CAXIAS DO SUL, A TERRA DA UVA E DA MULTA
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
É ir à Terra da Uva para receber de “brinde” uma,
duas ou mais multas por “excesso de velocidade”. Pudera, a confusão (proposital?)
de informações tonteia até mesmo o mais atento dos motoristas. Sessenta
quilômetros aqui, enquanto dali quinhentos metros oitenta, pouco mais adiante o que vale são os setenta...
Uma tremenda babel. A indústria da multa no Rio Grande do Sul, de forma
especial na estrada que leva à Caxias do Sul – via Farroupilha – vem engordando
os cofres do governo e esgotando a paciência do contribuinte. Os radares móveis
mais fazem lembrar as “pegadinhas” de programas humorísticos. Não fosse trágico
e caro, seria cômico. É de tirar do sério as artimanhas dos patrulheiros da
Polícia Rodoviária Estadual para, às escondidas, atocharem multas nos
motoristas. O cunho pedagógico cede lugar à vil e insana prática arrecadatória
do Estado. É a multa como um fim em si mesmo. Escondidos por detrás de placas
(muitas delas gastas menos pela ação do tempo do que pela omissão do ente
público) ou enfiados em meio ao mato alimentado pela incompetência dos órgãos
responsáveis pela conservação das rodovias, os agentes do Estado ficam à
espreita, feito raposas à espera da presa. Fazem lembrar as víboras a
destilarem o veneno diante dos “ratões” que pagam a conta. Segurança e
sinalização na estrada que é bom, nada. Guard
rail a reforçar a segurança nas curvas da serra que é bom, nada. Viaturas a
coibirem os assaltos à noite nas estradas que é bom, nada. As maquininhas
usadas pelos patrulheiros mais fazem lembrar caça-níqueis, alimentando a gula
de um Estado mastodôntico e ineficaz. A mesma agilidade que sobra na arte vampiresca
de sugar os cobres do cidadão, falta na prestação dos serviços públicos. Uma
espécie de círculo vicioso, ou seria circo onde o palhaço somos nós? Servidores
públicos a serviço de quem? Ora, o que de fato fomenta a tragédia no trânsito,
senão, principalmente, a impunidade do mesmo Estado que multa? Os homicidas,
movidos quase sempre pelo álcool ou pela droga, que fazem do veículo uma arma,
zombam das penas eventualmente aplicadas e, quase sempre, não cumpridas. Os “magrinhos”
seguem seus rachas nas principais vias públicas sob o olhar complacente de quem
deveria coibi-los. Todos sabem, menos os órgãos fiscalizadores e repressores. Enquanto
isso, pais e mães de família, trabalhadores e trabalhadoras, a maioria jamais
envolvida em qualquer espécie de acidente, são surrupiados em nome de uma
fantasiosa política de “prevenção”. Rodar pelas estradas de nosso (nosso?) Rio
Grande tem sido uma triste caixa de surpresa. É retornar para casa e aguardar o
carteiro com aquela maldita “notificação” para ser assinada. Isso quando os “presentes”
do DETRAN não vêm em penca. Quanto ao “recurso”, é para lá de sabido, que –
salvo raras exceções – não passa de mera ficção jurídica, pois que na prática
raramente o interessado vê seu pedido deferido. Resta ao coitado abrir mão da próxima
Festa da Uva e, se possível, manter distância dos parreirais de Caxias.
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