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sexta-feira, 10 de maio de 2013

ATLAS



ATLAS
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                Condenado por Zeus a sustentar o globo por toda eternidade, Atlas – personagem da mitologia grega – faz lembrar a classe média brasileira. Há algum tempo, vem sendo vergonhosamente extorquida pelo Estado. Este último, como forma de custear os famigerados “programas sociais”, muitos deles flagrantemente eleitoreiros, tem impingido à classe média verdadeiro martírio. Indubitavelmente, tem sido ela a faixa da população que mais perdeu espaço e importância, especialmente do ponto de vista econômico. Os tentáculos da Receita Federal a chicoteiam e a dilaceram. A classe média deste país tem arcado com a maior parte do elevado custo do mastodôntico Estado brasileiro. Um Estado excessivamente pesado, corrupto, ineficiente e incompetente. Um Estado que, historicamente, vem sendo acometido por uma letargia nascida, em grande parte, do jogo político que, por um lado, garante privilégios para alguns poucos, enquanto, por outro, lança a maioria da população às traças, sem a devida e necessária prestação dos serviços públicos. Educação, saúde, saneamento, transporte, segurança... Nenhum, absolutamente nenhum, serviço público vem sendo prestado a contento. Assim, a classe média acaba por ser penalizada duplamente. Paga, a duras penas, escola privada, previdência complementar, segurança terceirizada, plano de saúde, pedágio, etc., para que possa sobreviver nesta selva chamada Brasil. Paga por serviços que deveriam ser prestados pelo ente público. Verdadeiro estelionato institucionalizado, sob o olhar omisso daqueles Poderes que, em tese, deveriam contrabalancear e fiscalizar o Executivo. Farinha do mesmo saco. Diga-se de passagem, um saco tomado de gatunos, muitos deles beneficiados por privilegiados planos de carreira e benesses vitalícios. Enquanto isso, a classe média segue pagando a pesada e, cada vez mais, insuportável conta. Aumenta-se, ano após ano, a arrecadação, na mesma medida que aumenta o caos das escolas, estradas, hospitais e presídios, por exemplo. Criminosa e tirana equação. Sobram comerciais – pagos a preço de ouro –, faltam ações capazes de transformarem os discursos de campanha em práticas efetivas. O Brasil mais parece um eterno e cômico – não fosse trágico – arremedo. Copiamos dos países desenvolvidos apenas o invólucro, jamais o conteúdo. Importamos apenas imagens, olvidamos o mais importante. Ganham apenas alguns poucos: bancos e grandes empresas, que, por meio de vultosos lobbies corrompem pessoas e comprometem estruturas. As “agências reguladoras” – surgidas sob a égide da decantada eficiência – não passam de cabides de emprego e de moeda de troca em benefício de interesses escusos. O cheiro fétido que brota dos corredores do Planalto (síntese do asqueroso Estado brasileiro), vez por outra, é escamoteado por iniciativas que só aparentemente agraciam os mais pobres. Doam-se migalhas como forma de não dividir o bolo. A tática, apesar de angariar os votos dos maiores bolsões de miséria, é incapaz de ocultar as homéricas contradições sociais. Tática que não arrefece o sentimento de injustiça e de quase ódio. Sentimento que encontra eco e terreno fértil no vexatório estado em que se encontra a classe média brasileira.  

Veja também:
http://www.institutosaofrancisco.com.br/site/artigos_visualizar.php?artigo_autenticacao_=daa35366a22764f5d9b758983c1e9a1e

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