O HOMEM DE PAU GRANDE
Gilvan Teixeira
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blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Desejado pelas mulheres e idolatrado pelos homens, o
sujeito não fazia a menor questão de esconder, digamos..., seus “dotes”. Muitos
meninos queriam ser como ele. Quem o via, ficava assombrado. Mesmo as pernas um
tanto que tortas eram um nada diante daquilo que realmente chamava atenção.
Aqueles que o conheciam de longa data, não tinham dúvida: nascera assim.
Encantava as mulheres de todas as idades, desde as mais moças às mais maduras.
Esqueciam o companheiro do lado e os olhos eram todos para o jovem moço. A
paixão corria solta, sem escolher cor ou posses. Dizem que até importantes
musas da música vergaram diante do sujeito. Como podia o grande Olimpo ter concedido
a apenas um mortal tamanha “habilidade” para produzir indisfarçável prazer não
em apenas uma, mas em várias criaturas ao mesmo tempo? Sucumbiam diante daquelas
pernas ébrias, onde despontava o couro arredondado e firme, passeando de um lado
para outro, ziguezagueando de forma mágica, enquanto os corações se entregavam,
em uníssono, ao espetáculo de fazer inveja a Apolo. Fazia lembrar o pêndulo de
um relógio, preciso, porém ao contrário do cuco, imprevisível e desconcertante.
Era imaginar que o troço fosse para esquerda, lá estava ele na direita, como a
bolinha por entre os dedos habilidosos de um ilusionista. Espantoso. A inveja
que saltava aos olhos era apenas uma dentre tantas outras filhas da natureza
humana. Por que ele e não eu? Estadistas, milionários, chefes religiosos,
muitos deles trocariam tudo o que tinham por um naco daquela glória a cercar o
jovem de não mais do que um metro e setenta. O brilho era-lhe natural, sem
qualquer contribuição dos penduricalhos farmacológicos ou da cosmética moderna.
Quem não o conhecia? Quem não o reverenciava? Vinham de longe só para vê-lo,
mirá-lo com os olhos, ainda que a distância coibisse qualquer intenção de
tocá-lo. O que eram as pernas femininas iluminadas pelos holofotes do mundo da
moda comparadas às dele? Destas últimas nasciam momentos de uma espécie de
orgasmo coletivo, indescritível, inarrável, ainda que por meio da voz de um
Jorge Cury ou Oswaldo Moreira. Misto de piedade e sadismo da plateia em relação
ao adversário. O desgraçado, muito comumente, quedava exausto sobre o tapete
verde, completamente desnorteado após aquela sequência de dribles que surgiam
sabe-se lá de onde, o mesmo tapete que servia de palco ao homem de Pau Grande. Saudades
de Garrincha.
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