ESCOLA
DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA
Gilvan
Teixeira
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blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Teoria
e prática. Entre elas, uma distância oceânica, tomada de profundas
fossas onde são comuns as contradições, ranços, preconceitos,
corporativismos, vícios, acomodações, arrogâncias e narcisismos
egocêntricos, ainda que enrustidos. A legislação brasileira é
pródiga na previsão e exigência de uma escola pública
“democrática” e participativa”. O espírito “cidadão”
trazido pela Carta promulgada em1988 foi e vem sendo ratificado por
inúmeros outros diplomas legais, sejam federais, estaduais ou
municipais. Cachoeirinha, por exemplo, conta com as Leis Municipais
nºs 2263/2004 (versa sobre os Conselhos Escolares),
2265/2004 (eleição de Diretores) e 2384/2005 (Sistema Municipal de
Ensino), todas elas apontando na mesma direção, a saber o da
“descentralização”, da “participação” e da
“democratização”. Portanto, a previsão legal é farta no que
tange à possibilidade de fazer da escola pública municipal (EMEIs e
EMEFs) um espaço verdadeiramente “democrático e participativo”.
Contudo, em que pese a legislação favorável e as boas intenções
consubstanciadas, por exemplo, no Plano Municipal de Educação,
infelizmente, o que se vê é uma enorme distância entre o
pretendido e o realmente alcançado. Os resultados obtidos, tanto do
ponto de vista da efetiva participação da comunidade escolar,
quanto – e principalmente – do ponto de vista da qualidade do
ensino, são pífios, estando muito aquém do razoável e aceitável.
A quem cabe a “culpa” por tamanho fracasso? Carência de recursos
humanos e financeiros? Gestão equivocada? Despreparo por parte dos
servidores? Desvalorização salarial e profissional? Apatia e
ausência da família? Descomprometimento do corpo discente? Soa como
inócuo terceirizar a “culpa”. O grande desafio está em, sim,
buscar responsabilidades (gestor, professor, educando, família,
sindicato, etc.), mas sobretudo buscar identificar os problemas,
criar estratégias viáveis para superá-los e, principalmente,
colocá-las em prática. Urge superarmos o plano do discurso e dos
chavões. Uma escola “democrática e participativa” não é algo
dado, mas construído. Pressupõe desacomodação, trabalho, doação,
embate propositivo e abertura para o diálogo. Corporativismos
doentios, intransigências pessoais e/ou de grupos, benesses e
privilégios de alguns poucos precisam dar lugar à vontade coletiva
(da maioria). A escola não é do Diretor, do professor, do pai ou do
aluno. A escola é um espaço público, portanto pertencente a todos
os segmentos da comunidade escolar, de forma equitativa. Os fóruns e
Conselhos de participação, em especial o Conselho Escolar (“órgão
máximo em nível de escola”, conforme o Art. 2º da Lei Municipal
nº 2263/2004), precisam existir não apenas sob o ponto de vista
formal, mas “de fato”. Tarefa árdua, por certo, pois requer
superar uma longa e poderosa tradição patriarcal e clientelista
presente nas estruturas e relações de poder, inclusive naqueles
espaços, como a escola, que deveriam propugnar pela transformação
social. Finalmente, vale lembrar, “democracia” e “participação”
não são sinônimo de “confusão” de papéis. A “César o que
é de César”… Cada ator a orbitar em torno da escola tem um
papel a cumprir, com seus respectivos direitos e obrigações, muitos
deles previstos na própria legislação. Uma escola “democrática
e participativa” é aquela em que não apenas reconhece tais
idiossincrasias, mas as respeita e exige as respostas esperadas de
cada membro da comunidade escolar. Daí a importância de Propostas
Político-Pedagógicas e Regimentos claras, conhecidas e factíveis,
capazes de servirem de norte às ações pedagógicas e
administrativas junto às instituições de ensino.
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