O GIGANTE ACORDOU: SERÁ?
Gilvan Teixeira
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blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Quinze de março de dois mil e quinze, um dia para
entrar na história... Não acho! Apesar de toda empolgação e frenesi midiático,
acredito que o referido dia não ultrapassará a vala comum de tantos outros dias
que, apesar do barulho, pouco ou nada alteraram, de fato, os rumos da
fracassada República. Como no passado, seguimos acreditando em soluções
mágicas, em discursos oportunistas inflamados que – como o vento – se esvaem
tão ou mais rapidamente de como surgiram. O
problema do Brasil não é o PT. É também ele, assim como o são PSDB, PSB, DEM,
PTB, PP, PMDB, PPS, PCdoB, PDT... Atire a primeira pedra o partido que não
tenha em suas fileiras nomes maculados, no mínimo, pela profunda desconfiança popular
no que tange à conduta ética. Apontem um só partido político que não faça uso
da máquina pública distribuindo benesses e garantindo incontáveis e onerosas
tetas sob a rubrica de CCs e FGs, ou então partidos que não se apossem dos
sindicatos fazendo destes alavanca para alcançarem e/ou perpetuarem o poder. O
problema do Brasil é estrutural, diz respeito aos alicerces do próprio Estado.
As bases de nossa vergonhosa República foram construídas em solo arenoso, sem a
firmeza necessária. Terreno marcado pela confusão entre público e privado,
arbítrio, censura, distribuição de favores em troca de apoio político,
coronelismo, populismo irresponsável, distribuição profundamente desigual das
riquezas, primazia do interesse individual em detrimento do coletivo, etc.. A
crise ética em Brasília reflete a crise ética na família, na escola, nas
associações, nas Câmaras, nos tribunais. Brasília – assim como a Bastilha na França do
século XVIII – é tão somente a encarnação simbólica do cenário dantesco,
pantanoso e fétido historicamente construído ao longo destes quinhentos anos. Não
conseguimos nos desvencilhar e nem tampouco romper com o jugo colonial.
Pensamos e agimos com pequenez de espírito. Não apenas o governo federal faz
água, mas também os estados e municípios. Não apenas o Executivo se vê eviscerado,
mas também todos os demais ditos Poderes do Estado. Paira sobre eles uma
preocupante desconfiança, terreno fértil para a eclosão de movimentos de toda
sorte, bem e mal intencionados. Fazer “sangrar” o Executivo soa – quando vindo
de agremiações partidárias não menos lambuzadas na pocilga dos interesses
espúrios – como perigosa hipocrisia, pois o tiro pode sair pela culatra. Causa
estranheza ver nas redes sociais pessoas, íntima e flagrantemente ligadas a
partidos não menos suspeitos do que o PT, saindo às ruas empunhando bandeiras
verde-amarelas. Por que não fizeram uso de seus “escudos” partidários? Vergonha?
Pudor? Temor de serem expostas ao ridículo de precisarem explicar o
injustificável? Poucos não são os que têm o rabo preso! Urge sim a mudança,
porém não aquela preconizada pelas mesmas elites que – feito abutres – disputam
a carniça resultante de eventuais crises econômicas e políticas, mas uma
mudança assentada na verdadeira soberania popular, onde as cores deste país não
sejam preteridas em favor do vermelho bolivariano ou do verde oliva com cheiro de naftalina.
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