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quinta-feira, 4 de abril de 2013

VAI UMA CERVEJA AÍ?



VAI UMA CERVEJA AÍ?
Gilvan
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br




                Não me tomem por um apologista do álcool e nem tampouco por um ferrenho defensor dos hábitos etílicos. É apenas uma reflexão. No máximo, um desabafo (indetectável pelo bafômetro). Talvez um protesto! Mais uma vez nosso Legislativo – repleto de mentes brilhantes e discursos impecáveis – se puxou. Querem acabar com o álcool na cidade! É isso mesmo. Perguntam se eu bebi? Não. Soubessem eles, os nobres vereadores, que estão cavando a própria cova, jamais cogitariam em tamanha afronta. Afinal é o álcool (assim como o futebol, as novelas, o carnaval e o facebook) que sustenta os seus mandatos. Não fosse assim, quem estaria disposto a bancar – ano após ano, mandato após mandato – levas e levas de homens e mulheres improdutivos, por vezes despreparados ética e intelectualmente? Quem toleraria a indecifrável “sopa de letrinhas” das siglas partidárias, envoltas na já conhecida promiscuidade política? Quem aceitaria canalizar os (alegados) parcos recursos públicos para perpetuar os benesses de inúmeros CCs e FGs que pouco mais fazem do que tremularem as bandeirolas ao longo da Avenida em período de campanha eleitoral? Não fosse o efeito do álcool no cérebro do contribuinte, muitas licitações duvidosas seriam tiradas a limpo. Graças ao álcool, a precariedade dos serviços públicos e o vergonhoso descaso do Estado pela vida das pessoas são relevados. A cerveja, o vinho, o licor, a cachaça, a caipirinha são todos eles poderosos agentes contrarrevolucionários. A eventual fúria que provocam é fogo de palha. Incapazes de moverem a história. No máximo, embalam as poesias e cantigas dos boêmios. Mais fácil um cavalo (nesta cidade não tem camelos) passar pelo fundo de uma agulha do que ver um bêbado revolucionário. Por que mesmo acabar ou diminuir com o consumo do álcool? É ele quem mata? É ele quem rouba? É ele quem atropela? É ele quem sonega? É ele quem tripudia? Não. A escassez ética, o relativismo doentio, a improbidade administrativa, o peculato, a malversação de recursos públicos, bem como um rol interminável de crimes e delitos praticados não apenas por agentes públicos, mas pelo mais simples mortal, nascem não do álcool, mas das relações cada vez mais carcomidas pela sede de poder, mesmo que disfarçada, onde o Parlamento mais do que um símbolo, é um triste e asqueroso exemplo. Relações que prosperam, feito moscas no esterco, alimentadas pela impunidade, falta de celeridade, incompetência e absoluta indiferença quanto à sorte da população, especialmente a mais pobre. Impérios e ditaduras devem ao álcool sua longevidade. Ele embriaga o corpo e arrefece a dor. Ópio do povo, dizia Marx. Lembram? Provavelmente não, pois neste Município educação – assim como segurança, saúde, saneamento, transporte, etecetera e tal – é tão rara e precária quanto o são as ações positivas e práticas nascidas de nosso Legislativo. Verdadeiro Saara. Para aguentar, só bebendo! Vai uma cerveja (sem álcool) aí? 

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