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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

MERETRÍCIO PARTIDÁRIO


MERETRÍCIO PARTIDÁRIO
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                Já, de antemão, peço escusas às “profissionais do sexo” pela comparação, mas Brasília há muito se tornou num enorme e malcheiroso bordel, onde a prostituição corre solta. Não a do tipo clássico, onde o sexo – quase sempre mal pago – é a principal mercadoria. O prostíbulo encravado no Planalto Central é o da pior e mais vergonhosa espécie, onde homens e mulheres vendem, alugam e permutam a própria consciência. Fazem “ponto” nos corredores e gabinetes, sem nenhuma parcimônia ou vestígio de decência. Enfiados em seus ternos finos, modelitos Versace e Prada ou togas negras, corrompem e se deixam corromper, num misto de escárnio e descaso com o populacho. Apesar dos perfumes caros, não conseguem disfarçar o cheiro de murrinha resultante da propina, do dinheiro fácil e dos incontáveis cadáveres que, teimosa e incessantemente, cobram a trágica morte nascida da violência urbana, da falta de leitos hospitalares, do vergonhoso transporte público, das estradas mal conservadas, das sentenças mal proferidas, da fome e da falta de esperança. Cheiram a sangue coagulado de inocentes: crianças, jovens, idosos, pais e mães de família. Ainda assim, não são poucos os que topam um “programa” com tamanhas aberrações paridas pelo arremedo de República. Lobistas, banqueiros, empreiteiros, fazendeiros, empresários, traficantes... Apesar de “rapidinha”, a relação traz profundas e imensuráveis consequências para quem mantém e sustenta o bordel: o contribuinte. Os recursos que escoam pelas pernas dos “gigolôs” e “marafonas” de Brasília, mal cabendo em suas cuecas e calcinhas, são os mesmos que faltam à educação, à moradia popular, à reforma agrária e aos mais diversos programas sociais. Há muito, os partidos políticos no Brasil mais fazem lembrar as vitrines de Amsterdã, onde as prostitutas expõem seus “dotes” aos transeuntes. Por aqui, não são poucos os “representantes do povo” que se oferecem a quem estiver disposto a gastar algumas patacas. Trocam de “vitrine” como quem troca de roupa, sem nenhum escrúpulo, até porque – no fundo – todas aquelas siglas se parecem. Um emaranhado de letrinhas, sem sentido, sem conteúdo, sem ética. Apenas letrinhas, confusas e mesquinhas. Quase toda legenda tem seu preço, verdadeiro balcão de negócios. Parlamentares trocam de “parceiros” sem ruborizarem. Pulam de galho em galho, conforme a direção do cheiro familiar das cédulas maculadas pela perfídia e odiosa escassez de espírito público. Lambuzam os beiços com o sêmen do inferno e tergiversam, dando as costas à maioria dos eleitores. O bordel, ainda quando em recesso, exala o nauseante cheiro do coito ímprobo e indigno, apesar do esforço do séquito formado de bajuladores comissionados que vivem de mamar nas tetas do Estado. Trabalham pouco ou quase nada os “rufiões” e “meretrizes” da capital federal. Pudera, cobram caro pela influência que exercem nas Comissões e Plenárias. Quando na tribuna, ante a forma fálica do microfone, usam do discurso e do poder do voto para a defesa, não raras vezes, de interesses espúrios e abjetos. Lançam mão da caneta para a elaboração de leis confusas e, muito comumente, inócuas, inflacionando, ainda mais, o dito ordenamento jurídico que onera quem, de fato, produz. Aceleram ou retardam Projetos de Lei conforme suas conveniências, ainda que em detrimento do interesse público. Prostituem-se em nome da suposta governabilidade ou, quando se sentem traídos, assumem ares de oposição, contudo sem deixar de lado os mesmos trejeitos e vícios de quem condenam. Rameira por rameira, há de se preferir as do tipo Madame de Pompadour, ao menos mais original e interessante do que as que gorjeiam por aqui.



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