PAI
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Domingo próximo, dia onze de agosto. Como tantas
outras, uma ótima oportunidade de fazer um afago no teu pai. Dizer-lhe o quanto
é importante, inflar seu ego com elogios, mesmo que exagerados. Professar e
confessar teu amor, mesmo que óbvio, por ele. Envolvê-lo num forte e
interminável abraço. Sentir seu cheiro, acariciar sua face e dividir com ele o
tempo aparentemente eterno, tempo que ali adiante, quiçá, se transformará em
saudade. Pedir que conte uma história ou mesmo uma daquelas piadas que só ele
ri, pois a graça das mesmas reside é no contato dos corpos, na troca de
olhares, no sorriso de quem narra e de quem ouve. Mais do que as palavras, o
que resistirá ao tempo é a lembrança do encontro, o jeito inconfundível do pai
dizer as coisas. Momento de gratidão por ser ele, teu pai, mais do que um
provedor, mas também teu herói e guardião. Agradecer-lhe pela vida, alimento,
segurança, lazer, abrigo... Pelas noites mal dormidas em face das tuas dores e
pesadelos noturnos. Desculpar-te pelas lágrimas, por vezes sorrateiras, que
provocaste. Submeter-te ao suave e amoroso jugo paterno, como sinal não de
fraqueza, mas de reconhecimento e aceitação de um nobre mandamento bíblico. Expor-lhe
e comungar com ele teus sonhos, mas também teus medos, anseios e, por que não,
alguns de teus segredos. Fazer memória da infância, tua e dele, nascendo daí um
oceano de boas gargalhadas. Ao fundo, o ritmo do coração a palpitar, bombeando
sonhos e juras de amor eterno. Dia dos Pais. Data para presentear? Também,
mesmo que uma “lembrancinha” em forma de cueca, lenço, gravata, loção... Grandes
ou pequenos, caros ou baratos, úteis ou não, artesanais ou “sonhos de consumo”,
no fundo o que conta é a oportunidade de estar junto, de calar na alma a singularidade
do encontro, onde abraços e beijos, assim como as palavras de carinho, têm
valor imensurável. Quanto aos pais que se foram, como o meu, fica a profunda e
indescritível saudade. Quantas coisas poderia ter-lhe dito e não o fiz? Quantas
oportunidades perdidas de traduzir meu amor e gratidão por ele através de
gestos e atitudes? Poderia ter amado mais... Poderia... Sorte tua que podes
conjugar o verbo noutro tempo. Aproveitas, portanto. Bem-aventurado és pela
oportunidade de não deixares passar em branco o dia de hoje. Seja cada momento,
filho(a), dedicado a teu PAI.
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