O CUPINZEIRO
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
A quem pertence nossa casa? Deixemos os cupins
tomarem conta de nossa morada ou optemos por exterminá-los? Inexiste convívio
pacífico ou harmonioso com tal tipo de praga quando em jogo nosso ambiente
doméstico. Começam devagarzinho. Um pozinho aqui, outro acolá. Um furinho ali,
outro um pouco mais adiante. Dali algum tempo, vemos os móveis tomados por
eles. É relutar em enfrentá-los, somos expulsos de nossa própria casa. O Brasil
tem, há muito, se convertido num imenso cupinzeiro. Rodovias, ferrovias, pontes,
estatais, aeroportos, escolas, portos, hospitais, presídios, finanças
públicas... Tudo para lá de carcomido pelos “cupins” que infestam nosso
arremedo de República. Comprometem os alicerces não apenas do Planalto Central,
mas de todos os estados e regiões do país, do Oiapoque ao Chuí. Escondem-se em
meio aos corredores de Brasília, do Piratini e da Prefeitura do meu (teu)
município. Despejam seus ovos no Executivo, Legislativo e Judiciário,
mascarando seus estragos por meio de práticas coronelistas e troca de favores. Buscam
amainar o mau cheiro, advindo da sórdida podridão, por meio de pleitos
questionáveis – pois que, quase sempre, arrebatadores dum incontável número de
analfabetos políticos – ou através de cargos em comissão capazes de criar um
exército de serviçais puxa-sacos com pouco ou nenhum preparo técnico e
intelectual. Os “cupins” de que vos falo também voam, conforme sopra a brisa de
interesses. Hora estão aqui, hora acolá. Hora neste, hora naquele partido. Hora
nesta, hora naquela Secretaria ou Departamento. À medida que aterrissam, vão
deixando para trás um rastro de asas. A maioria opta pelo escurinho do
anonimato, desde que não os deixem sem a comida que vem da celulose de salários
rechonchudos pagos pelo contribuinte. Os “cupins” que infestam nossas terras
topam qualquer parada. Não satisfeitos com a mobília dos gabinetes, apelam para
licitações fraudulentas, “sobras de campanha” e dividendos escusos de
empreiteiras que vivem da desconstrução de nossa esperança e do alijamento de
nossa combalida honra. Aliam-se à torpeza, ao tráfico de toda natureza e à propaganda
midiática que, de forma primorosa, mantém os legítimos donos desta Casa à
margem da verdadeira cidadania. Por aqui, os “cupins” vestem toga, usam terno e
gravata e adoram dar carteiraço. Desfilam em carros de luxo, repousam em
mansões, viajam pelo mundo de primeira classe, curtem resorts badalados, estouram uma Goût
de Diamants e ocupam as colunas sociais. Enquanto isso, os donos da Casa se
debatem em meio à escalada da violência, à degradação dos valores, à pífia
desenvoltura do ensino, à insana carga tributária, à superlotação dos hospitais
e à falta de perspectiva em dias melhores. Os “cupins” da Republiqueta
verde-amarela se reproduzem em meio à omissão, alastrando-se por entre os
(des)caminhos e túneis diuturnamente construídos, sob o manto ufanista da
Pátria amada. Não podemos mais tolerar e conviver com os “cupins”. São eles ou
nós (eu e tu). Para eles, o arcabouço jurídico de nada vale, pois há muito não
apenas corroeram o Judiciário, como avacalharam o Direito positivado. Fizeram
do Legislativo e do Executivo pródigas moradas, pois que ambos distantes da
claridade democrática. Restará outra saída que não o extermínio? Varrê-los
desta Casa trata-se não de uma opção, mas de uma necessidade. Questão de
sobrevivência, nossa, não dos malditos cupins.
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