VAI UMA CERVEJA AÍ?
Gilvan
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blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Não me tomem por um apologista do álcool e nem
tampouco por um ferrenho defensor dos hábitos etílicos. É apenas uma reflexão.
No máximo, um desabafo (indetectável pelo bafômetro). Talvez um protesto! Mais
uma vez nosso Legislativo – repleto de mentes brilhantes e discursos impecáveis
– se puxou. Querem acabar com o álcool na cidade! É isso mesmo. Perguntam se eu
bebi? Não. Soubessem eles, os nobres vereadores, que estão cavando a própria
cova, jamais cogitariam em tamanha afronta. Afinal é o álcool (assim como o
futebol, as novelas, o carnaval e o facebook)
que sustenta os seus mandatos. Não fosse assim, quem estaria disposto a
bancar – ano após ano, mandato após mandato – levas e levas de homens e
mulheres improdutivos, por vezes despreparados ética e intelectualmente? Quem
toleraria a indecifrável “sopa de letrinhas” das siglas partidárias, envoltas
na já conhecida promiscuidade política? Quem aceitaria canalizar os (alegados)
parcos recursos públicos para perpetuar os benesses de inúmeros CCs e FGs que
pouco mais fazem do que tremularem as bandeirolas ao longo da Avenida em
período de campanha eleitoral? Não fosse o efeito do álcool no cérebro do
contribuinte, muitas licitações duvidosas seriam tiradas a limpo. Graças ao
álcool, a precariedade dos serviços públicos e o vergonhoso descaso do Estado
pela vida das pessoas são relevados. A cerveja, o vinho, o licor, a cachaça, a
caipirinha são todos eles poderosos agentes contrarrevolucionários. A eventual
fúria que provocam é fogo de palha. Incapazes de moverem a história. No máximo,
embalam as poesias e cantigas dos boêmios. Mais fácil um cavalo (nesta cidade
não tem camelos) passar pelo fundo de uma agulha do que ver um bêbado
revolucionário. Por que mesmo acabar ou diminuir com o consumo do álcool? É ele
quem mata? É ele quem rouba? É ele quem atropela? É ele quem sonega? É ele quem
tripudia? Não. A escassez ética, o relativismo doentio, a improbidade
administrativa, o peculato, a malversação de recursos públicos, bem como um rol
interminável de crimes e delitos praticados não apenas por agentes públicos,
mas pelo mais simples mortal, nascem não do álcool, mas das relações cada vez
mais carcomidas pela sede de poder, mesmo que disfarçada, onde o Parlamento
mais do que um símbolo, é um triste e asqueroso exemplo. Relações que
prosperam, feito moscas no esterco, alimentadas pela impunidade, falta de
celeridade, incompetência e absoluta indiferença quanto à sorte da população,
especialmente a mais pobre. Impérios e ditaduras devem ao álcool sua
longevidade. Ele embriaga o corpo e arrefece a dor. Ópio do povo, dizia Marx.
Lembram? Provavelmente não, pois neste Município educação – assim como
segurança, saúde, saneamento, transporte, etecetera e tal – é tão rara e
precária quanto o são as ações positivas e práticas nascidas de nosso
Legislativo. Verdadeiro Saara. Para aguentar, só bebendo! Vai uma cerveja (sem
álcool) aí?
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