REMÉDIO E VENENO: UMA QUESTÃO DE DOSAGEM
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Quem trabalhou ou trabalha em escola sabe o quanto é
difícil, porém necessário, explicar às crianças e adolescentes a diferença
entre a “brincadeira” e o “ato de indisciplina”, este último sujeito aos “puxões
de orelha” previstos no Estatuto Disciplinar ou algo que o valha. Comum é
lidarmos com situações onde o educando é encaminhado para a Direção ou
Coordenação de Disciplina porque ofendeu, machucou ou ameaçou o colega, por
exemplo. Não menos comum é nos depararmos com a “justificativa” dada pelo
aluno: ”tudo não passava de uma brincadeira”. Sincera ou não a explicação – até
porque é difícil averiguar a verdadeira intencionalidade do ato –, precisamos
admitir o quanto é tênue o limite que separa o “brincar” daquilo que o extrapola,
passando a ser um problema. Faz lembrar o conhecido dito popular de que o que
diferencia o remédio do veneno é, no frigir dos ovos, a dosagem aplicada. Brincadeira
é quando todos os envolvidos se divertem, sem qualquer espécie de prejuízo a
eles e/ou a terceiros. Por outro lado, quando alguém – mesmo que de fora do circuito
da “brincadeira” – sai ferido, magoado, lesado ou diminuído em sua dignidade,
aí passamos a ter um problema. Toda brincadeira tem limites, marcos estes que
devem estar assentados no respeito, na ética, na verdade, na honestidade e, é
claro, na diversão e no lúdico. Divertir-se é não apenas aceitável, como
necessário e saudável, algo indispensável à formação do sujeito enquanto
pessoa. O prazer que nasce da diversão é como cimento imprescindível à edificação
de homens e mulheres mais felizes e melhor preparados para construção de uma
sociedade mais harmoniosa e menos desequilibrada. Contudo, o próprio “brincar”
obedece, ou deveria obedecer, certas ordens, alguns paradigmas necessários para
que a alegria de “um” não se transforme em tristeza para “outro”. O que é, por
exemplo, o bullying senão uma perversa
e abominável prática onde alguém se “diverte” às custas de outrem? Brincar, é
remédio para alma. Extrapolar a brincadeira, por sua vez, é veneno para as
relações. A brincadeira aproxima, enquanto o exagero não apenas distancia, mas –
por vezes – é tão cruel a ponto de apagar até mesmo as pegadas que poderiam
levar a um novo encontro de perdão. A brincadeira rejuvenesce, o excesso
recrudesce a vil tirania do aparentemente mais forte em face da vítima. A
brincadeira abre portas e faz brotar a amizade, já a maldade sepulta a
confiança mútua. Brincar é como bálsamo que restaura a saúde, faz correr a dor
e afugenta a nuvem sombria da descrença na vida. Distorcê-la, contudo, é lançar
irresponsavelmente o sentimento alheio contra os duros penedos, deixando – por
vezes – cicatrizes eternas na memória. À escola e, principalmente, à família
cabe educar o rebento, orientá-lo a discernir entre o certo e o errado (aos
defensores do relativismo doentio, afirmo existir sim o “certo” e o “errado”!),
diferenciar o veneno do remédio, primar pelo respeito ao outro, sem abrir mão
ou deixar de lado a brincadeira e a felicidade. Boa diversão a todos!
Veja também:
http://www.sinepe-rs.org.br/site/informacao/opinioes_125
Veja, ainda:
http://www.institutosaofrancisco.com.br/site/artigos_visualizar.php?artigo_autenticacao_=d2edbf7abcb878468e6019d4a8b73e2e
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