QUARENTA SEMANAS
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Parece cabala ou algo parecido. Quarenta traz consigo
uma inquietante simbologia. Durante quarenta anos, um conhecido povo da
Antiguidade perambulou pelo deserto. Quarenta é também o número de semanas da
gestação de uma criança. Coincidência?
Acredito que não. O que é, senão um milagre o complexo processo que dá vida a
um ser? Período de sonhos, dúvidas, medos, expectativas, ansiedades... Assim
como a travessia no deserto. Acima de tudo, período de esperança, em que pese
as intempéries, a aspereza do caminho ou a escassez de recursos. Teimosa
esperança. Crença na vida. Fé. Difícil entender e, mais ainda, mensurar o amor
de mãe. Como explicar tamanha abnegação? Abre ela, muitas vezes, mão de padrões
de beleza, de vaidades, do lazer, tudo em nome de um “devir”. A mãe vê o que
outros não veem. O que para maioria é deficiência, limitação e problema, para
mãe é apenas “diferença”, potencial e missão. Ela ama até mesmo quem não se
permite ser amado. Ama o que erra e o que engana, mesmo que o condene. Amor de
mãe é incompreensível. Quem mais é capaz, sem titubear, de abrir mão da própria
vida em prol de outrem? Deixar de comer em favor de quem tem fome? Rasgar o
próprio ventre sem mostrar qualquer arrependimento? Semear durante anos,
décadas, sem a certeza da colheita? Abdicar dos prazeres da carne e, ainda
assim, sorrir? Pode haver sorriso mais lindo do que o dela? Para a mãe, sim: o
do próprio fruto! Quem mais é capaz de chorar uma noite inteira a pensar no
filho que se foi ou naquele que não chega e, apesar disso, trazer ao raiar do
dia o semblante sem denunciar a tristeza da véspera? Somente a mãe é capaz de
acolher a todos, encher a casa aos domingos, cozer, lavar, secar, dobrar,
passar e, depois de tudo isso, sentir saudades dos seus tão logo estes se vão. Daí
esta singela homenagem às mães, a começar pela minha: Geci, Rosana, Irena,
Alma, Clarice, Liane, Cátia, Aline, Carmem, Nair, Élsia, Angelita ... Mães de todas as
idades, etnias, ideologias, crenças, nacionalidades, condições
socioeconômicas... Mães sadias e enfermas. Mães empresárias, empregadas,
aposentadas. Mães extrovertidas ou não. Vegetarianas, alternativas, adeptas das
massas, carnes e sopas de todos os tipos. Mães urbanas e rurais. Cultas e
analfabetas. Mães que sofrem, que covardemente apanham, que denunciam... Delegadas,
presidiárias, médicas, interditadas, odontólogas, desdentadas... Parabéns a
todas as mães !!!
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