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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

ESCOLA INCLUSIVA: PARA QUEM?



ESCOLA INCLUSIVA: PARA QUEM?
Gilvan
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br

                Há algum tempo, a questão envolvendo a “inclusão” de pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e/ou altas habilidades (superdotação), junto aos bancos da chamada escola regular, tem gerado uma série de manifestações contrárias à iniciativa, em que pese seu amparo legal. Argumentos não faltam no sentido de embasarem a resistência à política governamental levada a cabo pelo Poder Público em todas suas esferas. Algumas das “justificativas” apresentadas, principalmente por educadores, para bem da verdade, são pertinentes, compreensíveis, porém insuficientemente sólidas ao ponto de afastarem a premente necessidade de cumprimento do texto constitucional, onde resta clara a isonomia entre todos, independentemente da condição física, motora ou cognitiva, por exemplo. O arcabouço jurídico brasileiro tende a proteger os grupos tidos como hipossuficientes, objetivando garantir-lhes oportunidades iguais. Optou-se por dar tratamento digamos “mais benéfico” às minorias, entre elas as que possuem deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e/ou altas habilidades (superdotação).

Não são poucos os profissionais da Educação que alegam o despreparo para lidarem com o referido “público”. Responsabilizam, principalmente, o ente público pela inépcia docente. As (des)culpas vão desde a falta de investimentos na formação de recursos humanos até a precariedade dos prédios, dificultando a acessibilidade, passando pela apatia das famílias, pelo preconceito da comunidade em geral e pelos limites “inatos” diretamente associados aos próprios educandos. Sobram motivos para o “não-fazer” pedagógico. Multiplicam-se as razões para “escantear” todos aqueles e aquelas que fogem aos padrões estabelecidos. Apela-se inclusive para a potencial “ameaça” que as pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e/ou altas habilidades (superdotação) representariam para a integridade física dos demais educandos, para a organização da sala de aula, para a explanação dos conteúdos previstos no famigerado Plano de Estudos. Triste e perverso engodo. Talvez não intencional, porém, como já dito, triste e perverso! Ora, se o aluno dito “de inclusão” representa um estorvo à aprendizagem do grande grupo ou à organização da escola como um todo, pergunta-se: por que o país, o estado e o município amargam vergonhosos e pífios resultados nas avaliações “externas” que, apesar de limitadas e questionáveis, apontam para o caos? Por que os educandos tidos como “normais” não aprendem? Por que os alunos que não se enquadram no grupo de “incluídos” (inclusos) apresentam sérios problemas de indisciplina escolar? Por que a escola não consegue superar os históricos problemas da evasão e repetência? Por que o corpo docente não consegue planejar e trabalhar de forma coletiva? Percebe-se, portanto, que atribuir à política de inclusão qualquer ou eventual fracasso soa como desonesto, irresponsável e pouco inteligente. O ato de ensinar, independentemente do público-alvo, requer competência, ética, responsabilidade. Talvez, no fundo, o grande problema trazido pela “inclusão” tenha sido o desmascaramento de algo que andava às escondidas, qual seja, o fato de que cada sujeito – independentemente de ter deficiência ou não – aprende de um jeito. O aluno de inclusão mostra, de forma nua e crua, a necessidade de um olhar e tratamento “personalizados” por parte de quem educa. O aluno de inclusão “escancara” com as deficiências. Nãos as dele, mas as da escola!

Urge a construção de uma escola verdadeiramente inclusiva, capaz de acolher a todos e a cada um. Uma escola que ensine, que dê asas à criatividade, que instigue a curiosidade, esta matéria-prima do conhecimento. Uma escola lúdica, alegre, humana, colorida, zelosa pela cultura historicamente construída, porém atenta à modernidade. Uma escola que prepare para as demandas e desafios da vida. Uma escola fundada no relacionamento ético, comprometida com o meio, desafiadora, promotora da paz!

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