SEQUESTRO
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB),
oficializada em 20 de dezembro de 1996, trouxe importantes e positivas mudanças
no que tange ao ensino neste país. Tensionou o Poder Público e a sociedade
civil na busca de uma educação, de fato, universal e comprometida com a
qualidade. Alavancou novos paradigmas. Ao
menos em tese, pois, infelizmente, na prática, a educação neste país –
principalmente pública – segue muito aquém do aceitável. Recursos em quantidade
insuficiente e mal aplicados, prédios sucateados, professores mal pagos,
metodologias equivocadas, são apenas alguns dos fatores que acabam por produzir
os pífios resultados por nós conhecidos. Não bastasse o flagrante
descumprimento por parte do Poder Público (em todas as esferas: federal,
estadual e municipal) no que tange ao texto constitucional, texto este que
exige uma educação de qualidade, agora vem o Estado a nos obrigar a matricular
nossas crianças na Educação Infantil a partir dos quatro anos de idade. Quatro
anos!!! Não bastasse tamanha insanidade, impõe aos pequenos (quatro anos!!!)
uma carga horária estúpida de não menos do que duzentos dias letivos e
oitocentas horas. Obriga, ainda, a uma frequência não inferior a sessenta por
cento da carga estipulada. Irresponsável tal exigência. Primeiro porque arranca
das famílias, de forma compulsória e violenta, nossos filhos e filhas e os
enfia nos estabelecimentos sucateados, onde o que menos viceja é segurança e
qualidade no atendimento. Ora, o mesmo Estado que criou tamanha anomalia é o
Estado que sequer dá conta dos demais níveis: Ensinos Fundamental e Médio.
Apesar de “universalizados” – em especial o Fundamental – os referidos níveis,
sabidamente, não se mostram capazes de formarem os educandos nem sob o ponto de
vista cognitivo, nem tampouco sob os pontos de vista afetivo ou laboral, por
exemplo. O Brasil como um todo tem formado levas e mais levas de sujeitos
despreparados para a vida. As avaliações – mesmo aquelas levadas a cabo por
instituições governamentais – revelam dados preocupantes e assustadores. Não
por acaso, vem crescendo o número de famílias que defendem o direito de, elas
próprias, arcarem com o papel reservado, inicialmente, à escola. Mesmo que a
guisa da lei, a opção acima revela a total descrença em relação ao modelo –
equivocado e fracassado – de ensino neste país. Entra ano e sai ano, entra
governo e sai governo, a educação vai de mal a pior. Portanto, a alteração da
LDB, passando a antecipar a obrigatoriedade da matrícula da criança a partir
dos quatro anos, e não mais aos seis, causa estranheza. Corre-se o risco da
perda da infância. Esta passa a ser “institucionalizada” por um ente
historicamente incompetente, omisso, falho, quando não corrupto e destituído de
qualquer sinal de ética. Sequestra-se a criança. Verdadeiro atentado a um
direito natural das famílias. Ora, a Educação Infantil (de zero a seis anos
incompletos) deve ter, isto sim, um caráter de “oferta” do Poder Público às
famílias que, por algum motivo, não possam ou não queiram estar com a criança.
Assim, a prole de quem precisa trabalhar ou então aquelas crianças em estado de
vulnerabilidade, por exemplo, têm um local onde permanecer. Contudo, soa como
tirano olvidar aquelas famílias que não precisam e não desejam colocar seus
mancebos em instituições voltadas ao atendimento da Educação Infantil. Urge uma
reflexão profunda acerca do assunto, sob o risco de perdas e sequelas
irreversíveis para a infância e para as relações familiares como um todo.
Veja ainda:
http://www.institutosaofrancisco.com.br/site/artigos_visualizar.php?artigo_autenticacao_=a0dd25e25ee3c27f016c54a19e61e828
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Fantástico seu texto sor, mas o que gostaria de compartilhar mesmo é que a infância já está perdida a muito tempo, desde o momento em que nossas crianças vêm pensando em relações sexuais até o ponto em que suas novas "brincadeiras" retratam o vandalismo. O mais triste de todo esse ponto é que muitas empresas usam da ignorância, resultado de quem estudou em alguma escola pública que se enquadra no perfil que o senhor falou, como forma de manter a pessoa presa ao negócio, sendo brutalmente explorado sem a iniciativa de protestar pelos seus direitos.
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