LEVEDAR[1]
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Era uma vez um certo padeiro. Fazia não apenas pão,
mas operava milagres. Nascido e criado de forma humilde, tornou-se mais do que um
simples homem, mas um GRANDE HOMEM. Apesar das inúmeras dificuldades e
incontáveis obstáculos, tornou-se um exemplo de esposo, pai, padeiro e professor.
Mal sabia ele que, ao contrário do que pensava, muito mais ensinava do que
aprendia. Semanalmente, todas as quintas, lá estava ele, discreta e silenciosamente,
a depositar um enorme pão caseiro sobre a mesa da biblioteca. Duvidasse,
esquivava-se antes mesmo de receber um simples “obrigado”. Dava sem esperar
nada, absolutamente nada, em troca. O humilde gesto reacendia a chama de que é
possível construir um mundo melhor. O pão depositado por ele servia a todos,
independentemente de ideologias, tez partidária, posição hierárquica, etnia, gênero
ou credo. O pão parecia levedar o sentimento de partilha. Um a um, iam fatiando
o alimento, fazendo-o multiplicar. Foram dois anos (quatro semestres), distribuindo,
acima de tudo, a poderosa e genuína mensagem do amor e de seus frutos, cada vez
mais esquecidos. A partilha do pão é emblemática. Pressupõe despojamento,
perdão, equidade, solidariedade, empatia. É um ato de hombridade e humanidade. Não
por acaso, Cristo o dividiu e, antes d’Ele, o salmista fez menção aquele que dá
vigor ao homem. Antes de padeiro, professor! Quanta sabedoria por detrás da
ação singela. Eis aí o verdadeiro testemunho. O verdadeiro mestre convence
menos pela palavra do que pelo exemplo. Este sim é capaz de fomentar profundas
e avassaladoras mudanças. Seja a escola o espaço para levedura das grandes
transformações, onde, assim como o padeiro, aprendamos a amassar o pão. Arte
que exige técnica, paciência, confiança, esperança. Moldemos e nos deixemos
moldar. Sem pressa, soberba ou desconfiança quanto à capacidade do “outro” em
modificar-se ou nos modificar. A “massa” precisa estar para o padeiro, assim
como o barro para o oleiro. Trata-se não de uma relação desigual, mas, acima de
tudo, de uma necessária e produtiva cumplicidade, assentada no respeito, no diálogo
e no reconhecimento do “outro” como sujeito indispensável à nossa própria
existência. Meus parabéns ao Sr. Aury, e ao fazê-lo, parabenizo todos os
formandos do primeiro semestre de 2017 da EMEF Fidel Zanchetta. Deus nos
abençoe!
[1]
Texto em homenagem ao Sr. Aury, formando do Bloco 9aB (primeiro semestre de
2017), da EMEF Fidel Zanchetta.
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