SIMPLESMENTE, PROFESSOR...
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Sei que o Dia do Professor já passou. Homenagem extemporânea,
quem sabe. Acho que não, afinal qual é o dia em que o professor não deva ser
lembrado? Afinal, há quem leve, inclusive, a imagem do professor ou da
professora para a mesa, para a praia e, se duvidar, para cama... Existem os que
preferem, obviamente, levar – neste último caso – não apenas a imagem. Ainda
ontem estava assistindo alguns vídeos no youtube,
quando me deparei com a animação abaixo:
Perceberam? Não é nosso próprio retrato, imagem e
semelhança? Não são poucos os que sonham em ser um professor “ideal”, numa sociedade
ideal, dentro de uma escola ideal, ocupada com o aluno ideal... Tais como as nuvens
brancas a produzirem lindos e adoráveis gatinhos, cãezinhos e bebezinhos
rechonchudos. Caberia, assim, ao educador – da mesma forma que à alinhada cegonha
– apenas a tarefa de “finalizar” o trabalho. Uma barbada! Apesar de simpática,
a ideia de tamanha perfeição passa de largo frente à dura realidade. Pessoas de
carne e osso carregam em sua essência as imperfeições do “barro” original. Habitam
escolas que, não raras vezes, têm na falta da pintura, no quadro-verde
danificado e nos banheiros emporcalhados seus menores problemas. Tais como as nuvens
escuras, escolas inseridas num contexto de violência, insalubridade,
vulnerabilidade, desrespeito e falta de esperança. Assim como a cegonha
desajeitada, cansada e maltrapilha, o professor faz das tripas coração para sobreviver
em meio a tantas adversidades. Apesar dos salários aviltantes e do parco
reconhecimento social, teima em acreditar em dias melhores. Diariamente, recebe
em suas mãos jacarezinhos, bodinhos, quando não enguias e tubarões. Crianças, adolescentes e
adultos muitas vezes feridos na alma e desassistidos na vida. Alunos e alunas
limitados menos por eventuais deficiências do que pela histórica e
irresponsável incompetência do Poder Público. Ainda assim, o professor segue
adiante. Busca forças, sabe-se lá onde. Gasta o tempo e o dinheiro que não tem,
em busca da própria “formação”. Não desiste, ainda que – durante uma vida
inteira – nade contrário à maré. Vê beleza onde ninguém mais vê. Vislumbra luz
onde outros veem tão-somente nada mais do que escuridão. Daí ser alguém muito
especial. Feliz Dia do Professor!