MALHANDO TRIGO NO LAGAR?
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Lugar de malhar trigo era na eira, lugar amplo e
arejado, para que as impurezas fossem lançadas para longe, ficando somente o
que era bom. O lagar, por outro lado, constituía-se num lugar escuro, escondido
e de acesso bastante limitado, onde a uva era pisada. Assim como Gideão, um dos
“juízes” de Israel, muitos são os que escondem sua autoridade nos “lagares” da
vida. Pais, mães, educadores e educadoras, por exemplo, demonstram medo de
exercerem o papel de ascendência que deles se espera. Autoridade esta que, por
óbvio, não se confunde com tirania ou autoritarismo. Como o personagem bíblico,
muitos são os genitores e professores que, acuados e amedrontados, parecem
duvidar do “chamado” ético que lhes diz respeito. A visão turva, coberta pela
catarata de um falso conceito de “modernidade”, tem colocado em risco gerações
inteiras, estas cada vez mais presas ao terreno movediço das drogas, do engodo,
da leviandade, do desrespeito, da indisciplina, da preguiça e, muito comumente,
da criminalidade. O temor ou inabilidade de malhar o trigo na eira, às claras,
portanto, tem levado muitos a optarem pelo breu dos lagares escorregadios, onde
o artifício do relativismo doentio busca justificar o injustificável. Assim, malcriação,
mentira, furto, agressão física, ofensa moral, consumo de álcool e de entorpecentes
são vistas e tratadas com leniência, como se naturais e aceitáveis fossem. Apoiados
em algumas teorias “psicanalíticas” e “pedagógicas” insanas e irresponsáveis, acabam
muitos pais e professores, por exemplo, fazendo vistas grossas ao problema. Delegam
ao “tempo” a responsabilidade que lhes é inerente, o mesmo tempo que muito
provavelmente irá mostrar, ainda que tardiamente, o quanto estavam errados.
Ora, o tempo, por si só, não educa. Somente ações efetivas, posturas
exemplares, modelos seguros e confiáveis, palavras firmes, cobranças permanentes
e salutar cumplicidade com a sorte dos rebentos são capazes de educar. O amor
exigente é que educa, ao contrário da condescendência cega. Assim como não
basta o vento para separar o trigo de sua casca, soa como ingênuo lançar sobre
o tempo a educação de nossas crianças e jovens. Malhar o trigo exige
disposição, iniciativa, bem como trabalho duro e persistente. Educar, da mesma
forma. A casca, assim como as dificuldades e tendências talvez “inatas” do ser
humano, precisa ser “malhada”. Negá-la ou mantê-la como se útil fosse para o uso
do trigo não parece razoável. O ato de educar não deve ser terceirizado, mas
assumido com responsabilidade. Pais não têm o direito ético, moral e legal de
lançarem sobre os ombros de outrem a obrigação que lhes compete. A escola e o
Poder Público, da mesma forma, resguardadas as atribuições de cada um. Urge
colocarmos a educação de nossas crianças e adolescentes na eira. Abandonemos o covarde
papel inicial de Gideão, mas como ele, viremos o jogo e, de forma corajosa,
vençamos a difícil, porém necessária, peleja em prol daqueles quem mais amamos.
Veja também:
http://www.institutosaofrancisco.com.br/site/artigos_visualizar.php?artigo_autenticacao_=940ecc768099e35917344cd69eef5774
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Exelente texto! Ações que não contribuem em nada para a educação. Até que ponto esta história de esperar o tempo de cada um realmente contribui para o crescimento.
ResponderExcluirAbraços
Como estás? A família, bem? Infelizmente, não são poucos os pais,por exemplo, que parecem esperar que a sorte, o acaso ou algo do além eduque seus filhos. Urge assumirmos nosso papel de pais/educadores, jamais abrindo mão da autoridade, pautando nossas ações no respeito, amor, coerência e compromisso com as gerações mais novas. Abraço saudoso.
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