FILHOS E TEXTOS
Gilvan
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com
Filhos se parecem com textos. Por mais feios que,
para os outros, possam parecer, para nós são as criaturas mais belas. Os
concebemos, a ambos (filhos e textos), muito antes de nascerem de fato. Mesmo
antes de existirem, já os imaginávamos assim ou assado. Filhos e textos vão se
constituindo a cada momento. São um eterno devir. Podem ter uma vírgula a mais,
um ponto a menos, muitas exclamações e um número sem fim de interrogações. Não
interessa, são nossos. Os amamos. São produtos de nosso ser, oriundos das mais
profundas entranhas. Revelam um tanto daquilo que somos e acreditamos. Como
dizem os amigos: “a cara de um, o focinho de outro!”. Nem poderia ser
diferente. Tal pai, tal filho. Tal criador, tal criatura. Tal escritor, tal
texto. Teimamos em mostrá-los a terceiros. Sinuosos ou não, tortos ou
ajeitadinhos, pequenos ou grandes, prolixos ou boçais, são o nosso orgulho.
Olhos de pai (e de escritor) são cegos. Às vezes, é bem verdade. Outras vezes,
nem tanto. Como textos, os filhos até podem parecer “acabados”, prontos. Para
quem os cria, sempre falta algo. Teimamos em “largá-los” para o mundo. Quando
saem, deixam como que um profundo vazio, um sentimento de abandono. É para o
bem deles, sabemos. Deles e, é claro, do mundo. Porém coração de pai é assim
mesmo... Espécie de egoísmo, não daquela espécie vil, mas um egoísmo virtuoso,
aceitável e, por que não, admirável. Filhos e textos representam para nós, que
os criamos, o que nem sempre representam para os outros. Para estes, talvez
prosa. Para nós poesia. Para aqueles, afirmação, para nós dúvida. Para os
outros, crítica, para nós condescendência. Talvez não percebamos – nós, pais e
escritores – que uma vez lançados ao mundo, nossas criações e criaturas têm
vida própria. Mesmo antes, talvez. É duvidar, até mesmo os textos têm vontade
própria. O que não dizer, então, dos filhos? Traçamos, de antemão, o destino
dos filhos e dos textos. Contudo, assim como o enredo, a vida nos prega peças.
Insistir? Que jeito? Tentar, até que tentamos. Insistimos daqui, escrevemos
dali... Sem sucesso, muitas vezes. Nossas obras-primas (em forma de linhas ou
de gente), por vezes, criam asas. Autonomia que, muito antes de envergonhar
aqueles que as concebem, enche de orgulho. Serão, quem sabe, porta-vozes e
instrumentos dos valores que acreditamos. Livros e filhos devem semear
virtudes. Assim o fazendo, terá sido válido cada minuto vivido, cada palavra
escrita. Mais do que belas capas ou roupas de grife, o que se quer é conteúdo.
Filhos se parecem com textos.
Ver: http://www.sinepe-rs.org.br/core.php?snippet=newsletter&idNews=16428&idPai=554&id=16429
Ver: http://www.sinepe-rs.org.br/core.php?snippet=newsletter&idNews=16428&idPai=554&id=16429
Filhos e textos... inspiração sempre!
ResponderExcluirParabéns, colega e amigo Gilvan. Teu texto-filho está ótimo, inspirador!
Outra semelhança entre filhos e textos sor é que não importa se vêm de ti ou de outros, sempre terão algo a nos ensinar da mesma forma que o texto e a criança se desenvolvem pelas referências dos pais. Às vezes nos pegamos refletindo sobre as ideias que moldamos neles, o caminho que os botamos a trilhar. Enfim, ótimo texto, não imagino como é ser pai, mas sei que como filho aprendo com meus escritores da mesma forma que aprendo com outros autores.
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