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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O CUPINZEIRO


O CUPINZEIRO
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br

               


                A quem pertence nossa casa? Deixemos os cupins tomarem conta de nossa morada ou optemos por exterminá-los? Inexiste convívio pacífico ou harmonioso com tal tipo de praga quando em jogo nosso ambiente doméstico. Começam devagarzinho. Um pozinho aqui, outro acolá. Um furinho ali, outro um pouco mais adiante. Dali algum tempo, vemos os móveis tomados por eles. É relutar em enfrentá-los, somos expulsos de nossa própria casa. O Brasil tem, há muito, se convertido num imenso cupinzeiro. Rodovias, ferrovias, pontes, estatais, aeroportos, escolas, portos, hospitais, presídios, finanças públicas... Tudo para lá de carcomido pelos “cupins” que infestam nosso arremedo de República. Comprometem os alicerces não apenas do Planalto Central, mas de todos os estados e regiões do país, do Oiapoque ao Chuí. Escondem-se em meio aos corredores de Brasília, do Piratini e da Prefeitura do meu (teu) município. Despejam seus ovos no Executivo, Legislativo e Judiciário, mascarando seus estragos por meio de práticas coronelistas e troca de favores. Buscam amainar o mau cheiro, advindo da sórdida podridão, por meio de pleitos questionáveis – pois que, quase sempre, arrebatadores dum incontável número de analfabetos políticos – ou através de cargos em comissão capazes de criar um exército de serviçais puxa-sacos com pouco ou nenhum preparo técnico e intelectual. Os “cupins” de que vos falo também voam, conforme sopra a brisa de interesses. Hora estão aqui, hora acolá. Hora neste, hora naquele partido. Hora nesta, hora naquela Secretaria ou Departamento. À medida que aterrissam, vão deixando para trás um rastro de asas. A maioria opta pelo escurinho do anonimato, desde que não os deixem sem a comida que vem da celulose de salários rechonchudos pagos pelo contribuinte. Os “cupins” que infestam nossas terras topam qualquer parada. Não satisfeitos com a mobília dos gabinetes, apelam para licitações fraudulentas, “sobras de campanha” e dividendos escusos de empreiteiras que vivem da desconstrução de nossa esperança e do alijamento de nossa combalida honra. Aliam-se à torpeza, ao tráfico de toda natureza e à propaganda midiática que, de forma primorosa, mantém os legítimos donos desta Casa à margem da verdadeira cidadania. Por aqui, os “cupins” vestem toga, usam terno e gravata e adoram dar carteiraço. Desfilam em carros de luxo, repousam em mansões, viajam pelo mundo de primeira classe, curtem resorts badalados, estouram uma Goût de Diamants e ocupam as colunas sociais. Enquanto isso, os donos da Casa se debatem em meio à escalada da violência, à degradação dos valores, à pífia desenvoltura do ensino, à insana carga tributária, à superlotação dos hospitais e à falta de perspectiva em dias melhores. Os “cupins” da Republiqueta verde-amarela se reproduzem em meio à omissão, alastrando-se por entre os (des)caminhos e túneis diuturnamente construídos, sob o manto ufanista da Pátria amada. Não podemos mais tolerar e conviver com os “cupins”. São eles ou nós (eu e tu). Para eles, o arcabouço jurídico de nada vale, pois há muito não apenas corroeram o Judiciário, como avacalharam o Direito positivado. Fizeram do Legislativo e do Executivo pródigas moradas, pois que ambos distantes da claridade democrática. Restará outra saída que não o extermínio? Varrê-los desta Casa trata-se não de uma opção, mas de uma necessidade. Questão de sobrevivência, nossa, não dos malditos cupins. 

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