UH, É TERCEIRÃO
Prof. Gilvan
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
É, mais um ano que chega ao ocaso. Duas turmas de formandos
que veem o coroamento do esforço de uma labuta que perdurou onze, doze anos ou
mais. Levantar cedo, abrir mão quem sabe do lazer, torcer para que o ônibus não
tardasse ou que o larápio e flibusteiro passasse de largo. Chegar uniformizado no
horário, não esquecer a agenda, retornar do recreio antes do segundo sinal, cuidar
para não dormir nas aulas do Gilvan... Os pais a perguntarem sobre a nota
daquela prova que melhor seria não ter existido, o mantra sobre o ENEM, a
pressão pela escolha “certa” do curso acadêmico e a expectativa da carreira
profissional. Para compensar, nada melhor do que a companhia dos amigos.
Amizades que singraram as ondas do tempo e, ainda assim, resistiram incólumes
às vicissitudes da vida. Aquele inconfundível sorriso, o afetuoso abraço e,
sobretudo, a certeza de poder contar com toda aquela cumplicidade. O final de
semana difícil, o conflito familiar, a pindaíba aparentemente sem fim, o
término de um relacionamento... Tudo parecia sumir quando na companhia dos
verdadeiros amigos. Parece mentira, ainda ontem não passavam de pequerruchos a
carregarem suas mochilinhas coloridas e merendeiras. Corriam pelo pátio, feito
loucos, para desespero de quem os cuidava. Trocavam figurinhas e cartinhas
cheias de uma pueril ingenuidade, nem por isso, destituídas de sinceridade. O
primeiro caderno, a primeira “prô”, o primeiro “amor”, ainda que em formato de
um pequeno ser com pouco mais de um metro de comprimento. Quantas histórias
juntos? Passeios inesquecíveis, festas memoráveis e segredos inconfessáveis. Só
o tempo para transformar as peraltices e travessuras de outrora em boas
lembranças. Como bálsamo, só ele para cicatrizar as feridas, mesmo as mais
profundas. O tempo traz a cura, mas também alguns efeitos colaterais, como a
saudade. A mesma que nasce desde já, saudade dos tempos de “São Chico”. A
vontade de chorar só não é maior do que a certeza de que, assim como a
debutante, aproxima-se o instante em dar o braço ao futuro, que aguarda para a
tão esperada valsa da vida. Dentre os convidados, este singelo professor.
Sentirei falta de cada um e de cada uma de vocês. Foi um ano excepcional de
convívio, onde muito mais aprendi do que ensinei. Os conteúdos, muitos deles,
se perderão nos becos e ruelas da memória, mas a amizade e admiração construídas
permanecerão para sempre. A saudade baterá à porta quando lembrar das
brincadeiras em aula, dos puxões de orelha em quem ousasse sequer pensar em
mexer no celular, das perguntas atrapalhadas ou protelatórias de alguns
colegas. Lembrarei de vocês a cada Festa Junina ou Gincana. Os recreios, por
certo, já não serão os mesmos. Toda vez que olhar para o fundo da Cantina virá
à lembrança aquele casalzinho comportado. Como esquecer a galera que, todo santo
dia – salvo finais de semana e feriados, é claro... –, se posicionava próximo à
imagem do Padroeiro? Fizeram história na Escola e marcaram, de maneira
indelével, o coração deste velho professor. Resta, neste momento, primeiro
agradecê-los e desejar a vocês muita paz, sabedoria, saúde, felicidade e
sucesso. Jamais esqueçam que nada tem maior valor do que a relação com o “outro”,
portanto pautem a conduta na ética, na verdade e no respeito, virtudes estas
que nascem do amor. Não pude abraçar a todos, mas o faço agora através deste
singelo texto. Parabéns e que Deus os abençoe! Dá-lhe Terceirão.
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