O SACRIFÍCIO DE ISAQUE
Prof. Gilvan
Teixeira
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Passado algum tempo, Deus pôs
Abraão à prova, dizendo-lhe: "Abraão!" Ele respondeu: "Eis-me aqui". Então disse
Deus: "Tome seu filho, seu único filho, Isaque, a quem você ama, e vá para
a região de Moriá. Sacrifique-o ali como holocausto num dos montes que lhe
indicarei". Na manhã seguinte,
Abraão levantou-se e preparou o seu jumento. Levou consigo dois de seus servos
e Isaque seu filho. Depois de cortar lenha para o holocausto, partiu em direção
ao lugar que Deus lhe havia indicado. No
terceiro dia de viagem, Abraão olhou e viu o lugar ao longe. Disse ele a seus servos: "Fiquem aqui com o
jumento enquanto eu e o rapaz vamos até lá. Depois de adorarmos,
voltaremos". Abraão pegou a lenha
para o holocausto e a colocou nos ombros de seu filho Isaque, e ele mesmo levou
as brasas para o fogo, e a faca. E caminhando os dois juntos, Isaque disse a seu pai Abraão: "Meu pai!"
"Sim, meu filho", respondeu Abraão. Isaque perguntou: "As brasas
e a lenha estão aqui, mas onde está o cordeiro para o holocausto?".
Respondeu Abraão: "Deus mesmo há de prover
o cordeiro para o holocausto, meu filho". E os dois continuaram a caminhar
juntos. Quando chegaram ao lugar que Deus
lhe havia indicado, Abraão construiu um altar e sobre ele arrumou a lenha.
Amarrou seu filho Isaque e o colocou sobre o altar, em cima da lenha. Então estendeu a mão e pegou a faca para sacrificar seu
filho. Mas o Anjo do Senhor o chamou do
céu: "Abraão! Abraão!" "Eis-me aqui", respondeu ele.
"Não toque no rapaz", disse o Anjo.
"Não lhe faça nada. Agora sei que você teme a Deus, porque não me negou
seu filho, o seu único filho." Abraão
ergueu os olhos e viu um carneiro preso pelos chifres num arbusto. Foi lá,
pegou-o e sacrificou-o como holocausto em lugar de seu filho. Gênesis 22:1-13
O que dizer acerca da narrativa acima? O sacrifício
de Isaque, ao que tudo indica, era uma demonstração de inabalável fé. Apesar do
amor por seu filho, Abraão não titubeou ao levar o rebento à Moriá. A atitude
do Patriarca rendeu-lhe incontáveis frutos, fazendo dele – até os dias de hoje
– referência de fé entre inúmeras denominações religiosas. Quanto a nós? Quais
têm sido nossos sacrifícios? Para onde temos levado e oferecido nosso Isaque?
São outros tempos, outras intenções, outras consequências. O que vemos é nosso
Isaque abandonado à própria sorte, estendido sobre a pedra fria, enquanto a
lâmina certeira do cutelo desce, violentamente, em direção à cabeça do
holocausto. Sacrifício para quem? Para quê? Pelo visto, não sabemos. Quanto
deve ter sido difícil para Abraão a interminável travessia até o local do
sacrifício. Quanta coisa deve ter passado pela cabeça do Patriarca: lembranças,
planos, dúvidas... Três dias de aflição. Contudo, a confiança do “pai de muitas
nações” parecia superar tudo aquilo: "Deus
mesmo há de prover o cordeiro para o holocausto, meu filho". Nosso
Isaque, ao contrário, tem sido destinado ao sacrifício sem que percebamos. São
anos caminhando a esmo, à espreita da morte. As cabeças curvadas, atentas à
tela do celular, parecem anestesiadas, tornando-os, pai e filho, insensíveis
aos inúmeros perigos da estrada. Movido pela “proteção” doentia, que aniquila a
autonomia e priva o rebento das ferramentas necessárias à vida, carregamos nós mesmos
a lenha, enquanto sobre os ombros de nosso Isaque depositamos, ainda que inconscientemente,
nossa mais profunda desatenção. Vamos, feito ébrios, tutor e tutelado,
serpenteando em meio ao caminho, sem perceber as feridas provocadas pelos espinhos
contaminados pelo pernicioso relativismo a mascarar o desprezo à vida. Mesmo o
sangue a verter pelo franzino corpo de nosso Isaque mostra-se insuficiente para
romper a letargia de quem por ele deveria zelar. Enquanto brotam e se
multiplicam os sinais de alguém que definha, prevalece a indiferença, ainda que
não intencional. Qual será o fim dessa história? A mesma do Patriarca? Quem há
de salvar nosso Isaque? Sob o comando de quem está o cutelo? Ajamos enquanto há
tempo!
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