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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

ANTIPETISMO: SAÍDA PARA CRISE?


ANTIPETISMO: SAÍDA PARA CRISE?
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                Findo o primeiro turno das eleições deste ano (2014), restou clara uma espécie de “antipetismo” por grande parte do eleitorado. Votantes que, embora nem um pouco convencidos acerca dos candidatos a serem escolhidos, tinham uma só certeza: não votar no Partido dos Trabalhadores. Tamanha ojeriza e repúdio ao PT, obviamente não é de graça. Os vícios que outrora configuravam o principal alvo dos discursos inflamados dos “companheiros”, há algum tempo – a coincidir com os sucessivos mandatos sob a liderança do PT – vêm corroendo as administrações petistas em todas as esferas. Corrupção, malversação de recursos públicos, apadrinhamento, confusão entre público e privado, loteamento do Estado e das empresas públicas pelos “amigos do rei”, são apenas alguns tristes e vergonhosos exemplos dos condenáveis pecados praticados pelo partido que até pouco tempo atrás se arvorava como sinônimo de honestidade, ética e “nova forma” de governar. A política petista – política esta, vale lembrar apoiada e respaldada por muitos outros partidos, como o próprio PMDB, que aqui no Rio Grande do Sul tem em Sartori seu candidato ao governo estadual – vem se mostrando nefasta. A carga tributária insana, somada à precariedade dos serviços públicos, faz do Brasil um dos maiores paradoxos da Terra. Apesar de ser uma potência econômica, o país segue no rol dos países com pior distribuição de renda, onde a maioria permanece alijada das mínimas condições de saúde, segurança, educação e saneamento básico, por exemplo. O discurso paradisíaco, recheado de cifras estratosféricas, contrasta com a realidade fria do dia-a-dia. Os números, produto muitas vezes do marketing pago a preço de ouro, se mostram incapazes de arrefecer o mau cheiro que nasce do “chorume” de Brasília. O que se vê, de fato, é, por exemplo, a classe trabalhadora vendo seu poder de compra achincalhado pela extorsão tributária via imposto de renda, aposentados vitimados pelo pérfido fator previdenciário, empresários encurralados por taxas de juros abusivas, mães a verem seus filhos e filhas se perderem em meio à violência e ao tráfico, crianças e jovens enfiadas em escolas sucateadas que pouco ensinam, sistemas prisionais aquém das masmorras medievais... Exemplos não faltam para testificarem a falência do Estado no Brasil. Culpa de quem? Arrolar o PT com único responsável por tamanha tragédia é, no mínimo, ingênuo. A falha na gestão é histórica, antecedendo e perpassando não apenas o Partido dos Trabalhadores, mas quase todas as agremiações que povoam o confuso e risível quadro partidário nacional. A “sopa” de letras e siglas existentes comprova a imaturidade política de nossa gente. A pocilga político-partidária em que se transformou o Brasil é motivo não apenas de chacota, mas de preocupação com os rumos deste país. O antipetismo, apesar de compreensível, é injustificável, pois não passa de um reducionismo simplório e quase irresponsável. O “furo” é muito mais embaixo. O que faz água são as estruturas da República, corroídas que estão pelos ratos das mais diversas cores partidárias. Partidos são feitos de pessoas. Estas é que são honestas ou não, honradas ou não, éticas ou não. Os partidos, em tese, deveriam representar ideologias distintas e, por conseguinte, vir ao encontro de determinados segmentos da sociedade. Contudo, no Brasil, objetivando abarcar o maior número possível de eleitores, os partidos perdem em originalidade. A chegada e a permanência no “poder” passam a ser um fim em si mesmo e, para isso, amancebam-se e se prostituem. Daí soar como “natural” – não como “ideal” – o voto na “pessoa” e não no “partido”. Talvez aqui esteja a saída para o atávico imbróglio político-partidário nacional. Bem-vinda seja a dialética que daí nasce. Cabe ao eleitor escolher o candidato com as melhores credenciais e que represente seus interesses. Cabe ao eleito, por sua vez, tensionar sua agremiação para que faça jus à respectiva “bandeira”. Cabe, por fim, ao partido zelar pela “fidelidade” de seus representantes e cumprimento de seus princípios, depurando – sempre que necessário – seus “quadros”, tendo por norte a ética e a coerência programática. 

2 comentários:

  1. Pois é, por pior que pareça, e não sei se isso de fato melhoraria, mas com certeza mudaria algo, só vejo a revolução como meio de mudança. O sistema está tão corrompido, não pelas ideologias, mas pelas pessoas falíveis que as utilizam como cartão de visita, que eu honestamente não vejo saída para o politico honesto, o que dizer então do desonesto, acostumado a viver da troca de favores(e valores). Voltando a questão partidária é sofrível ver pessoas pobres votando em candidatos neo-liberais, adeptos do estado mínimo e outras ideias que favorecem a parcela já favorecida da população. Eu não sou filiado a nenhuma agremiação ou partido, mas sou de esquerda, marxista, ou o que for por contexto e formação. Minha situação, talvez um pouco melhor que a do meu vizinho que vive de "bicos" não me permite achar que tudo está bem, já que tenho mais do que ele, então a pobreza não me afeta e azar dos que não tem o que comer, mas isso acontece com muita gente a minha volta. A propaganda capitalista consegue incutir nas pessoas que os problemas vem do Estado, mas não devem ser resolvidos por ele. Enquanto isso, as pequenas empresas privadas fecham por não suportar a carga tributária, o moleque rouba um tênis que só de imposto tem 60% do seu valor e ninguém vê relação. E já que a educação e seus meios estão sucateados, a possibilidade que a maioria das pessoas venha a fazer esse link um dia é quase inexistente.

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    1. Tudo bem? Fico feliz que utilizes teu tempo para leitura e comentário daquilo que escrevo. É uma honra. Compartilho de tuas preocupações e, assim como tu, desejo uma sociedade menos injusta e mais fraterna. Contudo, a perversa lógica do Capitalismo selvagem preponderante neste país acaba por pulverizar sonhos e alimentar desânimos. Forte abraço ao amigo. Gilvan.

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