O PECADO DO LADO DE BAIXO DO EQUADOR
Gilvan
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Não existe
pecado
Do lado de baixo do Equador
Vamos fazer um pecado
Rasgado, suado
A todo vapor...
Do lado de baixo do Equador
Vamos fazer um pecado
Rasgado, suado
A todo vapor...
(Ney Matogrosso)
Existe
sim, ao contrário do que dizia a letra de uma antiga música, pecado do lado de
baixo do Equador, e não são poucos. O principal deles nasce do caldo cultural
há muito forjado por estas bandas. O “jeitinho”, a malandragem, a confusão
entre o público e o privado, a promiscuidade político-ideológica, são apenas
alguns dos tantos exemplos do que se vê por aqui. Discursos não faltam e seguem
se multiplicando na velocidade da luz. Apesar da boa oratória, do vernáculo por
vezes – muito raramente, é verdade... – bem empregado, não passam de palavras
vazias, expressões natimortas, estéreis, incapazes de produzir bons frutos. Não
poderia ser diferente, diga-se de passagem, pois pode um cactos produzir
tangerinas ou uma mula gerar cordeiros? Um coração mal intencionado não
produzirá, de forma alguma, boas ações. Cedo ou tarde, a essência de uma alma
eivada de cobiça, egoísmo, inveja e toda espécie de perfídia humana, tal
essência – como dizia – vem à tona. É bem verdade que o “pecado” mora também na
casa do vizinho. Outras culturas, por mais “nobres” (não necessariamente,
“nórdicas”...) que sejam, também convivem com os ranços da natureza adâmica.
Todavia, ao que parece, por aqui o “pecado” encontrou terreno excessivamente
fértil. O chorume fétido que brota em nosso meio, há muito vem impregnando toda
sorte de relações, desde as informais às mais formais. Impregnando e minando.
Nasce daí a atávica desconfiança em relação ao outro, seja ele público ou
privado. Não basta a palavra, é necessário o papel, devidamente assinado e com
firma reconhecida. Por aqui o “não”, às vezes é “sim” e vice-versa. Tudo
depende das circunstâncias e dos interesses em jogo. O relativismo exacerbado,
e quase sempre boçal, põe por terra toda e qualquer segurança conceitual ou
contratual, mesmo que tácito. Feito areia movediça, as relações carecem de
firmeza e afundam no lamaçal da dúvida, do ceticismo e da desconfiança. O lado
de baixo do Equador é o nosso lado. Meu e teu. Somos vítimas e autores do
triste e vergonhoso status que
possuímos, cabendo a nós, portanto, modificá-lo.
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