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terça-feira, 1 de março de 2022

Pensamentos de março (2022)

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A guerra na Ucrânia traz consigo a velha e surrada (mas sempre presente!) narrativa maniqueísta: os bons contra os maus. De um lado, a "democracia" simbolizada nos Estados Unidos e as Organizações que, em grande parte, dançam conforme a música do Tio Sam e, de outro, a Rússia do malvado Putin. No centro do tabuleiro, a Ucrânia, como donzela a ser protegida contra os avanços despudorados do pretendente que vem do Leste. Meus amados e amadas, o conflito que hoje está no topo das atenções da mídia internacional é muito mais complexo do que isso. Os interesses em jogo são inúmeros e a maior parte deles passa muito longe de nossa vil insignificância. Talvez a única certeza disso tudo seja o sofrimento da população civil, em especial, a menos favorecida. Sofre ela como sofreram os iraquianos quando dos ataques estadunidenses há alguns anos. Sofre ela como sofrem todos aqueles que, independentemente de questões étnicas, religiosas, políticas são vítimas da barbárie de governantes com os olhos voltados para o próprio umbigo e amancebados com poderosos grupos econômicos. A guerra na Ucrânia não é a primeira e nem tampouco será a última. Enquanto a ideia de "democracia" não passar de mera construção teórica e discurso vazio, continuaremos assistindo no conforto de nossos sofás (a guerra é "lá"..., por enquanto!) essa que é a mais escancarada face perversa do ser humano: a guerra! Beijo no coração de todos vocês.

Lendo 1 Samuel 8:4-19, onde o povo insiste para que seja dado a Israel um rei, em que pese todos os inconvenientes apontados, lembrei do Estado brasileiro: "o rei os tratará assim: tomará os filhos de vocês para serem soldados; porá alguns para servirem nos seus carros de guerra, outros na cavalaria e outros para correrem adiante dos carros (...). Os seus filhos terão de cultivar as terras dele, fazer as suas colheitas e fabricar as suas armas (...). As filhas de vocês terão de preparar os perfumes do rei e trabalhar como suas cozinheiras e padeiras. Ele tomará de vocês os melhores campos, plantações de uvas (...) e dará tudo aos seus funcionários. Ficará com a décima parte dos cereais e das uvas, para dar aos funcionários da corte (....). Tomará também (...) o melhor gado e os melhores jumentos (...). E ficará com a décima parte do rebanho de vocês. E vocês serão seus escravos. Quando isso acontecer, vocês chorarão amargamente por causa do rei que escolheram (...)". Quantas semelhanças, heim? Percebe-se o quão antigo e grave é um Estado que, ao invés de servir, serve-se da população, um Estado que dá as costas para os que mais precisam, um Estado que, feito porco na pocilga, suja suas mãos com a corrupção, um Estado que, tal meretriz na busca de dinheiro, deita-se no leito dos que, em nome do próprio deleite, olvidam o interesse coletivo. Nossa história tem sido marcada por um Estado que, no frigir dos ovos, não passa de um arremedo de democracia. O "espírito republicano" é tão somente um punhado de letras mortas, mero discurso ressuscitado em tempos de campanha ou quando da verborreia saída de uma magistratura despreparada e muito mal intencionada. Até quando seguiremos escolhendo e sustentando o "rei"? Até quando seguiremos reféns das organizações criminosas que há muito se apossaram das tribunas parlamentares, gabinetes do Executivo e tribunais? Reflitamos e, no mínimo, façamos do voto uma ferramenta de mudança para, quiçá, um dia termos um verdadeiro "rei", um Estado de fato. Beijo no coração!

Outro dia, assisti um vídeo de uma grande atriz, onde disse, dentre outras coisas, que precisamos atentar para aquilo que a pessoa fala, pois o que fala é o que a pessoa é... Será? Entendo que não. O que a pessoa fala pode ser, quando muito, uma pista, um indício daquilo que é. Acredito, isso sim, que o que nos define não é a palavra, mas sobretudo nossa ação. Como lidamos com as pessoas, com nossas obrigações, desejos, angústias, problemas? Somos mais o que fazemos do que aquilo que dizemos. Casas, escolas, empresas, repartições públicas, conselhos de toda ordem, associações, partidos, tribunais, câmaras legislativas... Não há lugar onde não sobejam discursos bem elaborados completamente dissociados das práticas esperadas. Acho que estou velho! A paciência, por vezes confundida com condescendência, tem sido cada vez mais escassa quando diante da interminável verborragia, quase sempre lantejoulada por jargões professorais e falsa epistemologia (pois que vazia de resultado).

O caso do Deputado Federal que vem se escondendo no covil parlamentar, sob a pretensa "inviolabilidade" (ou será "impunidade"?) da Casa é o mais puro retrato deste país. De um lado um Parlamento (assim como dos estados e municípios) desacreditado, eivado dos piores vícios possíveis numa sociedade. De outro, um arremedo de Judiciário, onde as indicações políticas prevalecem sobre o mérito e a ética. O litígio faz lembrar um cabo de guerra tensionado entre o mal cheiroso e o fedorento! Assistindo, fica o contribuinte a bancar essa balbúrdia toda. É, meus amigos e amigas, este triste e vergonhoso poço parece não ter fundo... Beijo no coração!


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