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quinta-feira, 3 de setembro de 2015

SERVIDORES, NÃO SUBSERVIENTES !


SERVIDORES, NÃO SUBSERVIENTES!
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                Vergonha, humilhação, tristeza, desrespeito... A lista de expressões associadas à situação dos servidores públicos do Executivo, no estado do Rio Grande do Sul, parece interminável. Verdadeira “crônica da morte anunciada”, sem, contudo, o romantismo e elegância da Obra original. A crise econômica – talvez falimentar –, associada à crise política, é inegável e compreensível (não, necessariamente, justificável...), precariedade esta intimamente associada, também, ao contexto econômico e político mundial e nacional. Porém, o que soa como inaceitável é jogar sobre o colo dos servidores os efeitos colaterais da referida crise. As “saídas” encontradas pelo governo gaúcho são não apenas patéticas, mas revelam um misto de incompetência e insensibilidade. A má gestão, a confusão entre público e privado, a transformação do Estado em balcão de negócios, o uso da máquina pública para alimentar interesses espúrios individuais e/ou de grupos e tantos outros conhecidos vícios há muito entranhados nas estruturas do Poder são, por certo, antigos, maculando a história deste arremedo de República. Por outro lado, deixar de enfrentar – sob a desculpa de um passado inglório – os problemas e demandas da sociedade hodierna, buscando respostas efetivas, concretas e duradouras, representa um ato de covardia. Assim, o que se espera de um gestor é sim capacidade para superação das intempéries surgidas ao longo do caminho. Espera-se dele iniciativa, honestidade, equilíbrio, ética, firmeza, isonomia, inteligência... Espera-se dele planejamento, trabalho árduo, coerência, compromisso com a verdade e cumprimento das promessas firmadas em período de campanha. Espera-se dele sensatez, hombridade, habilidade e destreza política... Espera-se dele espírito público e respeito os nobres valores que norteiam qualquer Constituição democrática. Falta ao Rio Grande do Sul um gestor à altura de nossas necessidades. Falta aos gaúchos um verdadeiro Estado democrático de Direito. A Magna Carta tem sido diuturnamente rasgada por aqueles que, sob juramento, prometeram respeitá-la. Executivo, Legislativo e Judiciário, em todas as esferas e níveis, ferem os princípios mais elementares da democracia, fazendo destas terras verdadeira pocilga onde, em meio à lama da corrupção e da defesa de privilégios mesquinhos, se locupletam em detrimento do interesse coletivo. Somos o país das desigualdades, o estado das políticas públicas fracassadas e capengas, o município da politicagem lesiva e perniciosa. Por aqui, o velho e conhecido ditado onde se diz que a “corda arrebenta no lado mais fraco” é reeditado a cada fração de segundos. Faltou dinheiro para “fechar as contas” do governo? Fácil, parcela os salários dos servidores, aumenta a já extorsiva carga tributária e reduz as já parcas verbas da educação, saúde e segurança, por exemplo. Macabra e perversa matemática, cujo resultado todos conhecemos: recessão, desemprego, falta de leitos nos hospitais, escolas sucateadas, superlotação dos presídios, precária infraestrutura e tantas outras pragas que nos envergonham e adoecem. Como servidores, urge sairmos em defesa do Plano de Carreira – desde que justo e sensato, sem devaneios corporativistas que lesam o interesse público e afrontam o contribuinte –, bem como lutarmos pela qualidade do serviço prestado à população. Urge sairmos em defesa do pagamento em dia, direito este inalienável e indispensável à sobrevivência dos servidores e suas famílias. Urge mostrarmos nossa força ante o descaso do Poder Público frente às necessidades de nossa gente. Urge apontarmos as incoerências de um governo que prega “austeridade”, mas que perpetua práticas de apadrinhamento político-partidário. Urge mobilizarmos a população (trabalhadores, desempregados, estudantes, donas de casa) em defesa dos interesses verdadeiramente nacionais, regionais e municipais. Urge resistirmos às investidas e afrontas morais, ideológicas, belicistas e midiáticas que buscam denegrir a imagem do servidor. Vamos à luta!

2 comentários:

  1. É muito triste chegarmos a este ponto. A luta é muito válida!

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  2. Tudo bem? Saudades de ti. Infelizmente, são tempos difíceis os nossos, onde a pessoa humana pouco ou nada vale, onde o Estado - ente que deveria existir, fundamentalmente, para servir à população - viola os princípios mais elementares do Direito. Preocupa o presente, enquanto o futuro soa como incerto e nada convidativo. Forte abraço deste eterno amigo.

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