EXCEÇÃO OU REGRA?
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
A merecida homenagem ao aluno, que devolveu os
cinquenta reais encontrados no pátio do Instituto de Educação São Francisco,
suscita algumas certezas e desencadeia muitas dúvidas. É certo, por exemplo,
que existe gente honesta. A dúvida, paradoxalmente associada à certeza
anterior, diz respeito ao número de pessoas que podem ser arroladas como
ilibadas. Até porque é comum, mesmo entre aqueles que se mantêm vigilantes
quanto às inúmeras tentações da carne, deslizes, ainda que pequenos. Contudo,
mesmo sendo todos pecadores – alguns tidos como mais, outros menos –, é
inegável o sentimento de conforto e esperança quando nos deparamos com atitudes
como a do aluno. Por que não ficou com o dinheiro? Poderia engambelar a
consciência sob o conhecido argumento de que “achado não é roubado”. Optou por
devolver o valor encontrado. Quebrou a perversa lógica de encontrar explicações
para o inexplicável, e justificativas para o injustificável. Superou a vergonhosa
tendência de trilhar o senso comum de que agir como a maioria, ainda que o
referido agir seja eticamente repreensível, abona os eventuais deslizes
cometidos. Assim como o aluno, muitos são os que não titubeariam em fazer o que
é certo. Outros tantos, ainda, mesmo que titubeantes, após uma “crise” de
consciência, também fariam o que é certo. O problema são aqueles que, sendo ou
não abalados pelo dilema interior da consciência, optam pelo caminho errado.
Trata-se de um liame, por vezes, muito tênue, mas que faz toda a diferença,
pois que distingue o honesto do desonesto, o bom do mau, o probo do improbo. A
família, sem dúvida, tem indelével papel no desenrolar da história. O exemplo
dos pais, o zelo pela verdade, a disciplina exigida à prole são determinantes
na formação do caráter dos filhos e filhas. Inegociáveis são, por exemplo, o
respeito, a responsabilidade, o cumprimento às regras estabelecidas – desde que
obviamente justas – e a honestidade. Virtudes não surgem do nada, mas brotam
das relações que se estabelecem no cotidiano do lar. Os desejados frutos são
semeados, amadurecidos e, quase sempre, colhidos, no seio familiar. Virtudes
são construídas em meio ao afeto, à autoridade, ao perdão e a todos os demais
frutos que nascem do amor. Este pressupõe condescendência e cumplicidade, mas apenas
quando eticamente pertinentes. Amar exige compreensão e diálogo, desde que
jamais confundidas com anuência aos desvios de conduta. Amar é cuidar, vigiar e
insurgir-se contra as terríveis pragas do mundo moderno, por vezes escondidas
sob o manto de modismos que, no fundo, corroem as estruturas da família e
colocam em risco não apenas o presente, mas o futuro de nossas crianças e
adolescentes. Os “zumbis” a povoarem as praças e “cracolândias”, por exemplo, ainda
ontem não passavam de crianças sob os cuidados (descuidos!) dos pais. O medo ou
a fraqueza de dizer “não” ao rebento, de colocar e exigir limites aos excessos
da criança, serviram – mesmo que inconscientemente – de combustível a alimentar o triste mundo do crime e do
tráfico. Gerações inteiras de desgarrados e fracassados. Pais verdadeiramente presentes
geram bons frutos. Parabéns ao aluno e aos amados pais que fizeram dele um
exemplo a ser admirado e, principalmente, seguido.
Veja também:
http://institutosaofrancisco.com.br/site/artigos_visualizar.php?artigo_autenticacao_=6321dc6b2ce6d36cc9da6997c5c850f5
Veja também:
http://institutosaofrancisco.com.br/site/artigos_visualizar.php?artigo_autenticacao_=6321dc6b2ce6d36cc9da6997c5c850f5
Nenhum comentário:
Postar um comentário