SERVIDORES, NÃO SUBSERVIENTES!
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Vergonha, humilhação, tristeza, desrespeito... A
lista de expressões associadas à situação dos servidores públicos do Executivo,
no estado do Rio Grande do Sul, parece interminável. Verdadeira “crônica da
morte anunciada”, sem, contudo, o romantismo e elegância da Obra original. A
crise econômica – talvez falimentar –, associada à crise política, é inegável e
compreensível (não, necessariamente, justificável...), precariedade esta
intimamente associada, também, ao contexto econômico e político mundial e nacional.
Porém, o que soa como inaceitável é jogar sobre o colo dos servidores os
efeitos colaterais da referida crise. As “saídas” encontradas pelo governo gaúcho
são não apenas patéticas, mas revelam um misto de incompetência e
insensibilidade. A má gestão, a confusão entre público e privado, a
transformação do Estado em balcão de negócios, o uso da máquina pública para
alimentar interesses espúrios individuais e/ou de grupos e tantos outros
conhecidos vícios há muito entranhados nas estruturas do Poder são, por certo,
antigos, maculando a história deste arremedo de República. Por outro lado, deixar
de enfrentar – sob a desculpa de um passado inglório – os problemas e demandas
da sociedade hodierna, buscando respostas efetivas, concretas e duradouras, representa
um ato de covardia. Assim, o que se espera de um gestor é sim capacidade para
superação das intempéries surgidas ao longo do caminho. Espera-se dele iniciativa,
honestidade, equilíbrio, ética, firmeza, isonomia, inteligência... Espera-se
dele planejamento, trabalho árduo, coerência, compromisso com a verdade e
cumprimento das promessas firmadas em período de campanha. Espera-se dele
sensatez, hombridade, habilidade e destreza política... Espera-se dele espírito
público e respeito os nobres valores que norteiam qualquer Constituição
democrática. Falta ao Rio Grande do Sul um gestor à altura de nossas
necessidades. Falta aos gaúchos um verdadeiro Estado democrático de Direito. A
Magna Carta tem sido diuturnamente rasgada por aqueles que, sob juramento,
prometeram respeitá-la. Executivo, Legislativo e Judiciário, em todas as
esferas e níveis, ferem os princípios mais elementares da democracia, fazendo
destas terras verdadeira pocilga onde, em meio à lama da corrupção e da defesa
de privilégios mesquinhos, se locupletam em detrimento do interesse coletivo. Somos
o país das desigualdades, o estado das políticas públicas fracassadas e capengas,
o município da politicagem lesiva e perniciosa. Por aqui, o velho e conhecido
ditado onde se diz que a “corda arrebenta no lado mais fraco” é reeditado a
cada fração de segundos. Faltou dinheiro para “fechar as contas” do governo?
Fácil, parcela os salários dos servidores, aumenta a já extorsiva carga
tributária e reduz as já parcas verbas da educação, saúde e segurança, por
exemplo. Macabra e perversa matemática, cujo resultado todos conhecemos:
recessão, desemprego, falta de leitos nos hospitais, escolas sucateadas,
superlotação dos presídios, precária infraestrutura e tantas outras pragas que
nos envergonham e adoecem. Como servidores, urge sairmos em defesa do Plano de
Carreira – desde que justo e sensato, sem devaneios corporativistas que lesam o
interesse público e afrontam o contribuinte –, bem como lutarmos pela qualidade
do serviço prestado à população. Urge sairmos em defesa do pagamento em dia,
direito este inalienável e indispensável à sobrevivência dos servidores e suas
famílias. Urge mostrarmos nossa força ante o descaso do Poder Público frente às
necessidades de nossa gente. Urge apontarmos as incoerências de um governo que
prega “austeridade”, mas que perpetua práticas de apadrinhamento
político-partidário. Urge mobilizarmos a população (trabalhadores,
desempregados, estudantes, donas de casa) em defesa dos interesses
verdadeiramente nacionais, regionais e municipais. Urge resistirmos às
investidas e afrontas morais, ideológicas, belicistas e midiáticas que buscam
denegrir a imagem do servidor. Vamos à luta!
É muito triste chegarmos a este ponto. A luta é muito válida!
ResponderExcluirTudo bem? Saudades de ti. Infelizmente, são tempos difíceis os nossos, onde a pessoa humana pouco ou nada vale, onde o Estado - ente que deveria existir, fundamentalmente, para servir à população - viola os princípios mais elementares do Direito. Preocupa o presente, enquanto o futuro soa como incerto e nada convidativo. Forte abraço deste eterno amigo.
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