VAKINHA
Gilvan
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
É vakinha
com “k” mesmo. Também fiquei surpreso, assim como o leitor. Contudo, o que mais
chamou atenção não foi a grafia da palavra, mas o que a ela estava associado.
Há algum tempo venho pesquisando na internet
os preços não de “um”, mas “do” projetor “Multimídia Powerlite Presenter L”, da
Epson. Os anúncios acerca do produto são estonteantes. Fazem lembrar um
programa (antigo?) de humor que trazia entre os seus quadros as “Organizações
Tabajara: seus problemas acabaram!”. O fabricante promete verdadeiro milagre
tecnológico. Um produto revolucionário, capaz de despertar a atenção dos
disléxicos, hiperativos e, acreditem, até da gurizada da sétima. Matemática,
História, Física, Química... No meu caso, Geografia. Tal é o apelo publicitário
que um que outro incauto professor até poderia imaginar a turma inteira
literalmente babando de prazer, quase que orgástico, diante da explosão de
imagens e cores a brotarem da lâmpada. Esta de led com quatro, sim, quatro mil horas de vida útil. Vai-se o
professor, fica a lâmpada. Que inveja! Sem falar em todos aqueles botões e
entradas de todo tipo: USB, HDMI, etecetera e tal. Mas, como ia dizendo, o que
realmente chamou atenção no site
pesquisado foi um link que trazia
como nome o título deste singelo texto: VAKINHA.
O termo, por si só, já chamaria atenção. O nome com “k”, mais ainda. Não tive
dúvidas, entrei. Ao fazê-lo descobri algo que até então me parecia inimaginável
num mundo tão egoísta. A possibilidade de ajudar ou ser ajudado. No meu caso,
professor, sabe como é... Ser ajudado pelos “amigos” (leia-se “contatos”, a
maioria tão distantes e impessoais como o Evereste) na compra de tudo o que se
possa imaginar, desde livros até aviões, passando por vibradores e até urinóis.
Exageros à parte, o fato é que a ideia (sem o acento perdeu o charme) me
pareceu genial. Finalmente poderia comprar o tão sonhado projetor. Contudo,
passado o ímpeto – é como se tivesse descoberto a América –, aos poucos foi
caindo a ficha. Quem iria se dispor a ajudar este pobre sujeito? Eu mesmo
titubearia frente a pedido semelhante. Cheirava a falcatrua. Ora, vakinha definitivamente soava como
estelionato. Pior, um estelionato “emocional”. Como os “amigos” encarariam o
pedido? Quanto aos desconhecidos, tudo bem... Mas e os conhecidos? Alunos,
professores, parentes, o público que me conhece? Chacota na certa. Parecia
ouvir os comentários: “coitado!”; “pilantra”; “safado”; “chantagista”;
“cara-de-pau”. Não parecia bom negócio. Arriscado demais para minha reputação.
Por que não inventaram outro nome para a iniciativa? Tipo, assim... APAE,
Legião da Boa Vontade, Professor Esperança. Sei lá, criar um zero oitocentos: “disque
um para doar vinte reais, dois para doar quarenta reais, três para...”. Mas, vakinha??? Por outro lado, talvez, o
termo bem que combine com nós, professores. Vakinha,
aulinha, vidinha, casinha... Tudo parece tão pequeno e no diminutivo para nós
docentes. Bom, o que fazer? Topar ou não o desafio da vakinha? Decidi pelo não, ao menos por hora. Mas que a ideia não é
de todo ruim, não é mesmo... Caso queiram ajudar...
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