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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

CAXIAS DO SUL, A TERRA DA UVA E DA MULTA


CAXIAS DO SUL, A TERRA DA UVA E DA MULTA
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                É ir à Terra da Uva para receber de “brinde” uma, duas ou mais multas por “excesso de velocidade”. Pudera, a confusão (proposital?) de informações tonteia até mesmo o mais atento dos motoristas. Sessenta quilômetros aqui, enquanto dali quinhentos metros oitenta,  pouco mais adiante o que vale são os setenta... Uma tremenda babel. A indústria da multa no Rio Grande do Sul, de forma especial na estrada que leva à Caxias do Sul – via Farroupilha – vem engordando os cofres do governo e esgotando a paciência do contribuinte. Os radares móveis mais fazem lembrar as “pegadinhas” de programas humorísticos. Não fosse trágico e caro, seria cômico. É de tirar do sério as artimanhas dos patrulheiros da Polícia Rodoviária Estadual para, às escondidas, atocharem multas nos motoristas. O cunho pedagógico cede lugar à vil e insana prática arrecadatória do Estado. É a multa como um fim em si mesmo. Escondidos por detrás de placas (muitas delas gastas menos pela ação do tempo do que pela omissão do ente público) ou enfiados em meio ao mato alimentado pela incompetência dos órgãos responsáveis pela conservação das rodovias, os agentes do Estado ficam à espreita, feito raposas à espera da presa. Fazem lembrar as víboras a destilarem o veneno diante dos “ratões” que pagam a conta. Segurança e sinalização na estrada que é bom, nada. Guard rail a reforçar a segurança nas curvas da serra que é bom, nada. Viaturas a coibirem os assaltos à noite nas estradas que é bom, nada. As maquininhas usadas pelos patrulheiros mais fazem lembrar caça-níqueis, alimentando a gula de um Estado mastodôntico e ineficaz. A mesma agilidade que sobra na arte vampiresca de sugar os cobres do cidadão, falta na prestação dos serviços públicos. Uma espécie de círculo vicioso, ou seria circo onde o palhaço somos nós? Servidores públicos a serviço de quem? Ora, o que de fato fomenta a tragédia no trânsito, senão, principalmente, a impunidade do mesmo Estado que multa? Os homicidas, movidos quase sempre pelo álcool ou pela droga, que fazem do veículo uma arma, zombam das penas eventualmente aplicadas e, quase sempre, não cumpridas. Os “magrinhos” seguem seus rachas nas principais vias públicas sob o olhar complacente de quem deveria coibi-los. Todos sabem, menos os órgãos fiscalizadores e repressores. Enquanto isso, pais e mães de família, trabalhadores e trabalhadoras, a maioria jamais envolvida em qualquer espécie de acidente, são surrupiados em nome de uma fantasiosa política de “prevenção”. Rodar pelas estradas de nosso (nosso?) Rio Grande tem sido uma triste caixa de surpresa. É retornar para casa e aguardar o carteiro com aquela maldita “notificação” para ser assinada. Isso quando os “presentes” do DETRAN não vêm em penca. Quanto ao “recurso”, é para lá de sabido, que – salvo raras exceções – não passa de mera ficção jurídica, pois que na prática raramente o interessado vê seu pedido deferido. Resta ao coitado abrir mão da próxima Festa da Uva e, se possível, manter distância dos parreirais de Caxias. 

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