibilidade. Discursos não faltam em defesa da
aprovação a qualquer custo, objetivando quiçá a obtenção de dados “positivos”,
ainda que para lá de mascarados. Não menos danosos são os chavões que, na
prática, fazem da nota um triste e perverso açoite para compensar a
incompetência do educador em dar conta do recado. A Lista deveria revelar o
“preto no branco”, coroando o casamento perfeito entre o previamente combinado
e o efetivamente realizado. Estar nela deveria ser, ainda, regra e não exceção.
Infelizmente, contudo, a Lista tem estado não apenas cada vez mais magra, mas
também mais pobre em qualidade. Mesmo a flagrante mediocrização do ensino tem
se mostrado incapaz de ampliá-la. Causa tristeza ver a Lista virar um fim em si
mesmo. O que importa, para maioria, é ver seu nome ali inscrito, como se fosse
o próprio Livro da Vida. Poucos demonstram preocupação em saber como seu nome
foi parar ali, se foi produto do trabalho e verdadeira dedicação ou se foi obra
do acaso ou, o que não deixa de ser pior e mais constrangedor, se foi resultado
da “bondade” docente. O que seria mais preocupante, constar ou deixar de
constar na Lista por alguns minguados “pontinhos”? Existem até aqueles que, em
troca de um lugarzinho no tão sonhado rol da “fama”, se comprometem com alguns
Pais-Nossos e pagamento de promessas. Há também os que juram, reiteradamente,
que no próximo ano será diferente, fazendo lembrar a eterna dieta da
segunda-feira. Para fazer parte da Lista, para muitos, vale de tudo, até botar
uma “pressão” neste ou naquele professor. A Lista ressuscita até mortos. Aquela
mãe que jamais compareceu na escola e sequer sabe o Ano do rebento ou o nome da
“prô”, até ela, acreditem, resolve dar as caras e cobrar o nome do filho na
Lista. Rola, por vezes, desde sutis ameaças até a mais escancarada agressão. O
blefe corre solto: “caso rodem meu filho, vou tirá-lo da escola”. Como se o
pobrezinho fosse vítima senão do próprio desleixo e da falta de vigilância
familiar. É duvidar, lá está o guri no ano seguinte, acompanhado da mãe, como
se nada tivesse acontecido... A Lista tem sido a própria síntese da decadência
e do fracasso escolares. Urge repensá-la, vê-la como a ínfima parte de um
perigoso iceberg que coloca em risco
gerações inteiras de naus a espera de um norte. Cabe, principalmente, a nós
adultos (pais, professores, gestores, estudiosos...) apontarmos o caminho. Ah,
antes que esqueça: parabéns ao que tiveram (ou tiverem) o nome inscrito na
Lista. Quanto aos demais...
Veja também:
http://www.institutosaofrancisco.com.br/site/artigos_visualizar.php?artigo_autenticacao_=08b984a0bd07290bbc25d5ff738c5790
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