MERETRÍCIO PARTIDÁRIO
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Já, de antemão, peço escusas às “profissionais do
sexo” pela comparação, mas Brasília há muito se tornou num enorme e malcheiroso
bordel, onde a prostituição corre solta. Não a do tipo clássico, onde o sexo –
quase sempre mal pago – é a principal mercadoria. O prostíbulo encravado no
Planalto Central é o da pior e mais vergonhosa espécie, onde homens e mulheres
vendem, alugam e permutam a própria consciência. Fazem “ponto” nos corredores e
gabinetes, sem nenhuma parcimônia ou vestígio de decência. Enfiados em seus
ternos finos, modelitos Versace e Prada ou togas negras, corrompem e se
deixam corromper, num misto de escárnio e descaso com o populacho. Apesar dos
perfumes caros, não conseguem disfarçar o cheiro de murrinha resultante da
propina, do dinheiro fácil e dos incontáveis cadáveres que, teimosa e
incessantemente, cobram a trágica morte nascida da violência urbana, da falta
de leitos hospitalares, do vergonhoso transporte público, das estradas mal
conservadas, das sentenças mal proferidas, da fome e da falta de esperança. Cheiram
a sangue coagulado de inocentes: crianças, jovens, idosos, pais e mães de
família. Ainda assim, não são poucos os que topam um “programa” com tamanhas
aberrações paridas pelo arremedo de República. Lobistas, banqueiros,
empreiteiros, fazendeiros, empresários, traficantes... Apesar de “rapidinha”, a
relação traz profundas e imensuráveis consequências para quem mantém e sustenta
o bordel: o contribuinte. Os recursos que escoam pelas pernas dos “gigolôs” e “marafonas”
de Brasília, mal cabendo em suas cuecas e calcinhas, são os mesmos que faltam à
educação, à moradia popular, à reforma agrária e aos mais diversos programas
sociais. Há muito, os partidos políticos no Brasil mais fazem lembrar as
vitrines de Amsterdã, onde as prostitutas expõem seus “dotes” aos transeuntes. Por
aqui, não são poucos os “representantes do povo” que se oferecem a quem
estiver disposto a gastar algumas patacas. Trocam de “vitrine” como quem troca
de roupa, sem nenhum escrúpulo, até porque – no fundo – todas aquelas siglas se
parecem. Um emaranhado de letrinhas, sem sentido, sem conteúdo, sem ética. Apenas
letrinhas, confusas e mesquinhas. Quase toda legenda tem seu preço, verdadeiro
balcão de negócios. Parlamentares trocam de “parceiros” sem ruborizarem. Pulam
de galho em galho, conforme a direção do cheiro familiar das cédulas maculadas pela
perfídia e odiosa escassez de espírito público. Lambuzam os beiços com o sêmen
do inferno e tergiversam, dando as costas à maioria dos eleitores. O bordel,
ainda quando em recesso, exala o nauseante cheiro do coito ímprobo e indigno,
apesar do esforço do séquito formado de bajuladores comissionados que vivem de
mamar nas tetas do Estado. Trabalham pouco ou quase nada os “rufiões” e “meretrizes”
da capital federal. Pudera, cobram caro pela influência que exercem nas
Comissões e Plenárias. Quando na tribuna, ante a forma fálica do microfone,
usam do discurso e do poder do voto para a defesa, não raras vezes, de
interesses espúrios e abjetos. Lançam mão da caneta para a elaboração de leis
confusas e, muito comumente, inócuas, inflacionando, ainda mais, o dito
ordenamento jurídico que onera quem, de fato, produz. Aceleram ou retardam
Projetos de Lei conforme suas conveniências, ainda que em detrimento do
interesse público. Prostituem-se em nome da suposta governabilidade ou, quando se
sentem traídos, assumem ares de oposição, contudo sem deixar de lado os mesmos
trejeitos e vícios de quem condenam. Rameira por rameira, há de se preferir as
do tipo Madame de Pompadour, ao menos
mais original e interessante do que as que gorjeiam por aqui.
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