BASE NACIONAL COMUM: UMA SAÍDA DEMOCRÁTICA PARA O
ENSINO?
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Corre a notícia acerca da intenção do Ministério da
Educação (MEC) em construir uma Base
Nacional Comum para a Educação Básica. A ideia, em que pese nada ter de
nova, suscita uma série de dúvidas e desconfianças. Tal iniciativa não
engessaria o trabalho docente? Não colocaria em risco a autonomia das escolas?
Não olvidaria as idiossincrasias regionais deste país continental? Os
argumentos contrários e favoráveis à implantação de uma Base Nacional Comum
surgem, ambos, na mesma velocidade. Alguns mais, outros menos convincentes. A intenção do ente federal parece boa, pois
favorece a construção de uma espinha dorsal programática em âmbito nacional,
opção esta que vem ao encontro, por exemplo, de outras iniciativas federais
como o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Arruma-se, até certo ponto, a “casa”,
ao menos sob o ponto de vista formal. Todas as escolas do país, públicas ou
não, passariam a contar com uma espécie de “listagem” comum de conteúdos
mínimos a serem trabalhados nas respectivas séries/anos da Educação Básica. Acabaria
com esta “Babel” que conhecemos, onde inexiste qualquer coerência ou
homogeneidade no que tange aos conteúdos trabalhados pelas instituições de
ensino, situação esta que, diga-se de passagem, traz sérios prejuízos aos
educandos, especialmente aqueles que, por algum motivo, transitam de uma escola
para outra, de uma cidade para outra ou, ainda, de um estado federativo para
outro. Quanto às diferenças regionais, por óbvio existentes, a saída parece ter
sido pensada pelo MEC. A Base Nacional Comum representaria cerca de dois terços
do total de conteúdos a serem trabalhados, sendo que o restante seria utilizado
para inserção de conteúdos tipicamente regionais ou locais, iniciativa este que
garantiria o respeito às diferenças existentes neste país de invejável dimensão
territorial. Por outro lado, a implantação de uma Base Nacional Comum nem de
perto é garantia de melhoria da qualidade do ensino ofertado neste país. A
simples “previsão” de um rol de conteúdos mínimos a serem estudados não é
sinônimo de efetiva aprendizagem. É para lá de sabido – em que pese a histórica
omissão, incompetência e irresponsabilidade do Poder Público, por exemplo – que
um “ensino” de qualidade passa, sobretudo, por efetivos investimentos na infraestrutura
física das escolas, na formação profissional do corpo docente, na valorização
salarial do magistério e na competente gestão escolar. Optar pela mera
implantação de uma Base Nacional Comum, sem levar em conta os demais fatores, é
inócuo e absolutamente estéril. Infelizmente, não são poucas as iniciativas
governamentais concebidas em gabinetes e completamente distanciadas da vontade
da maioria ou mesmo dos segmentos diretamente envolvidos com o assunto em
questão. O Estado brasileiro, apesar de
mastodôntico, parece acéfalo. Absurdamente caro, porém incapaz de responder
ao mínimo daquilo que se espera dele. Assim, não causam estranheza as
desconfianças acerca das intenções do Ministério da Educação. O tema, contudo, merece uma profunda reflexão, pois diz respeito ao mais importante
pilar constitutivo do desenvolvimento econômico e social.
Veja também:
http://institutosaofrancisco.com.br/site/artigos_visualizar.php?artigo_autenticacao_=a34169b39603ad2805ca6b41d2e7f9c8
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