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quarta-feira, 9 de maio de 2012

JUSTIÇA SOCIAL: O VERDADEIRO SIGNIFICADO DO DESENVOLVIMENTO


JUSTIÇA SOCIAL: O VERDADEIRO SIGNIFICADO DO DESENVOLVIMENTO
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com


                País desenvolvido é aquele que garante à esmagadora maioria da população boa qualidade de vida. Mais do que números positivos na balança comercial, no PIB, nas taxas de crescimento do mercado interno, etecetera e tal, o que realmente caracteriza um país desenvolvido é a qualidade do ensino, do atendimento médico-hospitalar, da segurança, dos meios de transporte, do saneamento básico, do acesso à informação, do lazer, da infraestrutura, entre outros. O desenvolvimento de um país é medido, ainda, pelo nível de confiança das pessoas nos aparelhos e órgãos do Estado, na capacidade dos entes públicos em darem respostas rápidas e eficazes às demandas suscitadas pelos cidadãos. Um país desenvolvido é aquele que transforma os balancetes frios da economia em escolas, hospitais, praças, rodovias, teatros, etc. País desenvolvido é o que tem seus Poderes constituídos verdadeiramente livres e independentes, jamais amasiados com interesses privados. Desenvolvido é o país que tem ojeriza à corrupção e ao ganho que nasce nas entranhas do crime, organizado ou não. País desenvolvido é o que expurga, de forma exemplar, os que – togados ou não, graduados ou sem estudo, ricos ou sem grandes posses – ofendem os princípios da moralidade, da impessoalidade e da gestão séria e comprometida com o real interesse público. País desenvolvido é o que valoriza a produção, mas também aquele que produz. É o que acredita no ser humano e protege a vida. Desenvolvido é o país que se coaduna à sustentabilidade. É aquele que supera o discurso fácil e transforma em realidade a letra fria e morta da lei. Portanto, o Brasil, nem de perto, é um país desenvolvido.

                Nosso país precisa avançar muito no que tange à justiça social e distribuição de renda. Apesar das inegáveis melhorias no aumento do mercado interno e no poder de compra das classes mais baixas – alavancadas por uma perigosa e cara ciranda de crédito aparentemente fácil –, o Brasil ainda convive com enormes e vergonhosos bolsões de miséria. O campo segue marcado pela distribuição desigual das terras, incitando conflitos fundiários com consequências nefastas não apenas para os mais fracos, mas para sociedade como um todo. A relação entre capital e trabalho, apesar de mais estável do que tempos idos, segue a reboque de uma legislação que, por um lado, onera de forma irresponsável o empregador, enquanto, por outro lado, insiste em retirar dos trabalhadores direitos historicamente conquistados. Nunca o Estado arrecadou tanto, resultado de uma insana carga tributária a encarecer o chamado “custo Brasil”, contudo – ainda assim –, nunca esteve tão ameaçado o sistema previdenciário, trazendo profunda insegurança e injustiça no que tange à maioria dos atuais e futuros aposentados. Insegurança é, também, o sentimento que aumenta de forma geometricamente proporcional à permissividade, inoperância, ineficiência, ineficácia e incompetência dos aparelhos preventivo e repressivo do Estado. Estado e crime organizado, por vezes, se confundem. As penas aplicadas aos criminosos, apesar de nem sempre serem em tese brandas, na prática servem de zombaria e pilhéria, haja vista o não cumprimento – de fato – das mesmas. Os presídios, país adentro, são antros do tráfico, da prostituição, das doenças infectocontagiosas, em nada contribuindo para ressocialização dos presos. Servem, tão somente, a interesses espúrios de alguns narcotraficantes associados a alguns inescrupulosos protegidos, às vezes, por mandatos, diplomas ou cargos que, na prática, alimentam o ciclo da corrupção. Enquanto isso, a população segue refém do medo e do sentimento de impotência, para vergonha de toda uma nação.

                Assim, o desenvolvimento – pautado na justiça social – segue sendo, ainda, um sonho distante. Apesar disso, possível. Contudo, a melhoria na qualidade de vida da população passa, necessária e obrigatoriamente, pela “refundação” do Estado. Este precisa ser, urgente e profundamente, transformado, remodelado, assentado em outras bases que não a do clientelismo, personalismo, empreguismo e outros “ismos” infames que servem, tão-somente, para perpetuar privilégios de uma casta que, a cada dia, enriquece às custas da maioria. Esvaem-se não apenas recursos, mas confiança e credibilidade no Estado. Este, no Brasil hodierno, é dispensável, pois apesar de excessivamente caro, não presta, não funciona, não responde aos anseios de quem o sustenta. O Estado brasileiro, há muito vem sendo um enorme cabide de empregos, estáveis e, não raras vezes, muito bem remunerados. Um Estado que serve aos interesses, quase que exclusivamente, da própria “máquina”, não precisa existir. Não merece existir. O Estado só tem sentido enquanto, de fato e de direito, “serve” ao cidadão.  

                Ano eleitoral é um bom momento, infelizmente –  às vezes – o único, de reflexão. Que país desejamos? Que município sonhamos? Uma cidade para poucos ou para a maioria? Um município que fique à margem da capital ou forte e respeitado? Uma cidade excludente ou acolhedora? Cachoeirinha precisa sair das sombras de Porto Alegre. Necessita ganhar vida. Nossa cidade precisa superar a histórica e triste imagem de uma “avenida cercada de vilas”. Precisamos criar e investir em espaços culturais, escolas, saneamento básico, postos de saúde, hospitais, geração de emprego e renda, segurança pública e sistema viário, por exemplo. Para tanto, faz-se necessário um Poder Público sério e forte. Indispensável é que se tenha um Executivo “limpo” e transparente. Não menos urgente é um Legislativo afinado aos interesses da coletividade. A Câmara precisa ser depurada e renovada. Figuras “dinossáuricas” – algumas delas destituídas do preparo intelectual que se espera de um representante do povo – soam, hoje, como anacrônicas. Politiqueiros que pautam sua atuação na troca de favores e numa “rede” imoral (apesar de “legal”) sustentada por CCs e FGs, todos pagos com dinheiro público, não são merecedores do sagrado mandato parlamentar. Candidatos que usam de seu poder hierárquico como instrumento de pressão sobre os eleitores não merecem a investidura que nasce das bases. Assim, façamos do pleito de outubro um momento de verdadeira mudança. Deseja-se que a reflexão, o espírito crítico e propositivo, enfim, o exercício da cidadania, promovam profundas mudanças em Cahoeirinha. Seja nosso município motivo de orgulho, não do tipo ufanista, mas um orgulho pautado nos mais nobres valores da solidariedade, da honestidade, do espírito público, da ética. Somente assim, promoveremos justiça social e, com ela, o verdadeiro desenvolvimento. 

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