PROFESSOR
Prof. Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Ser professor neste país é, por um lado,
algo inglório. Uma profissão marcada por incontáveis e complexos problemas.
Escolas precarizadas, péssimas condições de trabalho, indisciplina escolar,
descompromisso das famílias, salários vexatórios, falta de reconhecimento
social (discurso não é suficiente…), políticas públicas equivocadas ou
inexistentes, sindicatos fragilizados pelos mesmos vícios que alegam combater…
Enfim, um infindável rol de intempéries e dissabores. Como nada é tão ruim que
não possa piorar, a pandemia agravou – ainda mais – o quadro. Por outro lado,
ser professor é extraordinariamente maravilhoso… Há cerca de vinte e oito anos
(com um pé na aposentadoria…) leciono, seja em escolas privadas (desde 1992),
ou públicas (a partir de 1994), sempre com uma jornada de trabalho extenuante,
como forma de garantir uma renda minimamente suficiente para garantir à família
(sim, professor tem família!) algum conforto, ainda que singelo. Durante todo
esse tempo, passaram por este velho professor milhares de alunos e alunas,
incontáveis pais, muitos colegas de profissão… Sem dúvida, as boas lembranças
superam, de longe, as más. Muito mais aprendi do que ensinei. Aprendi que não
se faz boa educação sem formação de vínculos, estes imprescindíveis no processo
ensino-aprendizagem. Quantas relações firmadas e assentadas no afeto, no
respeito, na cobrança (quem ama, exige…), na partilha. Quantos homens e
mulheres forjados no ambiente da escola. Feito estrelas, estão por aí,
brilhando como acadêmicos, pais, profissionais de toda ordem. Espero que, acima
de tudo, brilhando como cidadãos questionadores sobre si mesmos e sobre o mundo
confuso e turbulento que os (nos) rodeia. Ser professor é teimar em acreditar
na possibilidade de mudarmos o status quo perverso que alija a maior
parte de nossa gente. É crer no poder da educação como ferramenta de
transformação social e subversão de uma (des)“ordem” que aliena, cria e reforça
a desigualdade entre as pessoas. É debater-se contra um Estado que,
historicamente, anda de mãos dadas com uma elite boçal, atrasada e acostumada a fazer do bem público algo privado. É tensionar as famílias a assumirem seu
compromisso como principais responsáveis pela formação ética do sujeito.
Parafraseando um célebre escritor, o professor é, antes de tudo, um forte! Mais
do que isso, é um “norte” em meio ao encapelado mar, onde as enormes ondas da
desesperança, da indiferença, do preconceito, do autoritarismo – ainda que sob
uma roupagem de democracia – se lançam contra a poesia que nasce do coração
daqueles que creem e lutam por dias menos sombrios. Um abraço no coração de
todos meus alunos e ex-alunos, e em especial no de meus colegas de profissão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário