ATLAS
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Condenado por Zeus a sustentar o globo por toda
eternidade, Atlas – personagem da mitologia grega – faz lembrar a classe média
brasileira. Há algum tempo, vem sendo vergonhosamente extorquida pelo Estado.
Este último, como forma de custear os famigerados “programas sociais”, muitos
deles flagrantemente eleitoreiros, tem impingido à classe média verdadeiro
martírio. Indubitavelmente, tem sido ela a faixa da população que mais perdeu
espaço e importância, especialmente do ponto de vista econômico. Os tentáculos
da Receita Federal a chicoteiam e a dilaceram. A classe média deste país tem
arcado com a maior parte do elevado custo do mastodôntico Estado brasileiro. Um
Estado excessivamente pesado, corrupto, ineficiente e incompetente. Um Estado
que, historicamente, vem sendo acometido por uma letargia nascida, em grande
parte, do jogo político que, por um lado, garante privilégios para alguns
poucos, enquanto, por outro, lança a maioria da população às traças, sem a
devida e necessária prestação dos serviços públicos. Educação, saúde,
saneamento, transporte, segurança... Nenhum, absolutamente nenhum, serviço
público vem sendo prestado a contento. Assim, a classe média acaba por ser
penalizada duplamente. Paga, a duras penas, escola privada, previdência
complementar, segurança terceirizada, plano de saúde, pedágio, etc., para que
possa sobreviver nesta selva chamada Brasil. Paga por serviços que deveriam ser
prestados pelo ente público. Verdadeiro estelionato institucionalizado, sob o
olhar omisso daqueles Poderes que, em tese, deveriam contrabalancear e
fiscalizar o Executivo. Farinha do mesmo saco. Diga-se de passagem, um saco
tomado de gatunos, muitos deles beneficiados por privilegiados planos de
carreira e benesses vitalícios. Enquanto isso, a classe média segue pagando a
pesada e, cada vez mais, insuportável conta. Aumenta-se, ano após ano, a
arrecadação, na mesma medida que aumenta o caos das escolas, estradas,
hospitais e presídios, por exemplo. Criminosa e tirana equação. Sobram
comerciais – pagos a preço de ouro –, faltam ações capazes de transformarem os
discursos de campanha em práticas efetivas. O Brasil mais parece um eterno e
cômico – não fosse trágico – arremedo. Copiamos dos países desenvolvidos apenas
o invólucro, jamais o conteúdo. Importamos apenas imagens, olvidamos o mais
importante. Ganham apenas alguns poucos: bancos e grandes empresas, que, por
meio de vultosos lobbies corrompem
pessoas e comprometem estruturas. As “agências reguladoras” – surgidas sob a
égide da decantada eficiência – não passam de cabides de emprego e de moeda de
troca em benefício de interesses escusos. O cheiro fétido que brota dos
corredores do Planalto (síntese do asqueroso Estado brasileiro), vez por outra, é escamoteado
por iniciativas que só aparentemente agraciam os mais pobres. Doam-se migalhas
como forma de não dividir o bolo. A tática, apesar de angariar os votos dos
maiores bolsões de miséria, é incapaz de ocultar as homéricas contradições
sociais. Tática que não arrefece o sentimento de injustiça e de quase ódio.
Sentimento que encontra eco e terreno fértil no vexatório estado em que se
encontra a classe média brasileira.
Veja também:
http://www.institutosaofrancisco.com.br/site/artigos_visualizar.php?artigo_autenticacao_=daa35366a22764f5d9b758983c1e9a1e
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